domingo, 12 de julho de 2009

EMBAIXADOR DOS EUA EM HONDURAS: Um cubano-americano de Miami.

A cumplicidade dos EUA no golpe de Estado das Honduras, agora transparente, está a dificultar uma solução para a crise.A mediação de Oscar Árias – íntimo aliado de Washington – sugerida por Hillary Clinton, contribui para que os golpistas se mantenham no poder, ganhando tempo.O currículo do embaixador de Obama em Tegucigalpa é, por si só, esclarecedor das excelentes relações que o governo de Obama mantém com os golpistas.

Jean-Guy Allard*
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Hugo Llorens, o embaixador dos EUA nas Honduras que admitiu ter participado em reuniões onde se discutiram planos de golpe antes do seqüestro do presidente Zelaya, é um cubano-americano emigrado em Miami através da operação Peter Pan da CIA.
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Especialista em terrorismo, era o Diretor dos Assuntos Andinos do Conselho Nacional de Segurança em Washington, quando se deu o golpe contra o presidente Hugo Chávez.
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Nos seus primeiros anos de atividade diplomática esteve colocado nas Honduras como conselheiro econômico, donde passou para a Bolívia com o mesmo cargo. Continuará como adido econômico no Paraguai da ditadura de Stroesner, e mais tarde aparecerá em Salvador como coordenador de narcóticos, outra das suas especialidades.
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Num salto inesperado para outra parte do mundo o multifacetado Llorens foi para as Filipinas como simples funcionário consular. De regresso ao continente americano foi durante três anos cônsul geral dos Estados Unidos em Vancouver, Canadá, onde se dedicou à criação de uma estação chamada «multi-agências», que consegue a abertura no próprio consulado de representação do FBI, do Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo, ATF, e do Serviço de Alfândegas dos EUA. Isto sem esquecer representações do Serviço Secreto e de Segurança do Departamento de Estado. Tudo isto sob o tema da luta contra o terrorismo e a delinqüência internacional.
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Ao lado de Elliot Abrams e Otto Reich
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A Casa Branca do tempo de George W Bush, em 2002, nomeou o astuto Llorens como, nada mais nada menos, do que Diretor dos Assuntos Andinos do Conselho Nacional de Segurança, em Washington DC, o que o converte no principal assessor do Presidente acerca da Venezuela.
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Quando, em 2002, ocorre o golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez, Llorens estava sob a autoridade do Subsecretário de Estado para os Assuntos Hemisféricos, Otto Reich, e do controverso Elliot Abrams.
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O também cubano-americano Otto Reich, protetor do chefete terrorista Orlando Bosch tinha sido durante três anos, de 1986 a 1989, embaixador dos EUA na Venezuela e dizia «conhecer o terreno».
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A partir do Departamento de Estado, Otto Reich deu o seu apoio imediato ao Michiletti venezuelano, Pedro Carmona, «O Breve», e aos militares golpistas.
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Otto Reich, membro do círculo dos ex-falcões depenados da Casa Branca, continua a ser um dos personagens mais influentes da fauna mafiosa de Miami. O seu nome circula hoje entre os possíveis conspiradores da pandilha golpista de Tegucigalpa.
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Em Julho de 2008, Llorens é nomeado embaixador nas Honduras em substituição de Charles “Charlie” Ford, um personagem que teve a tarefa pouco grata, por sugestão de Bush, de propor que Posada Carriles viesse viver para as Honduras. Zelaya respondeu com um rotundo não, e “Charlie” teve de informar os seus superiores que tinham de continuar com a batata quente nas mãos.
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Já o General Vasquez se sentia «solicitado»
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Depois da chegada de Llorens a Tegucigalpa, em 12 de Setembro de 2008, o presidente Zelaya, perante o fato de a Bolívia ter expulsado o representante dos EUA pelas suas atividades de ingerência internos bolivianos, recusou receber as credenciais do novo embaixador, solidário com aquele país andino.
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Oito dias depois, Zelaya recebeu Llorens e expressou-lhe o mal-estar do seu governo «com o que sucede com o país mais pobre da América do Sul».
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Prende a atenção um acontecimento ocorrido naqueles dias. Em 22 de Setembro, enquanto se manifesta o «mal-estar» de Zelaya, o chefe de Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas das Honduras, general Romeo Vasquez, o mesmo chefe golpista que sustenta Micheletti, declara à imprensa local que «há pessoas interessadas em depor o presidente Manuel Zelaya».
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Comenta o militar fascista que o mandatário «enfrenta críticas pelos acordos feitos com a Venezuela, a Bolívia e a Nicarágua» e que «nos procuraram para derrubar o governo».
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«Mas somos uma instituição séria e respeitável, e respeitamos o senhor Presidente como nosso Comandante Geral, e subordinamo-nos à lei», asseverou com a maior hipocrisia quem agora manda as suas tropas disparar contra o povo.
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No último dia 22 de Junho, o diário La Prensa revelou que na noite anterior teve lugar uma reunião entre os políticos influentes do país, chefes militares e o embaixador Llorens, sob o aparente propósito de «procurar uma saída para a crise». A consulta popular promovida por Zelaya.
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The New York Times confirmava depois que o Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos do Hemisfério Ocidental, Thomas A. Shanon, bem como o embaixador Llorens tinham «falado» com altos oficiais das forças armadas e com líderes da oposição sobre «como derrubar o Presidente Zelaya, como prendê-lo e que autoridade podia fazê-lo».

* Jean-Guy Allard é jornalista e colabora em CounterPunch

Este texto foi publicado em Resumen Latinoamericano nº 2.038 de 8 de Julho de 2009.

Tradução de José Paulo Gascão
Fonte:Blog do Velho Comunista.

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