terça-feira, 2 de dezembro de 2008

MEIO AMBIENTE - Combate a aquecimento só dará certo se gerar lucros.

Marina Wentzel
De Hong Kong para a BBC Brasil

Clinton defendeu medidas pragmáticas para envolver países ricos
O esforço internacional para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa só terá sucesso se for economicamente justificável, afirmou nesta terça-feira em Hong Kong o ex-presidente americano Bill Clinton.

“Precisamos descobrir como fazer isso ser economicamente viável”, disse ele, durante um evento organizado por sua fundação, a Clinton Global Initiative.

O ex-presidente afirmou que o combate ao aquecimento global precisa gerar lucro e criar empregos para motivar os países a se comprometer com a causa ambiental por questões pragmáticas.

Além de Clinton, o ministro das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, a presidente das Filipinas, Glória Macapagal-Arroyo, e outras autoridades também participaram do evento.

O encontro da organização ocorre ao mesmo tempo em que mais de 9 mil delegados de países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se reúnem em Poznan, na Polônia, para discutir a mudança climática e tentar esboçar um acordo para o próximo encontro, marcado para o ano que vem em Copenhague, na Dinamarca.

Emergentes

Os participantes concordaram que é necessário cooperação para conseguir desenhar uma estratégia sucessora do Protocolo de Kyoto, que funcione na prática e não seja um ponto de confrontação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

“Havia pessoas na China que acreditavam que isso (o Protocolo de Kyoto) era um complô para desacelerar o crescimento econômico dos emergentes”, disse Clinton. “Mas eles mudaram, só que agora vamos ter que negociar um novo acordo desde o princípio”.

Clinton perguntou ao ministro Yang Jiechi como seria possível “evitar a briga que arruinou Kyoto”, referindo-se à posição antagônica que Estados Unidos e China adotaram nas negociações do acordo.

Yang Jiechi reiterou a posição chinesa e cobrou dos países ricos transferência de tecnologia e recursos financeiros para o combate ao aquecimento global.

“Acredito que os países desenvolvidos devem liderar o combate dando ajuda tecnológica e de capital aos países em desenvolvimento”, disse Yang.

China e Estados Unidos se acusam mutuamente de ser o maior poluidor do mundo.

Em termos absolutos, os chineses são os maiores emissores de gases causadores do efeito estufa, mas argumentam que os norte-americanos têm um nível de emissões de gases per capita muito superior.

Fundo

Há um mês, a China sugeriu, em uma conferência da ONU em Pequim, que os países ricos doassem 1% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para um fundo internacional que proveria a transferência de tecnologia verde para os países em desenvolvimento.

Na ocasião, o presidente Hu Jintao criticou o estilo de vida ocidental, que chamou de “insustentável”, e disse que eles têm "responsabilidade e obrigação" de mudar o modo como vivem.

“Não podemos pedir a países como a Índia ou a China que façam um voto de pobreza para que nós continuemos com o nosso estilo de vida”, reconheceu Clinton, referindo-se aos hábitos de consumo dos países ricos.

Clinton não chegou a falar especificamente no Brasil, mas ressaltou que cerca de 18% de todas as emissões causadas pelo mundo têm origem no desmatamento, e que a Amazônia, juntamente com as florestas da Indonésia, são um caso preocupante.

Yang Jiechi e Macapagal-Arroyo também aproveitaram a ocasião para felicitar Clinton pelo sucesso de sua esposa, Hillary, que foi apontada nova secretária de Estado no governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama.
Fonte:BBC BRASIL.

Nenhum comentário: