quinta-feira, 21 de agosto de 2008

HISTÓRIA - Espanha terá banco de DNA das vítimas da Guerra Civil.

Espanha terá banco de DNA das vítimas da Guerra Civil.

Mais de 100 pessoas de diversos países do mundo contribuíram para criar, na Espanha, o primeiro banco de DNA que ajudará a identificar os corpos de seus familiares desaparecidos durante a Guerra Civil (1936-1939) e a ditadura de Franco (1939-1975).

No dia 18 de agosto deste mês, a Casa de Cultura da localidade de Miranda de Duero, a 160 km a norte de Madri, encheu-se de gente de toda a Espanha, da França, Suíça, Itália e do Brasil, para onde muitos emigraram durante a guerra, informou Emilio Silva, presidente da Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH).

No total, 110 pessoas se dispuseram a dar amostras da saliva para uma análise de DNA mitocondrial, que deve ser concluída no início de 2009.

Elas acreditam que seus parentes que desapareceram durante a guerra estão enterrados em alguma das sete valas comuns da região, uma das quais será exumada em breve para a identificação de entre 30 e 50 corpos.

"A Associação para a Recuperação da Memória Histórica está promovendo esta iniciativa que até agora só havia sido feita individualmente e que vai servir para os casos ainda não identificados ou para as novas valas que serão abertas", explicou.

Trata-se de um modelo para identificar os desaparecidos da Guerra Civil e da ditadura e "um bom precedente que possivelmente será levado a mais sítios na Espanha", comentou o incentivador desta associação, criada há oito anos, que já exumou 110 valas, com 1.200 corpos, na Espanha.

A ARMH possui dados da existência de quase 400 valas na Espanha.

Cerca de 5 mil pessoas desaparecidas naquela época são procuradas por seus familiares.

A Guerra Civil Espanhola, na qual morreram mais de 500 mil pessoas, foi um conflito entre duas frentes militares, ocorrido na Espanha entre os anos de 1936 e 1939.

A vitória do fascista Francisco Franco ocorreu como o apoio ostensivo da Alemanha de Adolf Hitler e da Itália de Benito Mussolini.

A Guerra Civil espanhola (1936-39) foi o acontecimento mais traumático que ocorreu antes da 2ª Guerra Mundial, estando presentes nela todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX.

De um lado se posicionaram as forças nazi-fascistas, aliadas às classes e instituições conservadoras da Espanha (O Exército, a Igreja e o Latifúndio) e do outro a Frente Popular que formava o governo Republicano, representando os sindicatos, os partidos de esquerda e outras organizações democráticas.

Para a direita espanhola, tratava-se de uma cruzada para livrar o país da influência comunista e restabelecer os valores da Espanha tradicional, autoritária e católica.

Para tanto era preciso esmagar a República, que havia sido proclamada em 1931, com a queda da monarquia.

Para os democratas, era preciso dar um basta ao avanço no nazi-fascismo que já havia conquistado Itália (em 1922), a Alemanha (em 1933) e a Áustria (em 1934).

Foi justamente esse conteúdo, de agudo enfrentamento ideológico, que fez com que a Guerra Civil deixasse de ser um acontecimento puramente espanhol para tornar-se numa prova de força entre forças que disputavam a hegemonia do mundo.

Nela envolveram-se a Alemanha nazista e a Itália fascista e a União Soviética, que solidarizou-se com o governo Republicano.

No dia 27 de abril de 1937, vésperas da Segunda Guerra Mundial, a população daquela cidade espanhola levantou-se normalmente, foi ao mercado, e presenciou uma das maiores atrocidades nazista que jamais será esquecida.

Para mostrar seu poder, força e capacidade de destruição, os alemães utilizaram-se de Guernica, que fora bombardeada fria e cruelmente, refugiados que corriam para os campos eram mortos por metralhadoras manuseadas por caças que mergulhavam na cidade.

A cidade, que não era alvo militar, foi também alvo por causa do objetivo nazista de treinar militares em combates aéreos.

Para demonstrar todo este sofrimento Pablo Picasso criou a obra conhecida como Guernica, admirada e valorizada até hoje.

Já no final da guerra, os Estados Unidos fizeram algo parecido com a cidade de Dresden, na Alemanha, quando o Exército Vermelho avançava para Berlin.
Fonte:

Nenhum comentário: