sábado, 2 de agosto de 2008

ANOS DE CHUMBO XXXVIII - General-de-pijama blinda torturadores.

General-de-pijama blinda torturadores da Ditadura.

Reportagem: Cristóvão Feil

No comentário político da semana, o sociólogo Cristóvão Feil defende uma revisão da Lei da Anistia. Para ele, o Brasil não pode deixar impune os crimes de lesa humanidade cometidos por militares e policiais civis durante a Ditadura Militar.

Porto Alegre (RS) - O ministro da Justiça, Tarso Genro, está propondo um debate interessante no país. Ele diz que os agentes políticos da Ditadura Civil-Militar de 1964 que tenham torturado, matado ou feito desaparecer opositores do regime, devem ser rigorosamente punidos pelo Código Penal Brasileiro. Imediatamente, inúmeras vozes militares da reserva se manifestaram contra a iniciativa do ministro da Justiça.

Uma delas foi a do general de Exército reformado e presidente do Clube Militar do Rio de Janeiro, Gilberto Barbosa de Figueiredo. O general-de-pijama diz que isso não é possível e que o que o ministro está querendo é um julgamento dos militares. E faz uma ameaça: ele disse que o "outro lado", referindo-se à Esquerda, "vai se dar mal". O presidente do Clube Militar está indignado e ofendido. Ele acha que a Lei da Anistia é como uma borracha, que apaga a memória dos que foram vítimas de doentes mentais que, em nome do Estado, prenderam, torturaram e mataram aqueles que simplesmente lutavam por liberdades democráticas no Brasil.

O nosso país é o único dos países da América do Sul onde houve Ditadura e não houve julgamento dos crimes praticados por aqueles que se achavam os donos dos destinos dos cidadãos e cidadãs deste país. Na Argentina, ainda na semana passada, o general da reserva Luciano Menendez, de 80 anos e um dos principais homens da repressão da Ditadura de 1976, foi condenado à prisão perpétua, em cadeia comum, por crime de seqüestro, tortura e morte de quatro militantes da esquerda em 1977.

A partir de 2005, na Argentina, também começou um julgamento histórico de seus generais e ditadores. Lá, a Suprema Corte determinou que os crimes contra a humanidade não prescrevem. E desde então, 800 causas contra o regime militar foram reabertas e estão sendo julgadas.

No Chile, cerca de 20 membros das Forças de Segurança do velho general Pinochet, recentemente falecido, já foram condenados e 500 deles estão sendo investigados. No Uruguai, desde 2006 existem centenas de processos também contra militares e policiais torturadores e assassinos de cidadãos e cidadãs que lutavam simplesmente por liberdade e democracia.

Desta forma, meus caros ouvintes, nós aqui no Brasil também não podemos deixar impunes os crimes de lesa humanidade cometidos por militares e policiais civis. É preciso que o governo Lula enfrente corajosamente o problema e permita uma revisão completa da nossa Lei de Anistia.

Pensem nisso enquanto eu me despeço.
Até a próxima!
Fonte: Agência Chasque.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante o seguimento dessa oração:

"dos que foram vítimas de doentes mentais que, em nome do Estado, prenderam, torturaram e mataram aqueles que simplesmente lutavam por liberdades democráticas no Brasil..."

Apenas lutavam pela liberdade democrática ou aspiravam instituir o comunismo em nosso país?

Cabe a cada cidadão julgar.