sábado, 2 de agosto de 2008

FARCS - Entrevista com o comandante Ivan Marques.

Entrevista a Iván Márquez do Secretariado das FARC
Quinta-feira, 25 de julho de 2008

As agências de notícia ANNCOL (www.anncol.eu) e ABP Notícias (www.abpnoticias.com) apresentam a seus leitores a transcrição das respostas dadas pelo Comandante Ivan Márquez, integrante do Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP, a perguntas feitas pelo jornalista William Parra, da TELESUL (www.telesurtv.net) sobre diversos temas referidos à realidade da confrontação política e social que se desenvolve na Colômbia.

Em primeiro lugar, o que significa a morte do comandante Manuel Marulanda Vélez e como foi assimilada pelas FARC o desaparecimento de seu líder histórico?

Iván Márquez: significa a ausência dolorosa de um imprescindível; do construtor do Exército do Povo; do estrategista da Campanha Bolivariana pela Nova Colômbia; do legendário comandante, artífice da concepção tática, operacional e estratégica das FARC e da guerra de guerrilha móveis; do condutor político da insurgência. Manuel Marulanda Vélez ? como nos versos de Neruda ? "não morreu. Está no meio da pólvora, de pé, como mecha ardendo". Continua combatendo desde as montanhas rebeldes da eternidade. Continua vivo nos fuzis dos guerrilheiros farianos, no Plano Estratégico, na Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia e no sonho coletivo de Pátria Grande e Socialismo, que são uma imensa bandeira ao vento. Perante nosso Comandante em Chefe, perante o altar da pátria, juramos vencer e venceremos. Como assimilamos esta ausência? Reafirmando nossa determinação de luta. Estreitando nossa coesão. Ratificando-nos em nossos princípios. Empunhando com mais força o livro e os fuzis do imbatível escudo guerrilheiro das FARC.

Segundo seu ponto de vista, qual é o maior legado que deixou Manuel Marulanda Vélez ao país?

Iván Marques: Haver sentado as bases para o Novo Poder com a construção de um exército popular bolivariano, coeso em suas estruturas, em torno do Plano Estratégico, irreversível em seu propósito de tomada do poder para o povo. Manuel Marulanda Vélez é exemplo de convicção, de perseverança e de luta irrenunciável. Jamais seremos inferiores à fé que depositaram os povos de Nossa América na luta de resistência das FARC. Suas manifestações admiráveis de solidariedade nos fazem exclamar com o Libertador Simón Bolívar que ?é imperturbável nossa resolução de independência ou nada?.

Pode nos fazer uma breve biografia de Manuel Marulanda Vélez?

Estou trabalhando uma biografia intitulada MANUEL MARULANDA VÉLEZ, o herói insurgente da Colômbia de Bolívar. Por enquanto só atino a responder seu requerimento com os destilantes versos épicos do poeta Luis Vidales:

"Canto Colombia a Manuel, el guerrillero
es este, América Latina, el que yo canto
a éste, mundo de hoy, os lo presento

Manuel es el padre de la selva colombiana
y allá donde es más libre la montaña
dulce patria hacia el cielo, allá lo siento
en su loor la noche iluminada
suelta su tiroteo de luceros

Las altas tierras limpias lo vieron colombiano
y el aire puro le fue dócil a su sueño
las altas tierras limpias lo vieron colombiano/
y el aire puro le fue dócil a su sueño/

El águila que pasa es un disparo/
cada ave es como un papel que cruza el cielo/
Para hablarle de patria los árboles susurran/
y el mástil de la palma flamea su bandera/
para indicar que pasa el guerrillero/

¡Un momento! le dice la límpida mañana/
y sobre un risco del ande americano/
le saca una foto espectral de cuerpo entero/

Los árboles son como escuadras de su ejército/
por defensor del pobre, pariente próximo del trigo/
como a éste le sucede: que cuarenta veces lo han dejado muerto/
sólo para quedar cuarenta veces vivo.

Morreu o comandante Marulanda em um mau momento para as FARC; o mês de março foi muito duro para a organização insurgente; perderam não só Raúl Reyes e Ivan Rios. Que comentário merecem as circunstâncias que caracterizaram este março de transe tão lutuosos?

