Dentro das pesquisas
por MARCOS COIMBRA - do Estado de Minas
Para as oposições, o grave é que aqueles que não sabem (que Dilma é a candidata de Lula) são diferentes dos que já estão informados. São mais pobres, menos educados, residem em regiões menos desenvolvidas. Por isso, recebem em maior proporção o Bolsa-Família e outros programas sociais
Quem, como muitas pessoas na oposição, se assustou com os resultados da recente pesquisa do Datafolha cometeu, provavelmente, dois equívocos. De um lado, pode ter superestimado a gravidade da situação que descrevia para Serra naquele momento. De outro, no entanto, pode ter subestimado os problemas que ele deve enfrentar nos próximos meses.
O encurtamento da vantagem de Serra em relação a Dilma já era conhecido desde janeiro, por meio de pesquisas públicas realizadas pela Vox Populi e a Sensus. Além delas, havia outras, não destinadas à divulgação, que as corroboravam. O meio político já trabalhava, portanto, com um cenário de virtual empate entre eles. Na da Sensus, concluída na última semana do mês, a distância entre ambos havia ficado em cinco pontos percentuais. No fim de fevereiro, o Datafolha apontou quatro pontos, isto é, a mesma coisa.
A estabilidade nesse período era boa para Serra. Se considerarmos que as duas pesquisas são plenamente comparáveis, poderíamos dizer que ele caiu entre dezembro e janeiro, com algumas alterações na distribuição socioeconômica e geográfica de suas intenções de voto (nenhuma muito expressiva, no entanto). Mas esse desgaste não continuou nas semanas seguintes, pois um mês se passou sem mudança nos números.
Para quem, como ele, insiste em permanecer recluso e sem disposição de entrar em campo, não seria mal se as coisas estivessem assim. Sua vantagem, embora menor, permanecia, subindo significativamente quando Ciro Gomes saía da lista. Como a hipótese de só ficarem ele, Dilma e Marina parece provável, os oito pontos percentuais de frente eram reconfortantes (sempre lembrando que a ministra faz campanha e ele não).
Ou seja, as queixas unânimes de seus companheiros, insatisfeitos com sua opção de esperar o tempo certo, não seriam tão procedentes. Se o prejuízo estava contabilizado e parecia interrompido, não haveria por que pisar no acelerador. De pouco adiantaria, aliás, pois nada se compara ao poderio de comunicação de Lula e do governo federal. A ficar como Davi bradando contra Golias, quem sabe não seria mesmo melhor o silêncio em público (e a guerrilha no bastidor)?
Não tem razão, assim, quem olhou essa pesquisa e se desesperou. Se o que ela indicava fosse uma tendência, haveria muito que comemorar, no campo serrista, nos seus resultados.
O problema são as respostas a outras perguntas, além das de simples intenção de voto. Mais exatamente, as relativas ao nível de conhecimento dos candidatos, a dimensão crucial de uma eleição onde uma contendora fortíssima é ainda quase desconhecida por uma proporção muito grande do eleitorado.
Na pesquisa do Datafolha (também nesse aspecto semelhante às demais), acertaram o nome da candidata de Lula 59% dos entrevistados. O que quer dizer que os restantes 41% não teriam qualquer razão para votar em Dilma.
Se alguém não sabe sequer que ela é a candidata de Lula, sabe o quê? Como poderia dizer que votaria em uma pessoa que desconhece completamente? Como pensaria em seu nome para o cargo mais importante do país?
Para as oposições, o grave é que aqueles que não sabem são diferentes dos que já estão informados. São mais pobres, menos educados, residem mais em cidades pequenas e nas regiões menos desenvolvidas. Por isso, recebem em maior proporção o Bolsa-Família e outros programas sociais. São os que mais percebem que sua vida melhorou no período Lula e que, em função disso, estão mais satisfeitos com seu governo e mais dispostos a votar em quem ele indicar para continuar o que faz.
Segundo o Datafolha, o conhecimento de que Dilma é a candidata de Lula cresceu sete pontos (indo de 52% para 59%) entre dezembro e o fim de fevereiro. Nesse intervalo, no cenário com Ciro, ela subiu cinco pontos e Serra caiu cinco. São números tão parecidos que sugerem que a intenção de voto em Dilma cresce na razão direta do aumento de seu conhecimento, enquanto que com Serra a razão é inversa. Ele cai à medida que ela se torna conhecida.
