Crise no Brasil, só nos jornais. Emprego dispara.
Como este blog – e todo mundo que observa a economia com honestidade e não para fabricar “climas” políticos – afirmou na semana passada o emprego no Brasil está crescendo e vai crescer mais. O recorde anunciado hoje pelo Ministro Carlos Lupi, com a criação de mais de 246 mil novos postos de trabalho com carteira assinada não é apenas quase o dobro do que já se gerou de empregos em qualquer mês de novembro da história do o país – novembro de 2007 havia sido, até agora, o melhor mês, com 124 mil novas vagas.
É, pela distribuição dos setores, um indicador que dezembro terá níveis de retração – porque semre é mês de retração, com o fim do período de Natal – muitíssimo baixos. Não apenas baixos em relação ao desastre de dezembro de 2008 – menos 600 mil empregos – como muito baixos em relação a qualquer dezembro da história também.
O Ministro Carlos Lupi, por prudência, diz que espera redução em torno de 200 mil vagas em dezembro, o que já seria ótimo, em relação à redução média de 300 mil postos neste mês de fim de ano. Está escondendo o jogo. O saldo negativo será menor que 100 mil postos e, talvez, bem abaixo disso, deixando o acumulado do ano positivo em cerca de 1,3 milhão de empregos.
Por que eu digo isso? Informação privilegiada? Palpite? Negativo. Basta olhar os números. Em primeiro lugar, houve saldo positivo no setor industrial, o que não é comum. A contratação de pessoal extra para atender a demanda de final de ano é anterior à do comércio e a demissão, idem. A produção para este período já está realizada essencialmente até o final do mês e, mesmo que prossiga nos primeiros dias de janeiro, atenção, não importa em novas contratações. Isso só ocorre em períodos excepcionalíssimos de aquecimento da economia.
Em novembro de 2007, por exemplo, o mês recorde anterior, a indústria teve queda de cerca de 0,5% no nível de emprego. Agora, elevação de 0,5. Já procuramos explicar anteriormente aqui: as curvas históricas de produção física e pessoal ocupado na indústria estão “coladas”, o que é uma distorção que indica que, embora haja capacidade instalada para produzir mais, não há ociosidade de pessoal, por causa da elevada demissão do início do ano. Claro que vão acontecer demissões localizadas em setores como os de expedição, empacotamento e serviços gerais, onde o aimento da atividade de final de ano podia ser suprido com pessoal menos qualificado. Na produção, mesmo, não vai haver, até porque a indústria aprendeu com o caro custo que lhe teve a precipitação nas demissões do final de 2008 e início de 2009, quando mando embora profissionais que dominavam máquinas e processos que exigem capacitação.
O segundo fator é que também a construção civil não vai demitir. Pode até adiar contratações para janeiro, para não arcar com o custo da ociosidade nos últimos 15 dias do ano.
E, por último, o setor de comércio e serviços que, claro, vai ter demissões, como é normal neste período. Mas vão ser muito abaixo do que seria esperável numa condição de economia estável. Todos os setores do comércio esperam crescimento da atividade no início do ano e vão fazer contas antes de se onerarem com demissões que devem virar recontratações em dois ou três meses.
Definitivamente, nos próximos meses, salvo algum abalo externo, crise econômica só vai existir nos jornais brasileiros. Mas já bem pouca gente acredita neles.
Fonte: Blog Tijolaço.
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