Iván Márquez: os revolucionários não escolhemos um momento para morrer, mas em qualquer lugar onde nos surpreenda a morte, bem-vida seja, como diz o Che, sempre que este nosso grito de luta ? e isto eu mesmo digo ? de luta pela paz com justiça social, de independência, de Socialismo e Pátria Grande, chegue a um ouvido receptivo. A luta que travamos é até as últimas conseqüências porque "em uma revolução se triunfa ou se morre se é verdadeira". Os desenlaces dolorosos são previsíveis em uma confrontação e muito mais quando se enfrenta um inimigo com um grande poder de fogo, que levou a guerra à degradação e que tem todo o respaldo da tecnologia militar de ponta e os dólares que lhe proporciona o governo dos Estados Unidos no quadro de sua espoliadora estratégia de predomínio e subjugação. Mas não podemos afirmar que apesar do triunfalismo midiático, estamos saindo da horrível noite de março com novas experiências e com um horizonte claro para continuar a peleja pela paz, a justiça social, a democracia verdadeira e a dignidade.

Para muitos, estes golpes, estas mortes, deixam as FRC em difícil situação. Há vários analistas que consideram que esta guerrilha está quase derrotada militarmente. Estão certos?

Iván Márques: não conhecem as FARC. Confundem o desejo com a realidade e se enganam com suas fantasias. As FARC não são um exército de soldados bisonhos. A estas acontece o que a Bolívar, que crescia em meio da adversidade. Do fim do fim das FARC estão falando desde o ataque a Marquetalia (que deu origem ao surgimento da guerrilha marxista-leninista) em maio de 1964. Em 44 anos lançaram todos os planos e operações militares para aniquilá-las, e não puderam. Primeiro, o Plan LASO (Latin America Security Operation) cujo objetivo era impedir o surgimento de uma nova Cuba no continente, esse era o propósito da Operação Marquetalia. Em seguida desencadearam a operação Sonora que procurava derrotar militarmente as FARC na Cordilheira Central, mas não levaram em conta que enfrentavam os guerreiros de Manuel. Depois laçaram a Operação Centauro ou Casa Verde, mas os agressores tiveram que regressar com o rabo entre as pernas a Tolemaida, onde os esperavam seus mentores e instrutores norte-americanos.

A estas agressões seguiram como onda os planos Thanatos, Destructor 1, Destructor 2, o Plano Colômbia; e paralelamente a estes desencadearam o horror do paramilitarismo, criminosa estratégia contra-insurgente do Estado que procurava destruir o que consideravam bases sociais da guerra através dos massacres, das fossas comuns e das motos-serra. E agora com o Plano Patriota, formatado pelos estrategistas do Comando Sul do exército dos Estados Unidos, com o uso de sofisticadas tecnologias militares, satélites, aviões e aparatos não tripulados, uma tropa que ultrapassa os 400 mil efetivos e milhares de assessores e mercenários ianques e com a ?ajuda? militar de Washington com dezenas de helicópteros e US$ 10 bilhões no último período, aspiram, em um esforço desesperado, a derrotar a insurgência e o descontentamento popular.

Nem o fogo, nem as bombas das operações militares das oligarquias e do império, nem as marchas manipuladas conseguirão desarticular a resistência e a luta por uma Colômbia Nova, bolivariana. A luta armada na Colômbia é vigente e tem lugar porque os problemas políticos, econômicos e sociais que a motivaram não desapareceram. Em 1984, com o Acordo de La Uribe, tentamos a luta pela via eleitoral, mas a alternativa política que traçamos, a União Patriótica, foi varrida a tiros. Cinco mil foram os mortos pela intransigência do regime santanderista (do general Santander) que oprime a Colômbia. Por isso agora lutamos clandestinamente através do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia. Nas FARC há gente de princípios. Somos índios bravos. Não nos seduzem com cantos de sereia. Estamos de prontidão para entrar em combate, com passo de vencedores, no Ayacucho do século XXI, para o qual convocamos todos os povos de Nossa América. Parafraseando Bolívar: estamos com o sol; brotando raios por todas as partes.

O que nos pode dizer da versão do Presidente Uribe e do ministro da defesa da Colômbia, Juan Manual Santos, que insistem em que o comandante Marulanda morreu não como conseqüência de uma parada cardíaca, mas sim pelos intensos bombardeios ou por susto?

