segunda-feira, 19 de maio de 2008

MÍDIA - A imprensa no papel vai acabar?

Interessante este artigo do jornalista Felipe Marra Mendonça, publicado na Carta Capital. Mostra"o estrago" que a Internet está causando na imprensa tradicional americana.

Carta Capital.

A circulação dos maiores jornais americanos continua a cair. Os dados do fim de agosto apontam para um futuro difícil. Os únicos que registraram crescimento foram o USA Today, que de tão simplista é quase um infográfico de várias páginas, e o Wall Street Journal, que teve suas vendas puxadas por leitores que queriam saber se Rupert Murdoch destruiria as virtudes do jornal depois da compra da publicação em julho de 2007.
Outros jornais importantes, como o New York Times e o Washington Post, sofreram quedas na circulação, mas a situação é ainda pior para os jornais locais. O Dallas Morning News perdeu 10,6% dos leitores e o Atlanta Journal-Constitution, 8,5%.
Esse cenário reforça a tese dos que defendem que o único caminho possível para a imprensa é migrar para a internet. É de se notar que a migração é tida como forçada, como uma medida extrema e desagradável. Contudo, não é o que mostra o Capital Times, de Madison, Wisconsin.
A última edição impressa do jornal saiu em 25 de abril e a transição foi explicada aos leitores no editorial “O novo velho Capital Times”. Paul Fanlund, editor da publicação, escreveu que a idéia era “assegurar que Madison, o condado de Dane e o Wisconsin tivessem uma voz independente para a paz, a justiça econômica e social e que se a verdade ao poder todo dia”.
Mais adiante, Fanlund sustentou que o fundador do jornal “nos diria para ficarmos despreocupados com o formato do Capital Times e nos concentrar no conteúdo e no caráter da nossa mensagem. E, como sempre, (ele) teria razão. Continuaremos a dar ao povo a verdade e a liberdade para discuti-la, e tudo vai dar certo”. Alguns podem achar o otimismo de Fanlund um pouco exagerado, mas é importante que alguém da chamada imprensa tradicional demonstre uma reação além do simples pânico quando confrontado com a “ameaça da internet”. A circulação do Capital Times teve seu auge nos anos 60, quando atingiu 40 mil leitores. Antes do fechamento, a tiragem era de 18 mil.
A decisão de acabar com a edição impressa tem o potencial de ampliar o número de leitores e também dinamizar o conteúdo editorial. O Capital Times tem como forte a cobertura do noticiário local de Madison e a nova edição on-line deve reforçar essa imagem, coisa que os grandes jornais de cobertura nacional e os portais não têm. É o que argumentou o professor de jornalismo James Baughman, da Universidade de Wisconsin, ao New York Times. “Se existe essa janela de oportunidade para os jornais na internet, ela é a cobertura local. A versão on-line do Capital Times deve dar certo por isso.”
Baugham faz um paralelo interessante ao dizer que os jornais com edições vespertinas eram a internet da época, ao publicar os resultados atualizados dos jogos de beisebol ou os valores da Bolsa. Eram mais lucrativos do que seus competidores matutinos exatamente por isso.
É essa a oportunidade que a internet oferece e a transição do papel para a tela, se bem-feita, pode ser benéfica e lucrativa. Como escreveu o editor Fanlund no texto de despedida da edição impressa do Capital Times. Para ele, “tudo vai dar certo”.

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