Alysson Mascaro e o caminho da tradição marxista
Danilo Martuscelli comenta "Sociologia do Brasil", nova obra do filósofo do direito Alysson Leandro Mascaro.
Publicado em 27/03/2024 // 1 comentário
Por Danilo Martuscelli
Em Sociologia do Brasil, Alysson Mascaro esquadrinha os três caminhos percorridos pelo pensamento social brasileiro e constrói uma análise alternativa aos estudos que tendem a ignorar ou a diminuir a importância do marxismo.
O primeiro caminho é o “juspositivista” (“liberal” ou “institucionalista”). Seus principais expoentes foram: Frei Caneca, Diogo Feijó, Tavares Bastos, Luiz Gama e Ruy Barbosa; seguidos posteriormente por: Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro. Como assegurar o “império da lei” sobre o “império dos homens” é sua pergunta central. A lei, o contrato, a propriedade privada e a impessoalidade das instituições são seus conceitos-chave. A criação e o aperfeiçoamento das instituições políticas e jurídicas burguesas demarcam os limites de seu horizonte político.
O segundo deles é o “não juspositivista” (“não liberal” ou “organicista”). Figuram aqui como pioneiros: José Bonifácio, Visconde do Uruguai, Oliveira Vianna e Francisco Campos; e como seus continuadores: Gilberto Freyre, Guerreiro Ramos e Darcy Ribeiro. Como estabelecer os vínculos da coesão social é sua questão central. Raça, valores, costumes, família e nação são seus conceitos sobressalentes. A valorização dos traços particulares da experiência social brasileira é sua bússola política.
O marxismo é abordado na obra como o terceiro caminho de interpretação do Brasil. Situam-se aqui os trabalhos de Caio Prado Jr., Ruy Mauro Marini e Florestan Fernandes, além das análises desenvolvidas por Clóvis Moura, Ciro Flamarion Cardoso, Jacob Gorender e Décio Saes. Trata-se de pesquisas que povoaram o “continente história” descoberto por Marx, fornecendo contribuições fundamentais e originais acerca das formas e contradições que permeiam as sociabilidades escravista e capitalista no Brasil. Modo de produção, formação social, lutas de classe, exploração do trabalho e Estado de classe são seus conceitos basilares. A revolução social é seu horizonte de significação.
Nesta obra, Alysson Mascaro não deixa dúvidas de que o melhor caminho a ser trilhado é aquele aberto pela tradição marxista, que busca, na crítica científica da sociabilidade capitalista, tratar sua “plena transformação” como uma possibilidade histórica.
Em Sociologia do Brasil, o filósofo do direito Alysson Leandro Mascaro apresenta uma sistematização do pensamento social brasileiro produzido ao longo da história. O autor esmiúça as principais linhas desse debate a partir de três diferentes vertentes, a liberal, a não liberal e a crítica.
Com referência a autores clássicos e mais recentes, Mascaro propõe uma leitura crítica marxista a respeito da sociedade brasileira e busca romper com suas típicas limitações liberais ou organicistas, inscrevendo nesse contexto o decisivo aporte crítico. O pensamento de autores como Darcy Ribeiro, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Guerreiro Ramos são objeto de análise na obra.
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Danilo Martuscelli é professor da Universidade Federal de Uberlândia.
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