segunda-feira, 1 de junho de 2009

ESQUERDA TOMA POSSE EM EL SALVADOR.

Funes e a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional conseguiram quebrar o forte aparato governamental e a sistemática campanha anticomunista, depois de várias tentativas e abrem um período novo na história do país.

Por Emir Sader, no Blog do Emir

As solenidades, a que assistirão 17 mandatários, se faz com o nome: Um encontro com a história, para marcar o momento histórico que vive o país. Grande quantidade de gente do povo passou o domingo inteiro concentrados nos principais eixos da cidade, recepcionando com as bandeiras vermelhas da FMLN as delegações estrangeiras.

De manhã (nesta segunda-feira, 01), Funes tomará posse formal e, à tarde, a FMLN faz grande comício e festa popular no estádio de futebol da cidade, com capacidade normal de 45 mil pessoas, mais os espaços do gramado, que serão ocupados pelas delegações convidadas.

O governo foi formado com participação do FMLN em postos essenciais - entre eles o Ministério de Governação, um espécie de ministério da Justiça, o de Educação, ocupado por Salvador Sanchez, o ex-comandante Leonel, eleito vice-presidente, assim como dois ex-prefeitos de São Salvador e o importante Ministério da Defesa.

Funes terá minoria no Parlamento, onde a oposição reelegeu o presidente da Câmara, mas poderá contar com imenso apoio popular para desbloquear temas importantes. Por agora o Congresso já aprovou o projeto de lei de estabelecimento da gratuidade no ensino, que não existia anteriormente.

Com o governo da FMLN se alastra um clima de diversidade ideológica e política na América Central, à qual se somam os governos de Honduras e da Nicarágua, ambos aderidos à Alba, situação que a região nunca tinha conhecido. Aguardam-se os discursos da manhã e da tarde de Funes, para saber que tom dará a seu governo.

Por ser o menor pais do continente, El Salvador é chamado de pequeno polegar. Foi, durante muito tempo, a economia mais dinâmica da região, uma das poucas - junto com Costa Rica - que tinha conseguido um certo nível de desenvolvimento industrial, mesmo se seu comércio exterior - como o de todos os países centroamericanos - se centra na exportação de produtos primários, em geral agrícolas, de pouco valor no mercado internacional, uma das principais razões do atraso relativo desses paises no conjunto da América Latina.

A passagem ao ciclo longo recessivo da economia internacional afetou duramente a El Salvador e a toda a América Central, contraindo suas exportações e fazendo mergulhar a região na sua pior crise econômica e social, comparável àquela dos anos 30.

Nessa década surgiram os dois mais importantes lideres populares da Ameríca Central - Sandino, na Nicaragua, e Farabundo Marti, em El Salvador, ambos liderando setores camponeses e lutando contra as reiteradas intervenções militares norte-americanas. A luta dos sandinistas foi retomada nos anos 50 e desembocou, em 1979, na vitoria da insurreição que derrubou a longa ditadura dos Somoza.

O triunfo teve conseqüências imediatas nos países vizinhos. A Guatemela, que havia tido um ciclo de guerrilhas rurais nos anos 60, retomou com força essa luta, assentada dessa vez na unificação das várias frentes guerrilheiras, à que se somou o Partido Comunista.

El Salvador tinha alguns grupos clandestinos e o PC, mas foi com a vitória sandinista que se iniciou a luta armada, igualmente unificando os núcleos que se organizavam separadamente para a luta armada, à que também se somou o PC.
Fonte:Site O Vermelho

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