sábado, 23 de agosto de 2008

PETRÓLEO - Lobão e o pré-sal.

Infelizmente em função das alianças temos que conviver com ministros como o Lobão, Unzer e outros.
Carlos Dória.


Tem faltado ao Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, conhecimento mais aprofundado sobre mecanismos financeiros modernos. Especialmente em um momento em que a exploração do pré-sal exigirá investimentos vultosos da Petrobrás e do país.

Duas edições atrás mostrei mecanismos capazes de permitir à Petrobrás se capitalizar e à União juntar recursos para bancar os programas paralelos necessários para viabilizar a exploração da bacia de Santos.

Haveria um processo de “unitização” do campo – transformando em um enorme condomínio. Pelas informações geológicas, é uma bacia só, de tal maneira que se torna impossível a cada concessionário definir qual o “seu” petróleo. Unitizando o campo, se calcularia sua capacidade total, o percentual que cabe a cada concessionário e o percentual que cabe à União.

A União, então, aportaria esse percentual à Petrobrás. Transferiria para a Petrobrás em troca de ações da companhia. Depois, ofereceria parte dessas ações aos minoritários, de acordo com o que determina a Lei das Sociedades Anônimas.

O dinheiro apurado na venda das ações permitiria constituir um fundo para bancar a política industrial e a capacitação de fornecedores que ajudarão na exploração da bacia.

A União não apenas não precisaria dispender um tostão agora, como conseguria antecipar parte do faturamento futuro. Tudo isso sem nenhum prejuízo da criação da Petrossal e da exploração dos demais campos existentes no pré-sal.

Em entrevista à “Folha”, Lobão rechaçou a proposta, argumentando que não lhe parece “realizável” ampliar a participação da União de 40 para 60%.

Diz ele que, para se tornar viável a proposta depende de 20% dos acionistas

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, rechaçou ontem a proposta atribuída à Petrobras de promover um aumento de capital da empresa de até US$ 100 bilhões para elevar a participação do capital da União na companhia de cerca 40% para 60%. "A proposta não me parece realizável", disse.

Lobão vê uma série de problemas na idéia. Em primeiro lugar, para se tornar viável, a proposta depende de 20% dos acionistas minoritários não subscreverem o direito que têm de aumentarem o seu capital. "A União só aumentaria o seu capital se os acionistas privados não exercessem seu direito. A minha pergunta é: alguém deixará de exercê-lo?"

E qual o problema? Definindo o preço justo, o minoritário adquirirá os papéis e pagará a União, que ficará com dinheiro em caixa.

“Além disso, Lobão também considera extremamente elevado o valor de US$ 40 bilhões que a União teria que dispor para manter os atuais 40% no capital total da Petrobras”, diz ele. Não entendeu nada. O aporte da União seria com seus ativos na própria bacia que será explorada. Não precisaria pagar um tostão.

No modelo apresentado, não haveria impacto sobre o déficit público, não se dependeria do orçamento público, haveria antecipação de receita e os aportes necessários para a Petrobrás poder alavancar mais investimento.

No fundo, se houver boa vontade do Ministro, não será necessário muito esforço para entender a lógica da operação.
Fonte: Blog do Nassif.

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