CNBB entra na disputa pela demarcação de Raposa Serra do Sol.
Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR). Povos lutam há pelo menos 30 anos pela demarcação da reserva.
Representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil entregaram nota ao Supremo Tribunal Federal (STF) de apoio à demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Na próxima quarta-feira (27), STF julga ação que pede a impugnação da reserva.
Porto Alegre (RS) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entrou na disputa pela demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, e o vice-presidente, Dom Luis Soares Vieira, entregaram ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, uma nota em que apóiam a criação da reserva. Na próxima quarta-feira, dia 27, o STF julga uma ação popular que pede a anulação da portaria que delimitou a terra.
No texto, aprovado pelo Conselho Episcopal da Pastoral, órgão máximo da CNBB, os religiosos afirmam que estão confiantes no julgamento do STF e esperam uma decisão favorável aos indígenas. Para eles, a manutenção da reserva significa garantir o direito dos povos da região que lutam, há 30 anos, pelo reconhecimento e pela demarcação da área.
O assessor político do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Paulo Maldos, avalia como importante os inúmeros apoios que os indígenas têm recebido, tanto do Brasil quanto do exterior. Ele também refuta o argumento de arrozeiros e políticos locais, que afirmam que deixar a área com os indígenas pode comprometer a soberania nacional.
“Os indígenas, como conhecem o território, a selva e o rio, têm maiores condições de serem o que sempre foram, vigilantes das nossas fronteiras. Rondon já defendia isso no início do século XX. Isso é um argumento falso”, diz.
Os principais oposicionistas à reserva são os arrozeiros da região. Liderados pelo latifundiário gaúcho e prefeito da cidade de Pacairama, João Paulo Quartiero, não aceitam a demarcação contínua, ou seja em uma área única. Também não querem deixar o local e repudiam a indenização oferecida pelo governo federal.
A disparidade entre a população indígena e a branca é muito grande em Roraima. Segundo dados, os indígenas respondem por cerca de 52% da população rural. A Terra Indígena Raposa Serra do Sol ocupa 7,7% da área do Estado e abriga 18 mil índios. No entanto, somente seis produtores de arroz ocupam 14 mil hectares em terras.
Fonte:Chasque - Agência de Notícias.
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