General-de-pijama blinda torturadores da Ditadura.
Reportagem: Cristóvão Feil
No comentário político da semana, o sociólogo Cristóvão Feil defende uma revisão da Lei da Anistia. Para ele, o Brasil não pode deixar impune os crimes de lesa humanidade cometidos por militares e policiais civis durante a Ditadura Militar.
Porto Alegre (RS) - O ministro da Justiça, Tarso Genro, está propondo um debate interessante no país. Ele diz que os agentes políticos da Ditadura Civil-Militar de 1964 que tenham torturado, matado ou feito desaparecer opositores do regime, devem ser rigorosamente punidos pelo Código Penal Brasileiro. Imediatamente, inúmeras vozes militares da reserva se manifestaram contra a iniciativa do ministro da Justiça.
Uma delas foi a do general de Exército reformado e presidente do Clube Militar do Rio de Janeiro, Gilberto Barbosa de Figueiredo. O general-de-pijama diz que isso não é possível e que o que o ministro está querendo é um julgamento dos militares. E faz uma ameaça: ele disse que o "outro lado", referindo-se à Esquerda, "vai se dar mal". O presidente do Clube Militar está indignado e ofendido. Ele acha que a Lei da Anistia é como uma borracha, que apaga a memória dos que foram vítimas de doentes mentais que, em nome do Estado, prenderam, torturaram e mataram aqueles que simplesmente lutavam por liberdades democráticas no Brasil.
O nosso país é o único dos países da América do Sul onde houve Ditadura e não houve julgamento dos crimes praticados por aqueles que se achavam os donos dos destinos dos cidadãos e cidadãs deste país. Na Argentina, ainda na semana passada, o general da reserva Luciano Menendez, de 80 anos e um dos principais homens da repressão da Ditadura de 1976, foi condenado à prisão perpétua, em cadeia comum, por crime de seqüestro, tortura e morte de quatro militantes da esquerda em 1977.
A partir de 2005, na Argentina, também começou um julgamento histórico de seus generais e ditadores. Lá, a Suprema Corte determinou que os crimes contra a humanidade não prescrevem. E desde então, 800 causas contra o regime militar foram reabertas e estão sendo julgadas.
No Chile, cerca de 20 membros das Forças de Segurança do velho general Pinochet, recentemente falecido, já foram condenados e 500 deles estão sendo investigados. No Uruguai, desde 2006 existem centenas de processos também contra militares e policiais torturadores e assassinos de cidadãos e cidadãs que lutavam simplesmente por liberdade e democracia.
Desta forma, meus caros ouvintes, nós aqui no Brasil também não podemos deixar impunes os crimes de lesa humanidade cometidos por militares e policiais civis. É preciso que o governo Lula enfrente corajosamente o problema e permita uma revisão completa da nossa Lei de Anistia.
Pensem nisso enquanto eu me despeço.
Até a próxima!
Fonte: Agência Chasque.
Um comentário:
Muito interessante o seguimento dessa oração:
"dos que foram vítimas de doentes mentais que, em nome do Estado, prenderam, torturaram e mataram aqueles que simplesmente lutavam por liberdades democráticas no Brasil..."
Apenas lutavam pela liberdade democrática ou aspiravam instituir o comunismo em nosso país?
Cabe a cada cidadão julgar.
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