Eleições 2014: os sonhos inalcançáveis de Serra
Luis NassifNas últimas semanas, porta-vozes de Serra na imprensa se valeram de uma pesquisa de um instituto desconhecido do Paraná para defender a viabilidade de sua candidatura à presidência da República.
Ontem, um colunista do jornal O Valor expressou o seguinte raciocínio, difundido por Serra:
"Serra entrou em hibernação, após as
eleições municipais de 2012. Despertou com as manifestações do outono,
mas uma pesquisa feita pelo "Paraná Pesquisa - especialista em opinião
pública" é que o deixou definitivamente animado em relação à disputa
eleitoral de 2014. Pesquisa realizada, aliás, numa semana de grande
intensidade dos protestos.
Em geral, os números de Serra são
melhores que os de Aécio Neves, o que deve ser debitado na conta do
"recall" do tucano, duas vezes candidato a presidente, uma a governador e
outras duas a prefeito, desde 2002. Mas foram os índices que obteve no
Sul do país que despertaram sua atenção: Serra venceria a eleição no
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, se a eleição fosse hoje.
Avaliações feitas para grandes grupos
empresariais por institutos especializados indicam que três nomes
saíram perdendo após os protestos de junho: Dilma Rousseff, por ser a
número um, a presidente da República; Lula, por ser indissociável de
Dilma e Aécio, por não ter crescido na crise, apesar de toda a exposição
que teve nos programas de rádio e televisão do PSDB".
No mesmo dia saiu a pesquisa nacional CNT/DMA.A pesquisa espontânea tem um dado relevante: 59% votariam em branco ou anulariam o voto. Significa que as eleições de 2014 estão quase zeradas.
Mas os votos dados a candidatos mostram em primeiro lugar Dilma (14,8%) e Lula (10,5%). Na terceira colocação vem Marina Silva (5,9%), depois Aécio Neves (4.9%), Eduardo Campos (1,4%) e só então José Serra (1,2%) apesar de já ter sido duas vezes candidato à presidente da República.
Onde a informação de que os números de Serra são melhores que os de Aécio, e mesmo que os de Eduardo Campos?
Na pesquisa estimulada de votos, Dilma sai na frente (33,4%) mas sem condições de levar no primeiro turno, pois seguida por Marina Silva (20,7%) e Aécio Neves (15,2%).
Portanto, no retrato atual dos votos, Serra não tem o menor peso, ao contrário do que sugere a tal pesquisa divulgada por serristas.
Nas eleições propriamente ditas, o PSDB seria levado ao suicídio na hipótese improvável de lançá-lo candidato (objetivo único de Serra, quando acena com a possibilidade de trocar de partido).
1. O voto anti-PT de fato irá com qualquer candidatura oposta a Dilma.
2. Serra rivaliza-se com o PT em termos de rejeição do eleitorado. O voto de centro-esquerda poderá ir com Eduardo Campos e até Aécio Neves. Jamais com José Serra. Ele é o único candidato capaz de manter a centro-esquerda aliada a Dilma.
3. O voto evangélico tem em Marina Silva uma evangélica autêntica, não um simulacro, como José Serra.
É evidente que todas essas conclusões estão no radar dos marqueteiros e lideranças dos diversos partidos.
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