Rodrigo Martins
Em 1º de agosto, o presidente Lula recebeu das mãos de Adib Jatene o relatório final sobre As Causas Sociais das Iniqüidades em Saúde no Brasil. Elaborado pela Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), o documento de 216 páginas faz um mapeamento minucioso das desigualdades no acesso à assistência médica no País, com um alerta para a necessidade de reverter a fragmentação e sobreposição de políticas públicas no setor. E recomenda a criação de uma instância, no âmbito da Casa Civil, de articulação das ações setoriais para a promoção da saúde.
A proposta parte do diagnóstico de uma equipe multidisciplinar composta de 17 especialistas de destaque nas áreas médica e social. Com base em numerosos indicadores, raras vezes reunidos em um mesmo estudo, o grupo constata a dificuldade de o Brasil reduzir satisfatoriamente o passivo acumulado nos últimos 40 anos, marcados por um processo vigoroso de urbanização, acompanhado por índices de concentração de riqueza bastante acima da média mundial.
Nos anos 60, mais da metade dos brasileiros viviam no campo, que concentrava 55% da população economicamente ativa. Hoje, oito em cada dez brasileiros vivem nas áreas urbanas, 138 milhões de habitantes no total, ante 31 milhões no fim da década de 60. No curso do processo de industrialização vivido pela sociedade brasileira, o Produto Interno Bruto per capita passou de 2.060 dólares, em 1960, para 5.720, em 2006. O extraordinário aumento da riqueza e a modernização da economia, cada vez mais integrada ao capitalismo financeiro global, não significaram melhora na distribuição de renda.
Apesar do tímido progresso verificado a partir dos anos 90, em virtude da estabilidade econômica, da valorização do salário mínimo e da intensificação dos programas de transferência de renda, o Brasil continua entre os países com a pior distribuição de renda do mundo. O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de 2007, situa o País em 11º lugar entre as nações com mais alta concentração de renda. A situação só é mais grave em países como Namíbia e Guatemala.
Fonte:Revista Carta Capital.
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