segunda-feira, 19 de maio de 2008

ARTIGO - Da Interpol a D. Sandra.

Do blog Direto da Redação, transcrevo o artigo do jornalista Mário Augusto Jakobskind. Como se vê, a D. Sandra, que estava sumida, está dando o ar da sua graça.

DA INTERPOL A DONA SANDRA
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Os meios de comunicação conservadores do continente latino-americano continuam a criminalizar o Presidente Hugo Chávez. A última peripécia vem dos supostos computadores do comandante das Farc, Raul Reyes, morto em um ataque das forças militares colombianas no Equador. Na incursão, além dos 24 mortos, tudo foi varrido, menos os computadores, cujas informações, segundo a Interpol, vinculam as Farc com os governos da Venezuela e Equador. É o caso de se perguntar: como decretar a autenticidade de um arquivo de computador, já que fakes (falsos) são produzidos em centenas de milhões pela rede mundial de computadores? Ou seja, me engana que eu gosto, Interpol. Na Colômbia houve um show midiático com a divulgação do informe do secretário-geral da Interpol, Ronald Kenneth Noble de que os arquivos encontrados eram autênticos. A TV Globo e outros canais aqui no Brasil ficaram encarregados de fazer o serviço ao estilo do Departamento de Estado norte-americano. O episódio dos arquivos dos computadores de Raul Reyes, o guerrilheiro que estava em negociações com autoridades francesas, venezuelanas e equatorianas para a libertação dos reféns, entre estes a franco-colombiana Ingrid Bettancourt, remete ao período que antecede a invasão e posterior ocupação do Iraque em 2003. Poucas semanas antes, o então Secretário de Estado, Colin Powell discursou no plenário da Organização das Nações Unidas denunciando a existência de armas de destruição em massa. Hoje se sabe que foi uma mentira deslavada. Este episódio dos computadores de Reyes é mais uma peça de propaganda de Bush, que tem o claro objetivo de tentar encontrar alguma justificativa para intervir na região. A Colômbia, que se tornou uma espécie de Israel da América Latina para fazer o serviço está aí para isso mesmo. Esta mais recente tentativa de desestabilização faz parte da escalada no sentido de tentar retomar as rédeas do continente latino-americano, cuja maioria dos governos não está aceitando voltar a ser o quintal ou pátio traseiro dos Estados Unidos. Washington está também jogando todas as suas fichas na desestabilização da Bolívia, onde apóia incondicionalmente a direita, que não aceita Evo Morales como presidente. O embaixador Philip Goldberg se intromete de forma grosseira nos assuntos internos bolivianos, como fez quando era representante estadunidense na Iugoslávia, país que acabou se dividindo em várias outras nações. Enquanto isso, no Brasil continua na ordem do dia a questão indígena. Depois de um longo ostracismo, reapareceu uma das figuras políticas fluminenses mais nefastas das últimas décadas, a lacerdista Sandra Cavalcanti, exalando seu ódio contra os indígenas num velho artigo que circula na Internet sob o título “O Brasil nunca pertenceu aos índios”. Ela só não teve a coragem de dizer explicitamente que odeia índios, mas dá a entender.Dona Sandra chegou ao cúmulo de afirmar, entre outras coisas, que “vamos parar com essa paranóia de discriminar em favor dos índios”. E prossegue assinalando que “quando a poderosa esquadra do almirante português (em referência a Cabral) ancorou naquele imenso território, encontrou silvícolas em plena idade da pedra lascada”. Aí diz que “nenhum deles tinha noção de nação ou país. Não existia o Brasil”. E daí, dona Sandra? Esta senhora, tomada de arroubos nacionalistas, ela que em sua carreira política como lacerdista nunca primou pelo nacionalismo, muito pelo contrário, se revela uma “defensora incondicional” da Amazônia. E se volta radicalmente contra os indígenas, não reconhecendo inclusive que os milhões de seres humanos habitantes destas plagas antes da chegada dos portugueses foram dizimados pelos colonialistas e estão sendo hoje discriminados. Aliás, dona Sandra nos áureos tempos do fascismo português, sob o comando de Oliveira Salazar, da mesma forma que seu mestre Carlos Lacerda, nunca poupou elogios aos regimes ditatoriais da península ibérica (ao de Franco também). Não adianta, dona Sandra, seu passado lhe condena. A madame conta com a falta de memória e o silêncio da mídia para lembrar também que ela foi acusada de mandar jogar mendigos no Rio da Guarda durante o governo Carlos Lacerda.

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