O Globo é a favor do monopólio. Do privado, é claro
É impressionante a dedicação da nossa mídia em criar teorias para justificar o injustificável. Hoje, O Globo publica uma matéria que, sinceramente, merecia ganhar um troféu em matéria de desligamento da realidade. Só o título já dá para ter uma idéia: Analistas acreditam que internet sera aliada do consumidor contra alta de precos após compra das Casas Bahia.
Ora, que a internet é uma ferramenta de pesquisa de preços e decisão de compra, é óbvio. Já era ontem, é hoje e será mais amanhã. Como diziam antigamente, “até aí morreu Neves”. A questão é que a internet ainda é restrita, sobretudo nas camadas mais populares, que justamente formavam a clientela das Casas Bahia. E a compra por internet depende de cartão de crédito e a força - embora decrescente - daquela empresa eram os carnês, justamente para as pessoas que não tinham cartão e, muitas vezes, nem conta bancária. Isto é, os pobres.
Mas a matéria se esmera em provar o improvável. Diz que os “pobrezinhos” do Grupo Pão de Açucar só vão controlar 20% do mercado. Ora, já seria muito, se fosse só isso. Mas não é. Eu gostaria de saber como oo jornal reproduz essa afirmação de Abílio Diniz sem maiores questionamentos. E mais, ainda publica o que diz um dos “analistas”, que “o Walmart concentra 50% das vendas do varejo, fatia muito maior de participação do que se espera para a nova empresa de varejo no país, formada a partir da união de Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro”.
Onde, nos Estados Unidos? Delírio ou má-fé?
Bom, vocês já sentiram que vai por aí o lobby para que o CADE que deveria - deveria, notem bem - aprove esta monopolização do mercado varejista. O Valor e o UOL vão ne mesma linha, ouvindo os mesmos personagens.
O poder de barganha desta nova empresa, mesmo operando com marcas separadas, vai ser devastador sobre os fornecedores e, portanto, a médio prazo, vai provocar mais concentração.
Aí está a livre concorrência que defendem.
Nem uma palavra sobre a escandalosa alta dos papéis das empresas do grupo na véspera do anúncio da compra. Não foi inside information, não, foi telepatia.
Antigamente isso era lenda, agora é economês.
Fonte:Blog Tijolaço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário