terça-feira, 20 de maio de 2008

PETROBRÁS - Artigo do jornalista Paulo Moreira Leite.

Publicado no IG com o título: " A Petrobrás e as nossas vidas".


Ao classificar-se como 6a. empresa do planeta e a 3a. maior da América, a Petrobrás consuma uma proeza respeitável. A história dos brasileiros de várias gerações se mistura à historia da empresa. É uma memória econômica e sentimental.Nasci em plena campanha do Petróleo É Nosso. Cresci lendo Monteiro Lobato e as lendas sobre o “Ouro Negro.” Quando era adolescente, meu pai me explicou durante uma viagem de família por Santa Catarina qual o papel do petróleo no desenvolvimento de cada país. Na segundo grau, ouvi falar do relatório Link, aquele que duvidava de nossas reservas. Na USP, participei de protestos contra os contratos de risco, que abriam a exploração de poços de petróleo para empresas multinacionais. Quando começava no jornalismo, entrei num apartamento sem luxos na região da avenida Paulista, no mesmo prédio onde funcionava o lendário restaurante Riviera, para entrevistar Euzébio Rocha, um dos pais da emenda que criou a Petrobrás. Passei décadas lendo e ouvindo análises sobre a empresa. Dizia-se que era um cabide de empregos, que só funcionava porque tinha monopólio estatal, que era o cúmulo da ineficiência e do abuso dos poderes do Estado. Também se falava que era usada pelos sucessivos governos como instrumento de política econômica – por conta do contribuinte.Hoje se diz que seu patrimonio atual foi engordado porque o preço do petróleo subiu.Adoro ouvir lições de economia. Sei que há bobagens e verdades nestas críticas. Mas sei que a Exxon, a maior empresa da América, a maior do mundo no imenso negócio do petróleo, já derrubou governos e ajudou a patrocinar guerras para garantir seus negócios. A Microsoft, que perdeu posição para a Petrobrás subir, construiu seu poderío numa trajetória onde idéias brilhantes se combinaram com práticas condenáveis de manipular o mercado e impor padrões tecnológicos de maior interesse a seus cofres do que ao consumidor. Seriam essas empresas um bom exemplo de eficiência e respeito às leis do mercado e dos direitos do contribuinte? No 55o ano de sua existência, a Petrobrás merece um brinde. Venceu uma guerra real num mundo real. Depois, quem quiser fala mal, certo?

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