De autoria do jornalista Mário Augusto Jakobskin, publicado no site Direto da Redação.
AGRIPINO, O DEMO
Realmente, o que se pode esperar de um político e de um partido que abriga em suas fileiras um cidadão do porte de José Agripino Maia. Este representante elite nordestina teve o desplante de perguntar a Ministra Dilma Roussef se ela mentiu na ditadura durante a tortura. Ela respondeu a altura e de forma brilhante. Agripino deixou cair a máscara e revelou-se no fundo um saudosista dos anos de chumbo, período em que sua gente mandava e desmandava neste país, matando e torturando. Perguntado sobre o que achou da resposta, Agripinio Maia limitou-se a dizer que foi mal interpretada a sua pergunta e que a Ministra “emocionalizou” a resposta. Não teve coragem de admitir que quebrou a cara. Agripino Maia foi da Arena, o partido da ditadura, que queimado mudou de nome para PDS, posteriormente transformado em PFL e agora, por estar minguando mudou novamente de denominação para democratas. Cai bem para eles a abreviatura Demo. Pelo passado de Maia e dos correligionários que estão usando indevidamente o adjetivo democrata, pode-se imaginar porque foi perguntado a Ministra se ela mentiu durante a ditadura. Maia naquela época nunca mentiu, apoiava em gênero, número e grau o regime ditatorial que matava, torturava e mantinha o povo distante de qualquer forma de decisão. Se algum pesquisador fizer uma incursão nos anais parlamentares e nas notícias dos jornais da época verá como falava a verdade este apoiador da ditadura oriundo da elite nordestina. E agora, vejam só, este senhor quer posar de uma forma que nunca foi, ou seja, de democrata. Questionado, ele mentiu em plena democracia, ao afirmar que sempre foi contra a tortura. E então, pergunta-se: por que apoiou a ditadura até os seus estertores? Não sabia de nada o que acontecia nos porões do regime implantado no Brasil em 1 de abril de 1964? Esta gente, diga-se de passagem, já infelicitou o país por largo tempo. Na democracia, mesmo a formal, Maia et caterva mal consegue se eleger e para tal tem que gastar muito para obter algum tipo de mandato. Os Demos de hoje estão definhando não é à toa. Na Europa, entretanto, os próximos dos Demos, como a hoje fortalecida direita italiana, defensora do Dulce, algo que se imaginava nunca mais voltar, controla o Parlamento e tem como primeiro-ministro uma figura das mais execráveis da política mundial chamado Silvio Berlusconi, o magnata das comunicações, que se voltou à crista da onda em função da própria incompetência dos seus adversários alinhados numa dita esquerda, mas que se esquerda guarda apenas a denominação, mas na prática adota o ideário do Estado mínimo.Na Inglaterra, o Partido Trabalhista, que de trabalhista propriamente dito só guarda a denominação, os Conservadores voltaram a ganhar a hegemonia. Mas no frigir dos ovos, Conservadores e Trabalhistas não estão tão distantes assim como se pode imaginar. Gordon Brown que o diga. Este primeiro-ministro que substituiu Tony Blair, também conhecido como cachorrinho de George W. Bush, é um exemplo típico a que ponto chegou a decadência política do país inventor do velho esporte bretão. A decadência trabalhista afetou Ken Livingstone, o Prefeito de Londres que tinha boas relações com o governo de Hugo Chávez, inclusive tendo firmado acordo na área de combustível com a República Bolivariana da Venezuela. O eleito do Partido Conservador, Boris Johnson vai ter de dizer a que veio, pois em pouco tempo poderá acontecer com ele o mesmo que com Nicolas Sarkosy. Este político francês foi um dos exemplos mais marcantes de perda de prestígio em um ano de mandato. Hoje, os franceses já se arrependem terem votado nele no ano passado. Foram avisados, mas não entenderam a mensagem, que se elegessem Sarkosy iam ver o que era bom para tosse. Estão vendo e já se arrependeram. Na América Latina, um continente que se move e se cansou de ser quintal ou pátio traseiro dos Estados Unidos, os partidos políticos tradicionais defensores do capital perderam de tal forma a força que tiveram de ser substituídos em muitos países pela mídia.
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