Iván Márquez: com tal ocorrência tanto o Presidente Uribe como o ministro da defesa, Santos, estão fazendo uso da mais incrível e extraordinária asneira. Só na cabeça de um imbecil pode caber que o legendário guerrilheiro que enfrentou durante 60 anos 17 governos e todos os Estados Maiores das forças armadas oficiais nesse lapso, poderia morrer de susto. Essa pretensão de tonto vaidoso só provoca hilaridade e indignação. Como disso o próprio comandante Manuel: "não podem nos matar com disparos de palavras".

Como se decidiu a designação de Afonso Cano como comandante máximo das FARC e que variações implica esta determinação na condução da organização?

Iván Márquez: implica a continuidade dos planos. E em relação a como foi designado Alfono como novo comandante das FARC, devo dizer que por unanimidade em 27 de março, quando nos inteiramos da infausta notícia da morte natural do Comandante em Chefe. Nesse mesmo dia tomamos a decisão também de adiar esta informação até o dia 23 de maio para fazê-lo no quadro do 44º aniversário das FARC. Todo o Estado Maior Central, o Secretariado e os combatentes farianos rodeiam ferreamente unidos o comandante Alfonso Cano.

Muitos críticos e analistas asseguram que com a chegada do comandante Cano se abrem novas possibilidades para iniciar uma negociação; uma nova oportunidade para o intercâmbio humanitário e a paz. Que avaliação faz destas afirmações?

Iván Márquez: as políticas das FARC já estão definidas, determinadas por nossas Conferências Nacionais e pelos Planos do Estado Maior Central. Há uma linha tática e estratégica elaborada coletivamente. A paz foi sempre nosso principal objetivo estratégico, e nisto coincidimos com o Libertador para quem "a insurreição se anuncia com o espírito de paz, resiste contra o despotismo porque este destrói a paz e não empunha as armas senão para obrigar seus inimigos à paz".

Os acontecimentos de 2 de julho que desembocaram na libertação de 15 prisioneiros pareceriam indicar que os resgates militares são uma solução para o problema. O que aconteceu nas selvas do Guaviare?

No inesperado resgate de 15 prisioneiros de guerra nas selvas do estado do Guaviare, nem Uribe nem Santos nem os generais Padilla nem Montoya são os heróis que se reivindicam. Na pretensa operação só colocaram os helicópteros; todo o trabalho foi realizado por dois traidores que, por sua vez foram traídos pelos generais e pelo governo. Esse acontecimento foi utilizado a fundo para lançar flores no Presidente, nos militares e na política de "Segurança Democrática" e, sobretudo, para tapar a escandalosa ilegitimidade e ilegalidade do segundo mandato do senhor Uribe, surgido do delito de co-autoria que favoreceu sua reeleição imediata. Procurava o Presidente Uribe dissimular seu semblante de desaforado ditador que ataca com todos os fogos de sua ira as sentenças da Corte que lhe são adversos. Atuando por fora de seu próprio estado de direito pretende derrubar a partir do Palácio de Nariño, com poderosas cargas explosivas, a independência da Corte Suprema de Justiça. Já tem submetido o ramo legislativo do poder público; agora vai pela jurisdicional.

A propósito desta libertação de 2 de julho o comandante Fidel Castro disse que as FARC jamais deveriam ter capturado Ingrid Betancourt e que muito menos devessem ter nas condições da selva como prisioneiros os soldados e os civis que tinham as FARC, e isto o aponta como um ato de crueldade. Que opina sobre esse argumento do comandante?

Iván Márquez: não gostaria de exteriorizar sentimentos que provocam este tipo de posições. Somente quero dizer que as FARC estão em todo seu direito de procurar por todos os meios a liberdade dos combatentes guerrilheiros presos tanto nas prisões do regime como nas do império. Procuramos uma saída que ponha termo ao sofrimento do cativeiro dos prisioneiros das duas partes contendoras. É preciso pensar também na crueldade e nas correntes que suportam os nossos nas masmorras do regime uribista e nas do império, que são as mesmas que padecem os 5 heróis cubanos e os milhares de prisioneiros violentados em seus direitos como ocorre nos cárceres de Abu Graih e de Guantânamo. Quero acrescentar que na Colômbia alguns dirigentes políticos são mais militaristas e guerreiristas do que os próprios militares. Muitos deles instrumentalizam e são protagonistas ativos da legislação de guerra e da repressão contra o povo da Colômbia por conta do Terrorismo de Estado.

O presidente Uribe fala de cercos humanitários sobre os possíveis acampamentos onde se encontram os prisioneiros de guerra. Que significado tem para as FARC este anúncio; continua a ordem de não permitir o resgate a sangue e fogo?

Iván Márquez: não existem cercos humanitários, mas sim cercos militares. Isso dos cercos humanitários é um engano para dar a sensação de um controle territorial que nunca existiu. Por trás disso o que existe é uma ordem infame do presidente Uribe a seus generais de resgatar a sangue e fogo os prisioneiros, sem que importem as conseqüências. Nestas circunstâncias, qualquer desenlace fatal será responsabilidade do senhor Uribe.

O governo francês se ofereceu em receber todos os membros das FARC que estejam incluídos no intercâmbio. Se se concretiza o intercâmbio estariam as FARC dispostas a deixar que os guerrilheiros libertados vão a outro país?

Iván Márquez: essa proposta é por si só uma afronta à dignidade dos guerrilheiros das FARC. Os verdadeiros combatentes não mudam as montanhas da pátria nem suas convicções por um humilhante desterro em ultramar.

A França assumiu em primeiro de julho a presidência da União Européia. Pelo interesse deste país no intercâmbio humanitário, as FARC pensarão na possibilidade de buscar o reconhecimento político, o reconhecimento de beligerância e a retirada de seu nome da lista de grupos terroristas?

Iván Márquez: de fato somos uma força beligerante à espera de que os que quiserem contribuir para a paz da Colômbia, façam esse reconhecimento. É uma condição temporária enquanto é resolvido o conflito de legitimidades. O qualificativo de terroristas não é mais do que uma imposição do maior terrorista que teve a humanidade: o governo dos Estados Unidos.

Os meios de comunicação falam profusamente de umas FARC golpeadas política e militarmente e dizimadas tanto em número de combatentes como em recursos econômicos. Expressam os analistas que as FARC passam pelo pior momento de sua história. Até que ponto as FARC estão golpeadas?

Iván Márquez: na realidade o que preocupa a eles é o desencadeamento da inconformidade social com a existência de uma guerrilha bolivariana como as FARC, que já completou o deslocamento estratégico de sua força por todo o território nacional. Por isso o Plano Patriota. Por isso a escalada da intervenção militar dos Estados Unidos na Colômbia. Por isso a transformação da base aérea de Três Esquinas em base militar norte-americana na Amazônia, que é o que cobiçam. Se as FARC estivessem esfaceladas não estariam anunciando o traslado da base de Manta para a Colômbia. O que está se esfacelando é a putrefata institucionalidade colombiana salpicada de sangue e cocaína, narco-paramilitarismo e ilegitimidade.

Nos momentos atuais é possível que se possa chegar a uma negociação de paz com o governo Uribe?

Com Uribe a paz não é mais do que uma quimera. A solução política do conflito só é possível com outro governo e muito mais se é o resultado de um Grande Acordo Nacional no qual desempenhem papel protagônico as forças de mudança e o soberano, que é o povo. Um novo governo que fazendo da paz seu objetivo supremo recolha as tropas em seus quartéis e mande os ianques para casa.

Qual é a caracterização que as FARC têm neste momento do governo de Uribe e da situação da institucionalidade colombiana em meio da bruxaria da narco-para-política e outros escândalos mais como o da Yidis-política?

Iván Márquez: é um governo narco-paramilitr, ilegítimo e ilegal. Só o mantém o criminoso apoio do governo de Washington, o terrorismo de Estado, a manipulação da opinião pública através de campanhas midiáticas, dos massacres, do despojo de terras, do êxodo forçoso, da moto-serra, das fraudes e suborno. Os Estados Unidos necessitam de um regime como o da Colômbia para utilizá-lo como cabeça de praia para o assalto neoliberal ao continente.

As FARC disseram que o governo de Uribe Vélez é ilegal e ilegítimo. Por que então se mantém, segundo difunde a imprensa colombiana, nos mais altos níveis de popularidade e por que não cai este governo?

