quinta-feira, 13 de agosto de 2009

REFLEXÕES DE FIDEL - Uma causa justa para defender e a esperança para seguir adiante.

América Latina
13 de Agosto de 2009 - 16h38
Fidel: uma causa justa a defender e a esperança de seguir adiante
O líder cubano Fidel Castro comemorou, nesta quinta-feira (13), seu aniversário de 83 anos com uma advertência sobre a crise econômica mundial e a promessa de "seguir adiante". Em um texto publicado pelo jornal Granma, Fidel questiona: "alguns falam que a crise econômica é o fim do imperialismo; talvez deva ser questionado se não significa algo pior (que o imperialismo) para nossa espécie", escreveu.

"Na minha opinião, o melhor é sempre ter uma causa justa para defender, e a esperança de seguir adiante", observou Fidel.

O ex-mandatário também pontuou que "o atual presidente dos Estados Unidos se empenha para demonstrar que a crise está cedendo como fruto de seus esforços para enfrentar o grave problema que os EUA e o mundo herdaram de seu antecessor".

Segundo Fidel, "o império e seus aliados capitalistas, uma vez que competem entre si, fizeram acreditar que as medidas anticrise constituem fórmulas salvadoras", sendo que, enquanto a Europa, Rússia, Japão, Coréia do Sul, China e Índia defendem "suas moedas e mercados", os países da Ásia, África e América Latina pagam "pelos danos, fornecendo recursos naturais não-renováveis, suor e vidas".

Veja abaixo a íntegra do artigo:

Nas últimas semanas, o atual presidente dos Estados Unidos se empenha em demonstrar que a crise está cedendo, como resultado dos seus esforços para enfrentar o grave problema que os Estados Unidos e o mundo herdaram de seu antecessor.

Quase todos os economistas referem-se à crise económica que se iniciou em outubro de 1929. A anterior havia sido em finais do século XIX. A tendência generalizada entre políticos americanos é a acreditar que, uma vez que os bancos disponham de dólares suficientes para lubrificar a maquinaria do aparato produtivo, tudo marchará até um idílico e jamais sonhado mundo.

As diferenças entre a chamada crise econômica dos anos 30 e agora são muitas, mas vou me ater apenas a uma dos mais importantes.

Desde o final da Primeira Guerra Mundial, o dólar, com base no padrão ouro, substituiu a libra estelina inglesa, devido à imensa quantidade de ouro que a Grã Bretanha gastou na contenda. A grande crise econômica se produziou nos Estados Unidos apenas 12 anos após a guerra.

Franklin D. Roosevelt, do Partido Democrata, venceu, em boa medida, ajudado pela crise, como Obama com a crise atual. Seguindo a teoria de Keynes, aquele injetou dinheiro na cisrculação, construiu obras públicas como estradas, represas e outros benefícios indiscutíveis, o que incrementou os gastos, a procura por produtos, o emprego e do PIB por anos, mas não obteve os fundo imprimindo notas. Os obtinha com impostos e com parte do dinheiro depositado nos bancos. Vendia bonos dos Estados Unidos com interesse garantido, o que os tornava atraentes para os compradores.

O ouro, cujo preço em 1929 estava em US $ 20 a onça troy, Roosevelt o elevou para US$ 35 como garantia interna das notas dos Estados Unidos.

Com base nessa garantia em ouro físico, surgiu o acordo de Bretton Woods, em julho de 1944, que deu ao país o privilégio de imprimir divisas conversíveis quando o resto do mundo estava arruinado. Os Estados Unidos possuíam mais de 80% do ouro do mundo.

Não preciso recordar o que veio depois, desde as bombas atômicas lançadas sobre Hirishima e Nagasaki - o genocídio acabde completar 65 anos -, até o golpe de Estado em Honduras e as sete bases militares que o governo dos Estados Unidos se propõe a instalar na Colômbia.

O real é que, em 1971, sob a administração de Nixon, o padrão ouro foi sendo suprimido e a impressão limitada de sólares se converteu na maior estafa da humanidade. Em virtude do privilégio de Bretton Woods, os EUA, ao suprimir unilateralmente a conversibilidade, paga com papéis os bens e serviços que adquire no mundo.

