quarta-feira, 27 de março de 2024

Fim da Iugoslávia.

 


Há 25 anos, a Nato começava a bombardear a Jugoslávia

Pelo menos 500 civis foram mortos durante a campanha de bombardeamentos que durou 78 dias e acabou com Milosevic a ceder a entrada de forças da Nato no Kosovo e a gestão internacional do território que depois acabou por se tornar independente. Hoje em dia, continuam a existir conflitos na região entre nacionalistas dos dois lados.
Parque Tašmajdan em Belgrado. Foto de uma escultura de Milica Rakić em homenagem às crianças mortas pelos ataques da Nato. Foto de Andrija1234567/Wikimedia Commons.
Parque Tašmajdan em Belgrado. Foto de uma escultura de Milica Rakić em homenagem às crianças mortas pelos ataques da Nato. Foto de Andrija1234567/Wikimedia Commons.

24 de março de 1999. 20.00 horas. Há 25 anos começava o bombardeamento da Jugoslávia que durou 78 dias. 13 Estados-membros da Nato avançavam para a ação armada. Era a primeira vez que a Nato atacava militarmente um país desde a sua fundação sem mandato do Conselho de Segurança da ONU. Pouco antes, em 1995, tinha bombardeado as forças servo-bósnias na Bósnia-Herzegovina.

Os países do pacto do Atlântico Norte acusavam a República Federal da Jugoslávia, presidida por Slobodan Milosevic, e já apenas constituída por Sérvia e Montenegro, de estar a cometer um genocídio no Kosovo e, pouco antes, tinha-se revelado um alegado “plano Potkova” (Ferradura em língua croata) que seria a base de um projeto de “limpeza étnica” da população albanesa. Só que este era falso, como uma investigação do Der Spiegel mostrava logo em janeiro de 2000.

Kosovo, a última batalha de nacionalismos do fim da Jugoslávia

O Kosovo era então disputado pelo nacionalismo sérvio, que olha para a região como o berço da nacionalidade, e pelo nacionalismo albanês com base em 90% da população ser albanesa étnica.

Desde meados dos anos noventa, o UÇK, Exército de Libertação do Kosovo, tinha começado a atacar. E, em 1998-99, a situação evolui para uma guerra.

Em 15 de janeiro de 1999, 45 albaneses são encontrados mortos numa vala comum. Para o UÇK e para os seus aliados ocidentais essa é uma prova de um massacre de civis que passou a ser conhecido como o “massacre de Racak”. Para as forças jugoslavas, o UÇK vestiu de civis militares seus mortos em combate.

O massacre torna-se justificação central para os bombardeamentos depois de falhadas as conversações de paz. No final, os sérvios acabam por assinar um acordo que faz com que uma força militar da Nato, a KFOR, se instale e o território passa a ser administrado por uma missão da ONU, a UNMIK. Era suposto o Kosovo permanecer parte da Sérvia mas com autonomia. Mas, em 2008, é declarada a independência. Desta feita, são os sérvios a queixarem-se de limpeza étnica.

Pelo caminho, segundo a Human Rights Watch, os bombardeamentos da Nato mataram 500 civis. Segundo o governo jugoslavo teriam sido entre 1.200 a 2.500 mortos e 5.000 feridos. Milosevic acabou os seus dias no Tribunal Penal Internacional. O UÇK acabou por ser dissolvido mas ficou provado que cometeu vários crimes de guerra, que conduziu limpezas étnicas contra sérvios e ciganos, que era uma plataforma de tráfico de órgãos e de droga. O Kosovo continua a ser palco de conflitos étnicos.

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