As contradições de uma “armação”
Você lembram que registrei aqui, anteontem, que a matéria sobre um possível lobby de José Dirceu em favor de um empresário que comprou parte da falida Eletronet e que estaria prestes a ganhar uma fortuna com a criação da banda-larga estatal. E também que, no mesmo dia, a Advocacia Geral da União desmontou a história com uma nota em que esclareceu que as redes não pertenciam à Eletronet, mas à Telebras. E que, portanto, nenhum dos sócios da falida Eletronet ganharia dinheiro com a reativação das redes de fibra óptica.
Eu já disse aqui que não tenho nenhum relacionamento com José Dirceu. Aliás, nem mesmo simpatia. Mas a matéria de O Globo, hoje, é, simplesmente, ridícula.
Querem ver?
Insinua-se que José Dirceu recebeu pagamento, em parcelas de R$ 20 mil, entre março de 2007 e outubro de 2009, com nota fiscal e por depósito bancário como parte de um lobby para beneficiar a massa falida da Eletronet..
Aí vem o jornal e diz que o suposto negócio foi abortado em maio de 2007.
Ora, e a tal comissão para o negócio que não saiu continuou a ser paga por mais de dois anos? Francamente, não dá para levar a sério.
A matéria é toda feita com suposições: seria, poderia, iria, “provável contrato” além da genial expressão “quase foi ressuscitada”, que é algo como “a volta dos que não foram”. Na internet, o título é ainda mais engraçado “Quase ressuscitada”
Diz, ainda, que o negócio que interessava ao cliente de José Dirceu não saiu porque, com opiniões da Fazenda e do ex-advogado geral da União, José Antônio Tófolli, a ministra Dilma Rousseff desautoriza as supostas negociações.
Ora, em matéria administrativa, a Chefe do Gabinete Civil da Presidência é a segunda autoridade do Executivo, abaixo do Presidente, apenas. Então a notícia seria “Dilma (ou o Governo) vetou negócio que interessava a cliente de Dirceu“. Mas não, a chamada de primeira página é “Governo analisou ajuda à Eletronet“.
Como seria uma “ajuda”? Seria a compra? E o advogado Modesto Carvalhosa, que deu parecer pela comprado da Eletronet, é cúmplice? E analisar é crime? Deveria recusar um parecer sem analisar?E a Folha, que depois de dizer que a empresa que comprou a Eletronet para dar um golpe, transforma as versões do suposto empresário-golpista em verdades jurídicas?
Tenha ou não o sr. José Dirceu feito lobby em favor de alguma empresa, o fato é que não houve nenhum negócio que a beneficiasse. Ao contrário, o Governo recuperou na Justiça as linhas de comunicação que foram entregues à Eletronet ( e ao grupo americano AES) no Governo Fernando Henrique Cardoso, por um prazo de 20 anos. Esse é outro bom assunto para investigar.
Não sei se José Dirceu fez pressões escusas sobre o Governo. Mas está evidente que os jornais, sim, estão fazendo pressão para “melar” a criação de uma rede pública de banda larga e que tudo continue nas mãos das teles. Isso, sim, é um grande negócio.
Para elas, claro, não para a população.
Nenhum comentário:
Postar um comentário