quinta-feira, 21 de março de 2024

Chega de genocídio em Gaza.

 


A guerra Israel-Palestina

Neste momento impõe-se impedir a todo o custo a continuação do massacre de palestinianos, estabelecer negociações para a libertação dos reféns, e evitar que o conflito alastre sob que pretexto for, não permitindo a construção de mais colonatos em território palestino.

O ataque desencadeado pelo grupo Hamas contra Israel foi um acto bárbaro e selvagem próprio de um grupo que não se preocupa com o povo em que se insere. Este acto em nada veio contribuir para a defesa do povo Palestiniano.

A resposta de Israel é igualmente bárbara e selvagem, desprezando as vítimas, crianças, mulheres, velhos e doentes. Israel utiliza o seu enorme poder junto da comunicação social para fazer crer que o grupo Hamas e o povo Palestiniano são uma e a mesma entidade.

As afirmações dos dirigentes de Israel, um bando da extrema-direita, com Netanyahu à frente, não diferem muito da retórica do extremista Hamas, ambas prometem o extermínio do adversário, inimigo. A arrogância dos responsáveis Israelitas vai ao ponto de insultar quem não os apoia de forma acrítica, como fizeram a António Guterres, Secretário-geral da ONU, de quem pediram a demissão, ao mesmo tempo que negam vistos de entrada aos funcionários da ONU.

Há quem procure justificar tudo isto com o direito que Israel tem de se defender, mas esses mesmos, negam ao povo Palestiniano esse direito, pois há mais de setenta anos, invadido o seu território, espoliado e expulso das suas terras, não lhes é reconhecido o mesmo direito. A desproporção de forças é enorme. Enquanto Israel possui um dos maiores e melhor armados exércitos do mundo, a Palestina tem vindo a resistir com intifadas de jovens armados paus e pedras e agora com o ataque do Hamas.

O Hamas conseguiu, de uma maneira que ainda causa muita estranheza, realizar um ataque de surpresa e entrar em território israelita, um estado com vigilância monitorizada ao pormenor, armado e cercado de altos muros, em plena segurança, como diziam. Mas o que aconteceu não difere muito do que Israel tem feito ao longo de décadas aos Palestinianos.

Convém não esquecer que o Hamas é uma criação de Israel para promover a divisão entre os Palestinianos e fazer frente à OLP.

Embora considere hediondo este acto do Hamas, a resposta israelita, com ataques à bomba na Faixa de Gaza, e não só, que arrasam completamente, casas, escolas, hospitais, postos da ONU e acampamentos de refugiados, fazendo numerosas vítimas, o corte da água e de abastecimentos, a que acresce a negação de corredores sanitários, mostra que não lhe fica atrás em termos de crimes de guerra. As ameaças de Netanyahu e dos seus generais em atacar o Líbano, sob o pretexto de prevenir ataques do Hezbollah, constituem mais um factor de constrangimento para a Paz.

Muitos Judeus não sionistas têm afirmado que este ataque do Hamas foi uma óptima ajuda para o governo de Netanyahu, agora de unidade nacional, pois a sua situação política era altamente periclitante, sabendo-se dos processos judiciais por corrupção que tem pendentes.

Se o acto de tomada indiscriminada de reféns pelo Hamas é criminoso, também o é as muitas centenas os presos políticos palestinianos nas cadeias israelitas, alguns de menor idade e outros eternamente presos sem julgamento, à revelia do direito internacional.

Por sua vez, a Europa tem de deixar de confundir os possíveis remorsos, que sente pela forma como durante séculos tratou os judeus, com o facto de sistematicamente virar a cara quanto às atitudes assumidas por Israel. Um crime de guerra é sempre um crime, mesmo que cometido por aliados. A relação entre países e instituições deve ter por base a igualdade e a justiça, na transparência de processos.

Convém recordar que o Parlamento Português recusou em 2014, reconhecer a Palestina como estado soberano e que muitos dos que agora falam em dois estados, votaram contra.

O permanente e acrítico apoio de todo o tipo, até militar, dos EUA tem permitido a Israel passar por cima de todas as resoluções aprovadas pela ONU sem consequências, como se estivesse acima das responsabilidades internacionais, face ao conflito com a Palestina.

Avaliar que, o que se passa no Oriente Médio são questões meramente religiosas, é um erro político e uma irresponsabilidade. As questões são políticas e como tal devem ser encaradas.

A ONU deve assumir a responsabilidade de impor as suas resoluções, que podem não ser as melhores, mas são as que neste momento existem, como seja a coexistência de dois estados e a manutenção de Jerusalém como cidade aberta das três religiões monoteístas, judaica, cristã e muçulmana.

Neste momento impõe-se impedir a todo o custo a continuação do massacre de palestinianos, estabelecer negociações para a libertação dos reféns, e evitar que o conflito alastre sob que pretexto for, não permitindo a construção de mais colonatos em território palestino.

É preciso valorizar o papel da ONU como única entidade reguladora, que neste como noutros conflitos pode fazer a diferença na construção da Paz.

Sobre o/a autor(a)

Reformado. Ativista do Bloco de Esquerda em Matosinhos. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

Nenhum comentário: