sexta-feira, 14 de agosto de 2009

MÍDIA - A queda do feudo e da audiência global e velhas práticas.

Carlos Oliveira*
Correio do Povo

O crescimento da audiência e do faturamento comercial da Rede Record pressupõe que alguém esteja caindo em graus, números e gêneros. Quando em um determinado mercado um grupo começa a ficar forte, significa que hegemonias estão sendo quebradas e alguém está ficando fraco.

Quem tem acompanhado o embate entre a TV Record e a TV Globo percebe o quanto a outrora “todo-poderosa” “Vênus Platinada” tem tido o seu brilho embaçado pelos avanços em graus, números e gêneros de sua principal concorrente.

A Record tem mostrado a que veio: lutar e alcançar a liderança do mercado televisivo, antes dominado sem nenhuma preocupação pela Globo.

O assombro global acentuou-se ainda mais com o advento das TVs a cabo. Com esse novo cenário, a globalização, ironicamente, obrigaria a emissora a rever sua costumeira fórmula de gerar notícias para sua conveniência.

O desespero a levou a promover campanhas que beiravam o ridículo e que sugeriam tentar manter a imagem que ela mesma (TV Globo) criou como a guardiã oficial dos interesses da nação e da preservação da cultura – cultura esta que sugeriria a indução de um povo quanto ao que se deve vestir, falar, acreditar e em quem votar.

A tentativa dos Marinho não logrou êxito, sobretudo no campo da política, onde seu apoio ou oposição a qualquer que fosse o candidato a um cargo político passou a não fazer muita diferença.

O falecido ex-governador Leonel Brizola e o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, são exemplos clássicos do apático e debilitado feudo midiático dos Marinho.

Só para relembrar, em 1982, Brizola deparou-se com um inescrupuloso inimigo – Roberto Marinho e todo o seu poder centrado nas organizações Globo. Marinho, que controlava o jornal “O Globo” e a Rádio Globo, fez pressão contra Brizola quando este almejava o cargo de ministro da Fazenda de João Goulart. Vale lembrar que Roberto Marinho foi um dos empresários que apoiaram o Golpe de 1964, golpe que forçou Brizola a ir para o exílio.

Em 1982, Roberto Marinho foi acusado de comandar o esquema do caso Proconsult, que visava impedir a vitória de Brizola na eleição para governador. O plano de fraude comandado por Marinho foi denunciado pelo “Jornal do Brasil” e abordado após Brizola denunciá-lo pessoalmente na imprensa.

Em 1984, a briga com o “império global” ganhou mais visibilidade, pois Brizola quebrou o monopólio da TV Globo na transmissão do Carnaval, concedendo o direito de transmissão para a TV Manchete. A emissora de Marinho então desistiu de cobrir o evento, mas a expressiva queda de audiência durante os desfiles fez a Globo recuar e aceitar transmitir o Carnaval, a partir do ano seguinte, em conjunto com a Manchete.

Em 1989, Brizola, que liderava as pesquisas de opinião para eleição presidencial, sentiu-se sabotado pela TV Globo após ter feito contra ele uma série de acusações pessoais em rede nacional.

No caso do presidente Lula, estamos tratando de uma situação atual, e que dispensa nos estendermos para relembrar a notória e constante oposição da emissora dos Marinho a este Governo.

A prole dos Marinho traz em sua genética esse caráter, ou seja, tentar execrar os que, em seu entender, ameaçam uma suposta hegemonia.

Outro emblemático, pérfido e lamentável episódio foi o que a Globo fez com o caso da Escola Base, atingindo seus proprietários e familiares com acusações infundadas de abuso sexual de menores.

Enquanto a “todo-poderosa” despencava vertiginosamente, a Rede Record ascendeu, ganhou terreno, e continua avançando no mesmo mercado da desesperada e velha Organização Globo.

Velha no sentido literal, em se tratando de suas tentativas de ações estratégicas que vêm desde antes, durante e após a ditadura, isto é, de métodos retrógrados que não cabem e nem funcionam na sociedade atual.

Já que estamos falando de ações ultrapassadas, que a sociedade moderna não digere, há um antigo ditado bem próprio ao péssimo e amargo momento vivido pela emissora dos Marinho: “Enquanto os cães ladram, a caravana da Record avança” (e como avança!).

No desespero, a emissora Globo, mais uma vez, como em tantas outras em que se viu acuada de alguma forma, tenta impor o seu costumeiro estilo “highlander”, ou seja, “só pode haver um”.

Só que o grupo Record topa o enfrentamento sem medo e sem desespero, até porque o império decadente está sendo o da Globo.

Em uma crise de identidade, fragilizada, a emissora dos Marinho parte para a leviandade, golpes e ataques inescrupulosos, como sempre lhe foi peculiar. Quando a prole dos Marinho se vê acuada, esgotada em todos os seus recursos, a falta de alternativas somada ao seu desespero a leva a esquentar o forno do inescrúpulo, e requentar os pães dormidos.

Afinal, a tradição familiar precisa ser preservada! No entanto, eles parecem ter se esquecido de que, como já exemplificados, seus tiros têm saído pela culatra – que o diga o testemunho do presidente Lula e de todos os que são simpáticos a ele.

Os ataques globais sobraram até para o novo presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) por declarar aprovação ao Governo Lula, sem falar em profissionais do jornalismo, que em suas análises políticas sofreram pressões, chegando a casos de demissão pelo fato de, em seus comentários políticos, enaltecerem o Governo Federal.

A Globo, diante da Record, está se postando como um cachorro pequeno que, mediante a sua fragilidade, rosna e ataca o maior. Uma de suas maiores especialidades é requentar velhas notícias.

*Carlos Oliveira é especialista em comunicação e política
Fonte:FNDC

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