Filme sobre pai de Eike põe o dedo na ferida da Vale | |
Recém lançado, o documentário Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil tem atraído poucos expectadores nos cinemas, porém sob a perspectiva política e economica o documentário é interessante por apresentar os bastidores da polêmica privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CRVD). Eliezer Batista – pai de Eike Batista – foi presidente da Vale na década de 60 e desenvolveu o plano logístico que o possibilitou ao Brasil tornar-se um grande exportador de minério de ferro. O ponto mais alto do filme é a discussão sobre a privatização da Vale. O documentário revela que o ex-presidente da Companhia estatal considera que o ato de privatização realizado no governo Fernando Henrique foi uma decisão equivocada. Reproduzimos trecho do comentário de João Sandrini sobre o documentário publicado na revista Exame, 03-12-2009. Eis o comentário: (...) O ponto mais alto do filme, no entanto, é a discussão sobre a privatização da Vale. Apesar de ter a mineradora como um de seus patrocinadores e de contar com depoimentos bastante elogiosos do presidente da empresa, Roger Agnelli, o documentário não deixou de colocar o dedo nessa ferida - que ainda não cicatrizou totalmente 12 anos após o leilão. Assim como já havia declarado Eike em entrevistas recentes, Eliezer também defende que a Vale, além de buscar o lucro, sirva de instrumento para o desenvolvimento do Brasil. Mas ele vai além e não esconde sua convicção de que a decisão do governo Fernando Henrique Cardoso de vender a mineradora teria sido equivocada. Em uma reunião com o então presidente antes da privatização, Raphael de Almeida Magalhães, amigo de Eliezer, diz ter aconselhado FHC a desistir porque a Vale poderia ser o instrumento do governo para resolver os problemas de logística do país. Com a geração de caixa da mina de Carajás, a maior do mundo, com capacidade de produção de 100 milhões de toneladas de minério ao ano, a Vale, poderia viabilizar a construção das obras necessárias para reduzir o custo Brasil. Segundo Magalhães, FHC teria levado adiante o plano de leiloar a mineradora com a justificativa de que era necessário convencer os investidores da seriedade de seu programa de privatizações. É óbvio que vender um bem estatal tão valioso quanto a Vale. apenas por uma questão de credibilidade seria estupidez. FHC não comenta diretamente a afirmação. Diz apenas que tomou a decisão mais adequada para o Brasil naquele momento e descarta a precipitação nas privatizações, citando empresas que se mantiveram sob o controle estatal em seu governo. "Poderíamos ter privatizado a Petrobras, mas eu não permiti que isso acontecesse." De qualquer forma, quem assiste ao filme sai do cinema com a convicção sobre a necessidade de diminuir a presença do Estado na economia um pouco abalada. O controle da Vale foi vendido por 3,33 bilhões de reais - um preço ínfimo sob qualquer ângulo de análise. Hoje o lucro da mineradora em apenas três meses costuma ser superior ao valor desembolsado pelo consórcio formado por BNDES, fundos de pensão, CSN, Opportunity e NationsBank para arrematá-la. |
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
PRIVATARIA - Filme sobre o pai de Eike Batista.
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