quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

AMÉRICA LATINA - "Ricos estão de olho em recursos latinoamericanos".

América Latina

Para Nobel da Paz argentino, ricos estão de olho em recursos latinoamericanos

Adolfo Perez Esquivel

Esquivel disse que a disputa não é ideológica mas econômica

A exploração britânica de petróleo nas Ilhas Malvinas confirma o "interesse das grandes potências pelos recursos naturais" dos países da América Latina, segundo disse à BBC Brasil o Prêmio Nobel da Paz de 1980, o ativista argentino Adolfo Perez Esquivel.

"As grandes potências têm interesse nos nossos recursos naturais. E não só pelo petróleo, mas também pela água, minerais e pela Amazônia", disse.

Segundo ele, a instalação de uma plataforma petroleira no arquipélago do Atlântico Sul é "uma ameaça à Argentina e aos seus recursos naturais" que, em sua avaliação, pertencem aos povos locais.

Malvinas

Perez Esquivel afirmou ainda que as grandes potências estão de olho nos recursos naturais da região porque já não contariam com estas reservas em seus territórios.

"Por quê os Estados Unidos instalaram sete bases militares Colômbia, por quê estão presentes na Tríplice Fronteira e por que a Amazônia aparece como sendo dos americanos em documentos dos Estados Unidos?", pergunta ele.

"Eles têm interesse nos nossos recursos naturais porque os deles, dos americanos, dos europeus e canadenses já estão esgotados", disse o Prêmio Nobel.

Perez Esquivel apoiou a "unidade latino-americana", anunciada durante reunião do Grupo do Rio, esta semana, frente a "esta grave situação das Malvinas".

Ele disse estar "preocupado" com o desenrolar desta nova escalada na disputa entre Argentina e Grã Bretanha pelas Ilhas Malvinas, que acredita na via diplomática para uma solução, mas sugeriu que as Nações Unidas não resolveriam o embate entre os dois países.

"Essa conversa da Argentina com as Nações Unidas é necessária mas o organismo deveria ser reformulado urgentemente. Hoje, somente um pequeno grupo, entre eles Grã Bretanha, tem direito a veto apesar de o organismo ter começado com 49 países (em 1945) e hoje eles serem 192, no total", disse.

Segundo Esquivel, este não é um debate "ideológico", mas "econômico".

Na sua opinião, os países da América Latina devem ter "uma voz unificada" na defesa dos recursos naturais.

"Ou os países da América Latina se unem ou ela será recolonizada".

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