Fernando Leite Siqueira (Presidente da AEPET)
Temos dito e repetido que os dois segmentos por trás do lobby internacional sobre os três poderes da nossa República são os EUA, que só tem 29 bilhões de barris de reservas e consomem 10 bilhões por ano, e o cartel internacional das 7 irmãs, que já tiveram 90% das reservas mundiais sobre o seu domínio e hoje tem cerca de 3% apenas. O pré-sal pode ajuda-los a sobreviver.
Esses dois blocos de poder jogam pesado na obtenção de reservas por todo o mundo: suborno, corrupção, assassinato de líderes e invasão de países com reservas de recursos não renováveis como petróleo e minérios estratégicos.
Na era Obama, ao contrário da era Bush, a atuação tem sido mais sutil: massagem no ego do “publico alvo”. Vejamos alguns exemplos: 1) Obama diz que Lula é o Cara (My Men), portanto, o líder mais popular do mundo; 2) Câmara de Comércio Brasil-EUA homenageia Gabrielli com o título de “homem do ano”; 3) O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi homenageado pela Câmara Brasileira de Comércio da Grã-Bretanha, no dia 20 de maio, sendo agraciado com o título de “Personalidade do Ano”. A solenidade de agraciamento ocorreu em um Jantar de Gala realizado no Hotel Dorchester de Londres, Inglaterra. Falando francamente, não há um único requisito em lobão para justificar tal título. A não ser o golpe no ego para abrir a sua guarda para as corporações estrangeiras que querem manter a atual legislação do petróleo, favorável a eles. É o lobby domesticando o Lobão.
Portanto, quando Lobão declara, em Londres: “A Petrobrás não pode encarar sozinha a grande tarefa de desenvolver o pré-sal”, e acrescenta: “Certamente faremos leilões no próximo ano”. É o efeito do novo tipo de assédio.
Lobão disse ainda que espera que o Congresso aprove a proposta do grupo interministerial, encampada pelo presidente Lula, ainda este ano, para retomar os leilões no fim de 2011. Segundo a imprensa, Lobão e Dilma declararam que as áreas serão entregues à empresa que oferecer maior percentual de participação para a União. “Se a Petrobrás não quiser participar dos leilões, é problema dela”.
Já vimos filmes parecidos com este: no 6o leilão, a norte-americana Devon ganhou parte do bloco BC-60 (“filé-mignon”) oferecendo um percentual de conteúdo nacional, inviável. A ANP havia dado um peso de 40% nesse requisito. A Devon, até então parceira da Petrobrás, portanto, sabia da oferta dela, “divorciou” e fez uma proposta vitoriosa pagando menos que a oferta Petrobrás. No 9o leilão, a empresa OGX, do magnata Eike Batista, comprou alguns geólogos da Petrobrás (pagando salários altíssimos) e quando o leilão terminou, eles saíram da Petrobrás para aquela empresa. Resultado: a Petrobrás fez oferta para 57 blocos e perdeu cerca de 20 para o Eike.
Relembremos que, já no governo de transição, estivemos com a Dilma e ela nos perguntou como parar o 5o leilão. Respondemos que ele já estava muito adiantado e que a Petrobrás havia arrematado 75 dos 78 blocos ofertados, portanto, ela deveria cuidar para não haver novos leilões. “Isto é ponto pacífico no Governo Lula”, disse ela. Um mês depois, emitiu a portaria no 8, do CNPE, mandando a ANP retomar os leilões. Era a plástica ideológica para se credenciar como candidata a presidente. Assim, a nova estatal apregoada, ao que parece, virá para continuar os leilões e, se possível, alijar a Petrobrás da competição. Lembremos, também, que a norte-americana Halliburton comanda a ANP, de fato, e o Haroldo Lima, de direito.
Logo, é fundamental que todas as entidades e o povo brasileiro vão às ruas para defender essa riqueza que pertence a Nação brasileira. Se os leilões continuarem, as empresas estrangeiras que ganharem blocos, levarão 50% dessa riqueza e ainda terão uma enorme vantagem estratégica: a propriedade do petróleo, em detrimento do Brasil.
Fernando Siqueira é presidente da AEPET.
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