segunda-feira, 19 de maio de 2008

OPOSIÇÃO - A difícil arte de ser oposição.

A desastrosa intervenção feita pelo senador Agripino Maia (DEM-RN) durante o depoimento da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, semana passada, foi mais uma amostra do despreparo da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dentro e fora do Congresso.Democratas e tucanos vinham se preparando desde sempre para segundo eles dizem "desmascarar" a ministra .Aproveitando o "passe perfeito" de Agripino, a Dilma só restou fazer o gol e correr para o abraço. E time despreparado que toma susto logo de início perde o rumo e leva goleada.No dia seguinte, enquanto Agripino tentava explicar o "mal- entendido" e era consolado pelos seus pares, chega a notícia que daria rumos diferentes ao depoimento da ministra: identificado pela Polícia Federal o possível responsável pelo vazamento do tal dossiê, o secretário de Controle Interno - da Casa Civil - , José Aparecido Nunes Pires. Agora, a oposição tenta se mobilizar para ouvi-lo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões.Sempre correndo atrás do prejuízo, DEM e PSDB têm um quadro difícil para 2010, na avaliação do diretor da LCA Consultores, Luiz Guilherme Piva, mantida a atual perspectiva de economia estabilizada e de manutenção do crescimento.A oposição tem dois candidatos - o paulista José Serra, que lidera as pesquisas de intenção de voto, e o mineiro Aécio Neves, ambos do PSDB. O governo, por sua vez, tem Dilma, mas o presidente não tem pressa em bater o martelo. . "Não se pode desconsiderar a capacidade do presidente em transferir parte de sua enorme popularidade", diz o analista Luiz Guilherme Piva."Com isso, é difícil imaginar um discurso eficiente para a oposição", acrescenta ele, para quem temas como crescimento, consumo e políticas sociais, que sempre foram do PT, estão ainda mais nas mãos do governo. "E os da estabilização e da gestão macroeconômica, são também do governo Lula, que tem ainda a ostentar a redução da dívida externa e a obtenção do grau de investimento."Na avaliação de Piva, a oposição perdeu esse discurso já em 2002, quando Lula venceu José Serra. Tiveram a chance de abraçar outro discurso em 2006. Mais uma vez nada conseguiram.Resta à oposição uma saída nada simpática. Seu sucesso dependeria de uma piora da situação econômica. "A oposição, perversamente, depende disso para calibrar algum discurso de maior pegada."E não é só, continua Piva. Ele lembra que a oposição - o DEM (PFL) desde sempre e o PSDB mais recentemente - tem dificuldades para articular projeto, diretrizes, propostas ou núcleo central de idéias capazes de aglutinar setores sociais e mover o eleitorado. Resultado: joga na defensiva e nos erros do governo, sem grandes vitórias.É preciso destacar também o importante papel da ascensão econômica dos setores mais pobres (via emprego, renda, consumo e programas sociais) no governo Lula, que mudou o panorama social e político. "Não será possível tentar abraçar compromissos com tais setores se não houver vinculação legítima com eles e, nesse terreno, Lula é imbatível."Como as coisas se darão daqui para frente, ainda é cedo para se saber. Aparecido é militante histórico do PT e foi levado para a Casa Civil por José Dirceu, antecessor de Dilma e cassado em 2005 por conta do escândalo do mensalão. Ou seja, os problemas para o governo, mais uma vez, vêm do único partido que hoje tem munição para fazer estragos consideráveis no PT: o próprio PT.

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