quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

VENEZUELA - O que os EUA preparam contra a Venezuela.

Angel Guerra Cabrera: O que os EUA preparam contra a Venezuela

A longa e densa guerra midiática contra a Venezuela entrou numa fase delirante, em que é abismal a diferença entre o que realmente acontece no país e o que publicam os consórcios midiáticos.

Por Angel Guerra Cabrera, em La Jornada

Quem julgar a Venezuela apenas pelo que é publicado neles chega à conclusão de que é um Estado "falido", onde se justifica qualquer coisa, seja um golpe militar, um magnicídio, um intervenção armada estrangeira ou todos estes "remédios" juntos - precisamente o senso comum que seus editores pretendem instalar.

Acontece que os grandes meios de comunicação dos Estados Unidos, Espanha e outros países da OTAN, os membros da Sociedade Interamericana de Imprensa e as cadeias eletrônicas da América Latina pintam uma imagem muito distorcida da realidade venezuelana.

Nenhuma pessoa sem preconceitos aceitaria que a nação assim descrita seja a mesma na qual uma dezena de transnacionais - incluindo a Chevron e a Repsol - acabam de investir oitenta milhões de dólares para começar a operar em um setor da faixa petrolífera do Orinoco; em que milhões, historicamente marginalizados, hoje desfrutam de todos os direitos; onde há uma forte popularidade do presidente e confiança em seu governo, que se expressa em termos de estabilidade política ou em marchas transbordantes como a de 23 de janeiro.

Recentemente, o veterano jornalista venezuelano Eleazar Díaz Rangel se perguntava de onde a revista Newsweek poderia ter tirado os elementos para vaticinar para este ano algo tão louco como a derrubada do presidente Hugo Chávez em um golpe militar.

Mas a ofensiva contra Caracas no exterior não é apenas midiática, por mais importante que seja este componente da estratégia anti-venezuelana dos Estados Unidos. Ela é multifacetada e inclui planos de inteligência, subversão e agressão militar envolvendo o Departamento de Estado, o Comando Sul das forças armadas daquele país, para não falar da "comunidade de inteligência", sob o comando do almirante Dennis Blair, a oligarquia e o governo colombianos, mais ou menos abertamente os governos e forças políticas de direita dentro e fora da América Latina e, naturalmente, a contra-revolução interna. De tudo isso, há amplas evidências.

A contra-revolução interna é muito necessária para passar a imagem de uma sociedade insubordinada e um país ingovernável e para realizar trabalhos de espionagem e subversão para os serviços especiais dos Estados Unidos e seus aliados. Porém, seu desgaste e desprestígio forçou Washington a buscar recrutas entre estudantes de classe média que foram treinados nas técnicas das "revoluções coloridas" com financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID por sua sigla em Inglês) e da National Endowment for Democracy, ambas fachadas da CIA.

Mas esse grupo também perdeu a força inicial e a massiva marcha de jovens bolivarianos, há poucos dias, em Caracas, desativou as ações criminosas que tinha sido iniciadas e não deixou dúvida do apoio deste setor ao governo.

Tanto para a revolução como para a contra-revolução, a batalha mais importante deste ano é a eleição legislativa de 26 de setembro. Mas, dentro da contra-revolução - que salvo pelo ódio a Chávez está dividida -, há uma luta feroz pelas candidaturas e, principalmente, não existe confiança de que se poderá impedir os bolivarianos de conquistarem os dois terços da Assembleia Nacional necessários para manter o curso revolucionário.

O domínio eleitoral do chavismo é o que invariavelmente acaba inclinando este grupo ao rumo golpista e ao desespero. Isso explica as tentativas de culpar Chávez pelos problemas com abastecimento de água e electricidade, decorrentes de uma das maiores secas já registradas e que o governo está enfrentando com grande energia, inclusive colocando Ali Rodriguez, um de seus maiores quadros, para dar solução.

Porém, para se ter uma idéia do que está sendo preparada contra a Venezuela, nada mais eloquente que lembrar a Estimativa Nacional de Inteligência apresentada ao Congresso em Washington pelo almirante Blair: "Na Venezuela, Bolívia e Nicarágua, líderes populistas se uniram para rejeitar a influência da Estados Unidos na região. O presidente da Venezuela estabeleceu-se como um dos principais detratores ao nível internacional contra os Estados Unidos".

Se isto é o que dizem publicamente ...


Fonte: La Jornada

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