domingo, 17 de março de 2024

Querem desconstruir a imagem do Lula.

 


Em um momento em que pululam críticas à direita e à esquerda da frente ampla que foi se formando em 2022 em torno da candidatura do então ex-presidente Lula, inclusive com acusações falsas e levianas, é adequado que se faça um registro em grandes linhas do que foi alcançado nesses quase 15 meses de seu governo.

Jamais se deve perder de vista a dimensão inédita da vitória, arrancada em condições de disputa as mais difíceis e desiguais. Foi abortada a escalada fascistizante em curso pelo governo de Jair Bolsonaro. Retirar suas forças do comando do aparelho de Estado exigiu esforços inauditos de mobilização e articulação política. A extrema-direita perdeu a principal máquina a que o fascismo aderia e que lhe fornecia oxigênio para, a partir do governo, aniquilar metodicamente quaisquer instrumentos de  construção de um país mais justo, altivo e soberano. 

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De lá para cá, a despeito das dificuldades, é nítida a sensação de que se instalou no país, para os que esposam a democracia, um ambiente político mais livre, diverso, tolerante e arejado. Isso já de si é conquista inestimável. O governo de Lula é símbolo de uma conquista que nunca deve ser menosprezada. Ele merece, ao contrário, permanente apreço em vista do legado democrático que está em jogo.

No plano político, o governo Lula, vitorioso com estreita margem nas urnas em 2022, obteve evidentes avanços na montagem de uma base parlamentar de apoio no Congresso que lhe permita ter condições sustentáveis de governabilidade. A composição do Congresso eleito mostrava ampla vantagem das bancadas conservadoras de extrema-direita, direita e do Centrão. Com base em negociações republicanas, com acordos políticos habituais em qualquer democracia, o governo vem conseguindo reverter uma situação amplamente desfavorável.  

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A partir de uma bancada de esquerda minoritária de 125 parlamentares, numa Câmara de 513, o governo tem agora, segundo levantamento do site Poder 360, uma base que alcança 320 deputados.

De outro lado, os parlamentares que apoiavam o impeachment minguaram de 215, aos 100 dias de governo Lula, para os 139 de agora.

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O governo logrou aprovar a grande maioria dos projetos que enviou ao Congresso, desde a PEC da Transição, a retomada do Minha Casa Minha Vida, o reforço estendido do Bolsa Família e a reforma tributária adiada havia décadas, com ênfase na taxação sobre o consumo e não na produção.

Como parte dessa arquitetura política num ambiente desfavorável, e a partir de orientação direta do presidente, o ministro da Fazenda Fernando Haddad elaborou um cauteloso e engenhoso arcabouço fiscal que garante espaço para investimento e um horizonte de controle da dívida pública.

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Lançou também o programa Desenrola, para limpar o nome de milhões de inadimplentes, o Pé de Meia, de apoio a permanência na escola dos estudantes do ensino médio, o plano de construção do complexo industrial da saúde inserido no novo Programa de Aceleração do Crescimento, que prevê R$ 1,7 trilhão a ser investido em todas as regiões e Estados. Nas estatais como a Petrobras, uma revolução está em curso. A lógica neoliberal foi abandonada. Em seu lugar, em meio a cerrada oposição, a uma empresa  que deixa de se submeter a ser esvaziada, esquartejada e vendida aos pedaços, sugada de todo seu poder de liderar o lançamento do país a um estágio industrial e tecnológico avançado. Agora ela é polo dinamizador de investimentos e gerador de produção industrial,  especialmente na transição para nova economia verde.

A economia, aliás,  surpreendeu já em 2023, crescendo 2,9% ano  contra todas as previsões do chamado mercado. E deve surpreender de novo neste ano. O crescimento no setor de serviços (70% da economia) em janeiro e fevereiro  aponta para um avanço de no mínimo 3% novamente. O desemprego registra os níveis mais baixos desde 2015 a abertura de vagas no mercado de trabalho é alta e consistente. A renda das famílias cresceu impressionantes 3,9% nos últimos três meses. Isso apesar dos juros exorbitantes praticados pelo Banco Central, travando desempenho econômico ainda melhor.

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Os avanços se manifestam em muitas outras áreas. É verdade que pesquisas de opinião registram mais recentemente queda na aprovação do governo, não há como negar, após um ano de 2023 em que elas só beneficiaram Lula.

A queda é resultado do aumento de preços diante do que o governo deve atuar, mas não parece indicar um problema maior do que sazonal.

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A educação em tempo integral, a criação de universidades e institutos técnicos desenham um panorama em que o ensino volta a ser prioridade. 

A política exterior mostra que é possível um país que assume corajosas posições de liderança positiva, sem temer projetar sua influência internacional.

Considerada toda a devastação advinda do governo anterior e das conjunturas que o tornaram possível, o esforço hercúleo da ainda infante administração Lula merece, antes da saraivada de críticas,  muitas vezes míopes,  maldosas ou interessadas, merece na verdade análise realista do que foi obtido até aqui no contexto histórico em que esse terceiro mandato arrancou.

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