É certo que o câmbio de dólares também oferece bens e serviços, porém também ocorre que, desde a supressão do padrão ouro, o bilhete desse país, que era cotado a 35 dólares uma onça troy, perdeu quase 30 vezes o seu valor e 48 vezes o que tinha em 1929.

O resto do mundo tem sofrido perdas - seus recursos naturais e seu dinheiro têm financiado em grande parte o rearmamento e as guerras do império. Basta dizer que a quantidade de títulos disponíveis para outros países, de acordo com estimativas conservadoras, ultrapassa o montante de 3 trilhões de dólares, e a dívida pública, que continua a crescer, supera a cifra de 11 trilhões.

O império e seus aliados capitalistas, uma vez que competem entre si, fizeram acreditar que as medidas anticrise constituem fórmulas salvadoras. Porém, Europa, Rússia, Japão, Coreia, China e Índia não arrecadam fundos com a venda de títulos do Tesouro, nem imprimindo notas, mas, sim, aplicando outros métodos para defender suas moedas e mercados, por vezes com grande austeridade da sua população.

A grande maioria dos países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina está a pagar pelos danos, fornecendo recursos naturais não renováveis, suor e vidas.

O NAFTA é o exemplo mais claro do que pode acontecer a um país em desenvolvimento nas fuças do lobo: nem soluções para os imigrantes nos Estados Unidos, nem permissão para viajar sem visto para o Canadá pôde obter o México na última cúpula.

Adquire, no entanto, plena vigência sob a crise o maior TLC a nível mundial: a Organização Mundial do Comércio, que cresceu sob as notas trunfantes do neoliberalismo, em pleno apogeu das finanças globais e dos sonhos idílicos.

Por outro lado, a BBC Mundo relatou, no 11 de agosto, que mil funcionários das Nações Unidas, reunidos em Bonn, na Alemanha, declararam que buscam o caminho para um acordo sobre as alterações climáticas em dezembro deste ano, mas que o tempo estava acabando .

Ivo de Boer, o alto funcionário das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, disse que só faltavam 119 dias restantes para a cúpula e que "temos uma enorme quantidade de interesses divergentes, pouco tempo para a discussão, um documento complexo sobre a mesa (duzentas páginas ) e problemas de financiamento".

"As nações em desenvolvimento insistem que a maior parte dos gases que produzem o efeito estufa provêm do mundo industrializado".

O mundo em desenvolvimento alega a necessidade de ajuda financeira para lidar com os efeitos climáticos.

Ban Ki-Moon, Secretário geral das nações Unidas, declarou que "Se não se tomam medidas urgentes para combater as mudanças climáticas pode-se levar à violência e a distúrbios em massa em todo o planeta".

"As mudanças climáticas intensificará as secas, inundações e outros desastres naturais. A escassez de água afetará a centenas de milhares de pessoas. A desnutrição irá arrasar com grand eparte dos países em desenvolvimento".

Em um artigo no The New York Times, no último 9 de agosto, se explicava que: "os analistas vêem nas alterações climáticas uma ameaça para a segurança nacional".

"Semelhantes crises - continua o artigo - provocadas pelo clima puderam derrrubar governos, estimular movimentos terroristas ou desestabilizar regiões completas, afirmam analistas do pentágono e das agências de inteligência que, pela primeira vez, estão estudando as implicações da smudanças climáticas na segurança nacional"

"'Isso se torna muito complicado muito rapidamente'", disse Amanda J. Dory, secretária de Defesa adjunta para Estratégia, que trabalha com um grupo do Pentágono encarregado de incorporar as alterações climáticas no planejamento da estratégia de segurança nacional".

Do artigo do The New York Times, se deduz que, mesmo no Senado, nem todos estão convencidos de que este é um problema real, totalmente ignorado até agora pelo governo dos EUA, desde que foi aprovado, há 10 anos , em Quioto.

Alguns dizem que a crise econômica é o fim do imperialismo; talvez se teria que perguntar se não significa algo pior para nossa espécie.

Na minha opinião, o melhor é sempre ter uma causa justa para defender e a esperança de seguir adiante.

Fidel Castro
12 de agosto de 2009

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