sexta-feira, 15 de março de 2024

As fakes news do O Globo.

 

10/03/2010. Há 14 anos, matéria fake do Globo dava início à Lava Jato

Matéria da repórter Tatiana Farah, publicada na edição de 10 de março de 2010, no jornal O Globo, começava errada desde o título "Caso Bancoop: triplex do casal Lula está atrasado", porque Lula nunca foi dono do triplex que lhe é atribuído no título.

Essa matéria foi o ponto de partida e de chegada da Lava Jato, que resultou na condenação e prisão do presidente Lula, sem provas, mas cheia de convicções. Ela foi citada até na sentença de Moro, que condenou Lula:

"A matéria em questão é bastante relevante do ponto de vista probatório, pois foi feita em 10/03/2010, com atualização em 01/11/2011, ou seja, quando não havia qualquer investigação ou sequer intenção de investigação envolvendo Luiz Inácio Lula da Silva ou o referido apartamento tríplex. Não havia, por evidente, como a jornalista em 2010 ou 2011 antever que, no final de 2014, ou seja, três anos depois, a questão envolvendo o ex-presidente e o apartamento tríplex seria revestida de polêmica e daria causa à uma investigação criminal."

No entanto, na tal matéria (que pode ser lida na íntegra aqui), em momento algum há a informação de que Lula confirmou ser dono do triplex. Há a informação de que "Procurada, a Presidência confirmou que Lula continua proprietário do imóvel", como se a pergunta feita à presidência fosse sobre o triplex e não sobre um apartamento no condomínio. O uso do artigo definido "o" se repete adiante.

Na declaração de bens feita para a candidatura à reeleição, em 2006, o presidente informou sobre o imóvel, afirmando ter participação na cooperativa habitacional para o apartamento em construção.

A repórter quando usa o artigo definido "o", dá a entender que Lula havia declarado o triplex na declaração de renda, quando Lula havia declarado "um" (artigo indefinido) imóvel no prédio que fora adquirido em cotas pela primeira-dama Marisa Letícia.

Estranhamente, a matéria de O Globo, publicada em março de 2010, sofre uma atualização um ano e oito meses depois [imagem abaixo], sem que tenha ficado claro o que foi atualizado nela e se foram feitos acréscimos ou retiradas e ou substituições no texto original, nem quais.

Quando das publicações da Vaza Jato, conjunto de emails trocados entre os procuradores da Lava Jato, o procurador Januário Paludo escreveu [o texto está como no original]:

“Conversei com a TATIANA FARAH DE MELLO, que fez a reportagem em 2010 sobre o TRIPLEX. Ela realmente confirmou que foi para GUARUJA e lá colheu diversas informações sobre os empreendimentos da BANCOOP. A matéria era para ser sobre a BANCOOP e o calote dado nos mutuários. Em guaruja conversando com funcionários da obra – que ainda estava no esqueleto, é que ela descobriu que o triplex seria do Lula. Ela manteve contato com a Assessoria de comunicação do Palácio do Planalto que confirmou a informação. Toda parte documental, como e-mail e outros dados foram inutilizados quando ela saiu do ‘o Globo’. Acho que podemos tomar por termo o depoimento. Marco uma video e pronto”, escreveu o procurador às 17h40.

A partir dessa matéria construiu-se um processo que quase destruiu o país, enriqueceu procuradores, advogados e juízes, prendeu o candidato que liderava disparado todas as pesquisas para as eleições presidenciais de 2018 e se elegeu um energúmeno à beira da psicopatia, com os resultados catastróficos que todos testemunhamos e que custaram as vidas de centenas de milhares de brasileiros na pandemia.

Tudo isso a partir de uma matéria que foi editada quase dois anos após ser escrita, sem que se saiba por quê, nem no quê. Com todas as provas destruídas. Escrita num 10 de março como hoje, há exatos 14 anos.


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