Olhando para quem falta conhecê-la, a oposição tem todos os motivos para ficar (muito) preocupada com o que parece estar vindo pela frente.
Quem, como muitas pessoas na oposição, se assustou com os resultados da recente pesquisa do Datafolha cometeu, provavelmente, dois equívocos. De um lado, pode ter superestimado a gravidade da situação que descrevia para Serra naquele momento. De outro, no entanto, pode ter subestimado os problemas que ele deve enfrentar nos próximos meses.
O encurtamento da vantagem de Serra em relação a Dilma já era conhecido desde janeiro, por meio de pesquisas públicas realizadas pela Vox Populi e a Sensus. Além delas, havia outras, não destinadas à divulgação, que as corroboravam. O meio político já trabalhava, portanto, com um cenário de virtual empate entre eles. Na da Sensus, concluída na última semana do mês, a distância entre ambos havia ficado em cinco pontos percentuais. No fim de fevereiro, o Datafolha apontou quatro pontos, isto é, a mesma coisa.
A estabilidade nesse período era boa para Serra. Se considerarmos que as duas pesquisas são plenamente comparáveis, poderíamos dizer que ele caiu entre dezembro e janeiro, com algumas alterações na distribuição socioeconômica e geográfica de suas intenções de voto (nenhuma muito expressiva, no entanto). Mas esse desgaste não continuou nas semanas seguintes, pois um mês se passou sem mudança nos números.
Para quem, como ele, insiste em permanecer recluso e sem disposição de entrar em campo, não seria mal se as coisas estivessem assim. Sua vantagem, embora menor, permanecia, subindo significativamente quando Ciro Gomes saía da lista. Como a hipótese de só ficarem ele, Dilma e Marina parece provável, os oito pontos percentuais de frente eram reconfortantes (sempre lembrando que a ministra faz campanha e ele não).
Ou seja, as queixas unânimes de seus companheiros, insatisfeitos com sua opção de esperar o tempo certo, não seriam tão procedentes. Se o prejuízo estava contabilizado e parecia interrompido, não haveria por que pisar no acelerador. De pouco adiantaria, aliás, pois nada se compara ao poderio de comunicação de Lula e do governo federal. A ficar como Davi bradando contra Golias, quem sabe não seria mesmo melhor o silêncio em público (e a guerrilha no bastidor)?
Não tem razão, assim, quem olhou essa pesquisa e se desesperou. Se o que ela indicava fosse uma tendência, haveria muito que comemorar, no campo serrista, nos seus resultados.
O problema são as respostas a outras perguntas, além das de simples intenção de voto. Mais exatamente, as relativas ao nível de conhecimento dos candidatos, a dimensão crucial de uma eleição onde uma contendora fortíssima é ainda quase desconhecida por uma proporção muito grande do eleitorado.
Na pesquisa do Datafolha (também nesse aspecto semelhante às demais), acertaram o nome da candidata de Lula 59% dos entrevistados. O que quer dizer que os restantes 41% não teriam qualquer razão para votar em Dilma.
Se alguém não sabe sequer que ela é a candidata de Lula, sabe o quê? Como poderia dizer que votaria em uma pessoa que desconhece completamente? Como pensaria em seu nome para o cargo mais importante do país?
Para as oposições, o grave é que aqueles que não sabem são diferentes dos que já estão informados. São mais pobres, menos educados, residem mais em cidades pequenas e nas regiões menos desenvolvidas. Por isso, recebem em maior proporção o Bolsa-Família e outros programas sociais. São os que mais percebem que sua vida melhorou no período Lula e que, em função disso, estão mais satisfeitos com seu governo e mais dispostos a votar em quem ele indicar para continuar o que faz.
Segundo o Datafolha, o conhecimento de que Dilma é a candidata de Lula cresceu sete pontos (indo de 52% para 59%) entre dezembro e o fim de fevereiro. Nesse intervalo, no cenário com Ciro, ela subiu cinco pontos e Serra caiu cinco. São números tão parecidos que sugerem que a intenção de voto em Dilma cresce na razão direta do aumento de seu conhecimento, enquanto que com Serra a razão é inversa. Ele cai à medida que ela se torna conhecida.
Olhando para quem falta conhecê-la, a oposição tem todos os motivos para ficar (muito) preocupada com o que parece estar vindo pela frente.
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