Mais um 1º de abril se aproxima trazendo a necessidade de acertarmos as contas com nossa memória. Para aqueles que sofrem com as feridas do golpe, relembrar é quase um instinto moral, um reflexo. E por que falamos em memória? Para que cada um de nós possa se sentir herdeiro dessa história. Afinal, o golpe de 1964 não apenas derrubou um presidente e seu gabinete, como também freou uma variedade de projetos populares que tinha como objetivo beneficiar os brasileiros da época e nós, seus filhos, netos e bisnetos. Era um projeto de país e de futuro que foi interrompido. O que se seguiu ao golpe foi brutal. Repressão e perseguição política e social a todo tipo de divergência. Partidos proscritos, mentes exiladas, juventude calada e assassinada, corpos presos e torturados. Na economia, o castigo não foi mais brando, já que o aumento da exploração dos trabalhadores brasileiros em nome de um "desenvolvimentismo" não nos trouxe mais riqueza ou independência e, ao final, não "repartiu o bolo" e nos deixou uma dívida externa fatal. A famosa "crise da dívida" dos anos 1980, que também atormentou alguns de nossos vizinhos sul-americanos, é filha do regime militar que, de certa maneira, pavimentou o caminho para que o discurso e a prática neoliberal reinassem nas décadas seguintes: contra o "estatismo" autoritário dos militares, o "privatismo" democrático dos liberais. Já a Justiça foi substituída pela "anistia ampla, geral e irrestrita", o que trouxe grandes brasileiros de volta após anos amargos de exílio, mas deixou soltos alguns dos piores nomes que já pisaram no país. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário