Internet brasileira sobe; jornais dos EUA caem
O mundo da comunicação está mudando muito rapidamente, indicando caminhos opostos para a velha mídia de papel e a nova mídia eletrônica _ uma caindo e a outra subindo, como numa gangorra.
Cheguei a esta conclusão, que nada tem de nova ou original, eu sei, mas se torna cada vez mais gritante, depois de ler dois textos na manhã desta quinta-feira em publicações diferentes, a Folha de S. Paulo (no papel) e o boletim semanal Jornalistas&Cia (no site).
Neste caso, os números (não as imagens …) falam por si, como os leitores poderão constatar neste post sobre o mercado da imprensa de papel nos Estados Unidos e o da internet no Brasil.
Edson Rossi: internet brasileira
No último encontro do ano do programa “Por Dentro da Redação”, promovido por meus amigos do Jornalistas&Cia., Edson Rossi, diretor de conteúdo do portal Terra, apresentou os números mais recentes que demonstram o vigoroso crescimento do mercado de internet no Brasil.
- Universo de internautas: um terço da população brasileira _ algo em torno de 68,5 milhões de pessoas _ já está conectada na internet, segundo dados do IAB-Brasil.
- As maiores audiências: UOL, com 27 milhões de visitantes/mês; iG, com 23 milhões; Terra, com 22 milhões; Globo.com, com 21,7 milhões.
- Quem acessa: cada vez mais popular, a internet foi acessada, em 2008, por 39% da classe C (pode chegar a 45% até o final do ano); na AB, foram 76% no ano passado e a previsão para 2009 é bater nos 80%.
- Tempo de tela: com 24h48 minutos por mês, o Brasil continua sendo o país que mais acessa internet no mundo, principalmente após a introdução da banda larga, que no ano passado já respondia por 83% das conexões.
- Faturamento publicitário: é a mídia que mais cresce no Brasil. Em comparação com 2007, no ano passado houve um crescimento de 44%. Nos primeiros meses de 2009, em relação a igual período de 2008, a verba publicitária investida na web cresceu 22,62%.
- Fatia do mercado: apesar deste crescimento nos últimos anos, a verba que cabe ao setor no bolo dos investimentos em publicidade ainda é pequena. Representou apenas 4% dos R$ 987 milhões investidos em 2008 e, até o final deste ano, poderá chegar a 4,2%.
Kenneth Maxwell: imprensa Americana
“Quase todos os grandes jornais dos Estados Unidos passaram por forte declínio em sua circulação paga ao longo dos últimos 12 meses”, informa o colunista Kenneth Maxwell, que escreve todas as quintas-feiras na página 2 da Folha.
A conseqüência mais dramática da queda na circulação é o que ele chama de “colapso na receita publicitária dos jornais’, que, segundo ele, “já se tornou catastrófica”, indicando uma perda de 28% apenas em 2009.
Os números:
- New York Times: queda de 7,3% na circulação
- USA Today: queda de 17,1%
- Washington Post: queda de 6,4%
- Dallas Morning News: queda de 22,2%
- San Francisco Chronicle: 25,8%
- Star Ledger, de Newark: queda de 22,2%
Maxwell registra ainda em seu artigo que, paralelamente à queda de circulação e de receita dos jornais, todas as grandes redes de televisão também sofreram perdas de audiência. “Não é fácil encontrar substituto para estas receitas na internet, que vê acesso crescente, mas na qual poucos jornais desenvolveram métodos seguros de explorar comercialmente o acesso a essa nova fonte de informação”.
Todos nós estamos carecas de saber (alguns mais do que os outros…) que os jovens estão migrando para a nova mídia enquanto os mais idosos resistem bravamente na trincheira da imprensa de papel. Mas não seria justo atribuir apenas ao crescimento da internet a derrocada da velha mídia.
Já escrevi aqui mesmo e repito: assim como o marqueteiro de Bill Clinton lhe dizia “é a economia, estúpido”, para explicar o que decide uma eleição, podemos dizer “é o conteúdo, estúpido” o que vai determinar o sucesso ou o fracasso de qualquer veículo, seja da nova ou da velha mídia.
Fonte: Balaio do Kotscho.
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