Iván Márquez: As pesquisas não consultam 70% da população que se debate na pobreza e na miséria, nem os mais de 4 milhões de refugiados internos pelo terrorismo de Estado. Não consultam os 50 por cento da população economicamente ativa que sofre a angústia cotidiana do desemprego e do subemprego. Não consultam os sindicalistas perseguidos, nem os indígenas violentados, nem as negritudes esquecidas, nem os estudantes reprimidos. Os 80 por cento da popularidade de Uribe é uma farsa e é o resultado da mais asquerosa manipulação da opinião.

O que se pode esperar da nova geração de comandantes que assumiu a direção das FARC: uma linha militar mais dura ou pelo contrário, a chegada à política total?

Iván Márquez: Continuar o caminho traçado pelo inesquecível Comandante-em-Chefe, Manuel Marulanda Vélez, quer dizer, o da política total, que é a luta estratégica pela tomada do poder pela vida das armas e da insurreição com o que se chegaria a um governo revolucionário ou pela via das alianças políticas para a instauração de um governo verdadeiramente democrático, em consonância com a Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia.

Segundo os supostos computadores confiscados do comandante Raúl Reyes as FARC foram financiadas pelo governo do Presidente Hugo Chávez. O que há de verdade nisso?

Iván Marquez: Se isso houvesse sido assim já teríamos derrubado este governo títere dos Estados Unidos. Essa afirmação é um pretexto intervencionista. O que deve chamar a atenção da América Latina e do mundo são os US$ 10 bilhões que a Casa Branca aportou ao governo terrorista de Uribe para massacrar o povo, fazê-lo desaparecer, despojá-lo, expulsá-lo. A Colômbia é o primeiro receptor de ajuda militar dos Estados Unidos no hemisfério e o terceiro receptor no mundo. Claro, o governo de Washington apóia desta maneira seu testa-de-ferro predileto na desestabilização da região, pensando na contenção da poderosa força bolivariana que já se vê chegar ao horizonte deste século. Um tribunal dos povos deve conduzir ao banco dos réus o império rapaz e violento que quer continuar subjugando os povos.

As FARC financiaram a campanha presidencial de Rafael Correa no Equador? E com que?

Iván Márquez: Isso é um contra senso. São as FARC que necessitam da ação do internacionalismo solidário dos povos do mundo.


Com todas as dificuldades que se apresentaram em torno do tema da presença guerrilheira como desculpa que gerou a crise diplomática entre a Colômbia e o Equador ou Colômbia e Venezuela, não se expõe a necessidade de um questionamento da persistência desta forma de luta, sobretudo quando está latente a ameaça dos Estados Unidos com o argumento de que atuará contra os que considerem que apóiam o terrorismo?

Iván Márquez: A luta armada não está em questão. As causas que a motivaram não se modificaram. As oligarquias só querem uma paz que não toque em seus privilégios, que não modifique as injustas estruturas políticas, econômicas e sociais que causaram a pobreza pública. A estratégia de dominação dos Estados Unidos já está traçada e o pretexto é o de menos. O que os ianques querem é o petróleo da Venezuela, o gás da Bolívia, as riquezas da Amazônia e a miséria para os nossos povos. O que se impõe é a articulação da resistência às políticas agressivas do império. Quero lembrar que nos fuzis guerrilheiros das FARC resistem os povos de Nossa América. E quanto à pertinência da luta armada, uma reflexão do Libertador: ?Mesmo quando forem alarmantes as conseqüências da resistência ao poder, não é menos certo que existe na natureza do homem social um direito inalienável que legitima a insurreição?. Enquanto existirem as FARC ninguém poderá tomar o fuzil do Che.

O estado de La Guajira é da Venezuela como diz o Presidente Chávez?

Iván Márquez: Sem dúvida, La Guajira pertence à Colômbia de Bolívar e do primeiro precursor da independência de Nossa América, o generalíssimo Francisco de Miranda. Nosso critério é o mesmo exposto pelo libertador ao general Paez: "esqueci-me de dizer ao senhor que pensamos em fundir juntas dois ou três metades dos departamentos (estados) de Boyacá, Zulia e Barinas para que não haja mais fronteira da Venezuela nem da Nova Granada, porque esta divisão é o que está nos matando e por isso mesmo devemos destruí-la". Uma reafirmação final: Juramos vencer e venceremos!
Fonte: CMI Brasil

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