A mão invisível da CIA na União Européia.
De 1949 a 1959, em plena Guerra Fria, a CIA despejou o equivalente a US$ 50 milhões em movimentos pró-europeus, dentre os quais o do britânico Winston Churchill e o do francês Henri Frenay. Seu objetivo? Conter o comunismo.
Truman e Churchill em 1952: a Cia financiou organizações criadas pelo líder britânico, que não queria tirar os recursos do seu próprio bolso
Em 1948, a Europa estava dividida em duas. Metade do continente havia aderido ao socialismo e a outra metade, que permanecia fiel ao capitalismo, vivia sob a ameaça de uma invasão total do Exército Vermelho. Um pequeno círculo de americanos lançou então as bases do Comitê para uma Europa Unida (American Committee for United Europe), o Acue, oficialmente criado em 5 de janeiro de 1949, na sede da Fundação Woodrow Wilson, em Nova York. Políticos, juristas, banqueiros e sindicalistas se misturavam no interior de seu conselho diretivo. Robert Paterson, o secretário da Guerra; Paul Hoffman, o chefe de administração do Plano Marshall (ver glossário); Lucius Clay, o administrador da zona de ocupação na Alemanha. Mas o principal do Acue eram os homens do serviço secreto e a outra sigla que estava por trás do comitê. A CIA, a Agência Central de Inteligência, criada em 15 de setembro de 1947 por uma lei de segurança nacional assinada pelo presidente Harry Truman, envolvida em uma história que revela como os americanos, no pós-guerra, apoiaram os movimentos que defendiam a unificação da Europa como antídoto contra Stalin.Basta ver quem era seu presidente: William Donovan. Nascido em 1883 em Buffalo, o advogado irlando-americano conhecia bem a Europa. Em junho de 1942, criou o Office of Strategic Services (OSS), o serviço secreto americano da Segunda Guerra Mundial, que chefiaria até setembro de 1945, quando o órgão foi dissolvido. “Wild Bill” teceu relações privilegiadas com a CIA.Outro importante membro do comitê era Allen Dulles, ex-membro do OSS e um dos redatores da lei que criou a CIA. Dulles acreditava que em matéria de ação clandestina, público e privado deveriam unir forças. Em 1950, reassumiria oficialmente uma posição no serviço secreto, e logo em seguida estava à frente da agência – de fevereiro de 1953 a setembro de 1961.Surpreendente caldeirão, no comitê personalidades da alta sociedade e/ou do serviço secreto coabitavam com os dirigentes da poderosa central sindical American Federation of Labor, a AFL, com quem compartilhavam a aversão pelo comunismo.
Rémi Kauffer é professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris e membro do comitê editorial da revista Historia
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