quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ECONOMIA - taxa Selic.

Lobby volta a fazer pressão por nova escalada da Selic

Em plena quarta-feira de cinzas (17), o Banco Central (BC) deu mais uma de suas notícias que têm feito aqueles que acompanham a política monetária brasileira com espírito crítico coçarem a cabeça. Informa a Agência Brasil que “analistas” do mercado financeiro projetaram diversas variáveis macroeconômicas, com o claro viés de alta da taxa básica de juros, a Selic.

Por Osvaldo Bertolino

Os "analistas de mercado" — uma meia-dúzia de funcionários das instituições financeiras que é semanalmente consultada pelo BC (a pesquisa Focus, que apura as "previsões" de instituições do "mercado") — disseram que a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, foi ajustada de 5,35% para 5,47%. Para 2011, foi mantida a expectativa de crescimento de 4,5%.

Para o crescimento da produção industrial, neste ano, a estimativa passou de 8,61% para 8,55%. Em 2011, os analistas esperam por uma expansão de 4,85%, a mesma projeção anterior. A projeção para a relação entre dívida líquida do setor público e o PIB passou de 41,70% para 41,95%, neste ano, e de 40,70% para 40,50%, em 2011. A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) para este ano permaneceu em US$ 10 bilhões e passou de US$ 3,750 bilhões para US$ 5 bilhões, em 2011.

Para o déficit em transações correntes (registro das operações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior), a estimativa para este ano foi ajustada de US$ 48 bilhões para US$ 50,050 bilhões. Em 2011, os analistas esperam por um resultado negativo de US$ 57,810 bilhões, contra US$ 58,990 bilhões previstos no boletim Focus anterior. A expectativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) foi mantida em US$ 38 bilhões, em 2010, e em US$ 40 bilhões, em 2011.

Lobby

Essa pesquisa confirma as indicações da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que apontou sinais de retomada da demanda doméstica, com “riscos” para a inflação. A política monetária, portanto, pelo viés do “mercado”, precisa ser "especialmente vigilante". A ata indicou ainda como fator de “riscos” para a inflação uma eventual elevação dos preços de commodities internacionais e, internamente, os efeitos cumulativos e defasados das medidas de estímulo econômico.

Com essas ações, o BC vai criando um cenário que servirá de pano de fundo para o início de um ciclo de alta da taxa básica de juros. Os “especialistas” do mercado financeiro acreditam que a Selic fechará 2010 em 11,25% anuais, 0,25 ponto percentual a mais do que a projeção anterior. O movimento de alta começaria em abril. O Ministério da Fazenda, no entanto, diz que há espaço para crescimento sem inflação. Segundo os assessores do ministro Guido Mantega, o atual quadro sinaliza que o PIB tem condições de crescer entre 5% e 5,5%, sem risco de pressão inflacionária.

Outro indicador que confronta com a tese da turma do Copom é a inflação no comércio de São Paulo, que subiu só 0,46% em 2009 — bem menos que os 4,75% de 2008. O índice, calculado pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP), tira mais um argumento do lobby por nova escalada dos juros. Em dezembro, os preços no comércio paulistano recuaram 0,05%, após subirem 0,11%, em novembro.

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