“Correa fez mais pela saúde do que foi feito nos últimos 30 anos”
Quanto mais viajo pela América Latina, mais me dou conta de que o atraso histórico em que vive mergulhada esta parte do Terceiro Mundo decorre de uma praga que a impede de se desenvolver: sua elite
Nos últimos dias, o Equador, onde me encontro em viagem de trabalho, está submetido a polêmica midiática que alguns dirão familiar – e estarão certos, pois é do tipo que assola o Brasil semana sim, semana também.
No último sábado, o presidente Rafael Correa esteve na Universidade Católica Santiago de Guayaquil, uma das mais importantes do Equador, para defender a nova constituição do país, aprovada recentemente pela assembléia nacional constituinte e que irá a referendo popular no próximo dia 28 de setembro.
Tal como tem acontecido na Bolívia e aconteceu na Venezuela no fim do ano passado, a elite branca, a grande imprensa e os partidos de direita, minoritários porém barulhentos como só eles, não querem aceitar a vontade popular, expressa pelas urnas, e se põem a fazer baderna.
Enquanto Correa discursava num auditório da universidade, “estudantes” vestidos com camisetas negras estampadas com um “não” à aprovação do novo texto constitucional cercaram o recinto, impedindo o primeiro mandatário do país de sair e outras pessoas de entrar.
Fico imaginando se isso acontecesse nos EUA... Adversários de Bush cercando um auditório em que o presidente estivesse e impedindo-o de sair. Será que seriam reprimidos?
É óbvio que a polícia e a segurança de Correa trataram de desmontar o cerco. Os manifestantes, que Correa afirma estarem a serviço do prefeito de Guayaquil, seu principal adversário político, resistiram e daí resultou confronto físico entre um lado e outro.
A mídia, é claro, está explorando o caso. Os jornalões trazendo manchetes acusando o presidente de “ditador” etc.
Rafael Correa obteve, no fim do ano passado, mais uma expressiva vitória nas urnas. Cerca de 85% dos equatorianos votaram nos candidatos do governo a escreverem a nova constituição do país. Em suma: o presidente do Equador tem um apoio descomunal.
Seja no Brasil, na Bolívia, na Venezuela, no Equador ou em qualquer um dos países latino-americanos em que a mídia não concorda com a vontade política da maioria, ela estimula uma ditadura da minoria, da elite branca e racista que faz pouco da vontade da maioria por essa ser composta, majoritariamente, por não-brancos.
Vocês sabem que a cada mês, praticamente, estou num país latino-americano. Em todos eles, com exceção da Colômbia e do Peru, onde a direita e os EUA têm títeres governando, é a mesma coisa. Essa elite podre, racista e golpista, em conluio com o PIG local, trata de não aceitar a vontade da maioria enquanto clama por “democracia”.
Quando você diz a essa gente que a democracia pressupõe certos direitos às maiorias, escuta que ali a maioria “não conta porque é subornada pelo governo", via programas sociais. É a ditadura da minoria.
Na foto acima, estou entre um de meus clientes equatorianos e sua filha. Apesar de Cristobal ser um homem rico, não se compromete com apoio ao governo, até por medo do que um homem de negócios brasileiro poderia pensar de um empresário que apóia um governo de esquerda, suponho.
Mas meu simpático cliente, que chamou vários de seus empregados para almoçarem conosco depois de me fazer um excelente pedido, ponderou comigo pontos positivos do governo. Falou-me, por exemplo, da saúde pública. Diz que Correa, em pouco tempo, fez pela saúde o que seus antecessores não fizeram nos últimos 30 anos.
Os governos populares eleitos por toda América Latina e que ganham cada vez mais respaldo dos povos da região, só não fazem mais por conta dessa praga antidemocrática que infesta esta parte do mundo. E o pior, é que é uma praga que não pode ser exterminada porque falamos de seres humanos, por menos que pareçam.
Fonte: Cidadania
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