quinta-feira, 5 de junho de 2008

ARBITRARIEDADE DOS ESTADOS UNIDOS - Cinco cubanos ainda presos.

Elizabeth Palmeiro, esposa de Ramon Labañino, um dos 5 Patriotas cubanos presos em cárceres dos Estados Unidos, foi uma das mais notáveis presenças da 16ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba e do Fórum Internacional para a Integração Latino-americana, no Rio de Janeiro, entre 19 a 24 de maio. Em entrevista a Max Altman, da Secretaria de Relações Internacionais do PT, ela fala da situação de seu marido e diz apostar na mobilização da opinião pública norte-americana para solucionar o caso.
Cartaz da luta contra a arbitrariedade dos EUA.
Leia abaixo a entrevista:

Quais são hoje as expectativas de libertação dos 5 Patriotas? O pleno de doze juízes do XI Circuito Judicial de Atlanta, Geórgia, que examina a apelação de nossos advogados decidiu, por 10 votos a 2, em agosto do ano passado, negar a anulação do julgamento inicial realizado em Miami. Resolveu, no entanto, atribuir a um painel de 3 de seus juízes o reexame de cada acusação, de suas provas e da correspondente pena. Eles não têm prazo. Estamos aguardando.
Em que reside a esperança de sua libertação? Na pressão que a opinião pública norte-americana possa exercer. Se mobilizada, ela tem um grande poder. Lembrem-se do caso do menino Elián. Portanto, é essencial mobilizar a opinião pública americana, fazê-la conhecer o caso; saber que foi praticada uma grande injustiça; que não houve, em Miami, o devido processo legal – o ambiente da cidade é hostil a tudo o que se relaciona a Cuba e os jurados foram pressionados violentamente pela mídia e organizações contra-revolucionárias; que emendas da Constituição dos Estados Unidos foram violadas; que as penas foram draconianas. Enfim, levá-la a exigir justiça e a conseqüente libertação. Os advogados dos 5, que fazem um excelente trabalho, também acham imprescindível a pressão da opinião pública.
Como os grandes meios de comunicação dos Estados Unidos tratam do assunto?A verdade é que existe uma cortina de silêncio em torno do caso. Como furá-la? O Comitê norte-americano instalou outdoors em Hollywood, em Los Angeles, em São Francisco, em diversas universidades. Com apoio no comitê norte-americano e em cotização de inúmeros comitês dos 5 em diversos países publicou-se matéria paga de página inteira no The New York Times. Palestras e debates são levados a efeito, alguns em TV e rádio locais, em diferentes cidades, com a presença dos advogados dos 5. O Sindicato dos Metalúrgicos da Inglaterra escreveu ao seu homólogo dos Estados Unidos pedindo que a mensagem fosse publicada em seus jornais e boletins. Enfim, dei alguns exemplos, as iniciativas são as mais diversificadas, mas sei que não é um trabalho fácil.
Você acha que a eleição de um democrata, por exemplo Barack Obama, pode facilitar as coisas? Não consigo aquilatar se vai mudar algo, mas pode criar um ambiente mais favorável. Todos sentem que o caso transcendeu os tribunais. É também político. Os 5 podem ser considerados, diante das circunstâncias, presos políticos. Com Bush é impossível devido aos compromissos dele e sua identidade ideológica com as organizações contra-revolucionárias de Miami. Não podemos esquecer que Bush deveu seu primeiro mandato a esta gente.
Como você vê a atividade dos comitês dos 5 fora dos Estados Unidos? De fundamental importância sua solidariedade e apoio. Quando escrevem para os 5, as centenas de cartas e mensagens dão-lhes ânimo para continuar firmes e esperançosos, mantêm alto o moral e até reforça a sua segurança dentro do presídio. As múltiplas atividades desses comitês, quando tornadas públicas, levadas ao conhecimento do grande Comitê dos 5 Heróis em Cuba e canalizadas para o comitê estadunidense, ajudam a formar nos Estados Unidos uma grande torrente que seguramente irá sensibilizar a opinião pública e esta, por sua vez, os juízes.
A que se deve sua presença no Brasil? Tenho viajado o mundo. Vim para o Rio de Janeiro ajudar a debater e divulgar o caso dos 5. Valorizo as ações dos vários comitês brasileiros. Fiquei muito honrada em receber, em nome dos 5, a medalha Tiradentes atribuída pela Assembléia Legislativa do Estado. Fiquei agradavelmente surpresa ao ver o grande elenco de ações recomendadas pela Convenção de Solidariedade. Uma me chamou a atenção pela originalidade. O Rio recebe muitos turistas, boa parte norte-americanos. A eles serão entregues nos terminais aéreos e marítimos material impresso em inglês sobre o caso.
Você tem visitado o seu marido? Como ele se encontra? Faz dois anos que eu e minhas filhas, Laura de 15 e Lizbeth de 11 anos tentamos visitá-lo. O Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana vem retardando o visto. Creio que esta é mais uma violação dos direitos humanos, o direito do prisioneiro de receber a visita de seus familiares. Pior acontece com Adriana, esposa de Gerardo, e Olga, esposa de René. A elas tem sido negado sistematicamente o visto sob a alegação de que oferecem perigo à segurança dos Estados Unidos. As minhas filhas se ressentem muito. Porém, sei que Ramón, um homem de 45 anos, a exemplo de seus 4 companheiros, presos há quase 10 anos, no início em condições extremamente cruéis, mantêm-se firmes. São amados pela sua família e pelo povo cubano, que os considera heróis. Ramón foi condenado a uma prisão perpétua mais 18 anos. Seus companheiros também receberam penas duríssimas e até maiores. Mas nenhum deles se deixa dobrar. Firmeza ideológica e dignidade não lhes faltam. Posso dizer que têm a têmpera do aço.
Quer deixar alguma mensagem ao povo brasileiro? Apelo a todas as pessoas de bem, aos defensores da justiça e dos direitos humanos, não importa sua posição política, que se juntem às ações e clamem por todos os meios pela libertação dos 5. Eles são lutadores antiterroristas, não conspiraram para perpetrar assassinato, nem para cometer espionagem, nem atentaram contra a segurança dos Estados Unidos. Simplesmente agiam para prevenir e alertar as autoridades de Cuba e também dos Estados Unidos de novos atos terroristas contra Cuba. Não se pode aceitar e persistir na tremenda injustiça que se pratica contra eles, seja qual for o motivo. Já cumpriram duríssimos e injustos 10 anos e devem ser imediatamente libertados
Fonte: Vermelho.

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