Vamos prospectar alguns cenários políticos mais prováveis, daqui para a frente.
1. Não acredite nenhum pouco nessa história de que o PSDB aumentará a pressão para Aécio Neves ser vice de Serra na tal chapa puro-sangue. Não há possibilidade. É um jogo perdido, e expõe ainda mais a fragilidade da candidatura Serra. Os caciques do PSDB já se deram conta da inviabilidade da candidatura Serra, mas ficaram presos à armadilha que eles mesmo montaram.
2. Há enorme pressão nas hostes do Aécio para que ele chegue na convenção, simule um enfrentamento dos caciques, tenha uma vitória consagradora sobre Serra e, no impulso, cresça a tempo de alcançar Dilma Rousseff, repetindo o feito de JK. Aliás, em breve começarão a pipocar matérias mostrando as semelhanças entre os dois, ainda mais nesta semana de inauguração do Centro Administrativo de Minas Gerais.
3. Aécio é esperto o suficiente para saber da quase inviabilidade da sua candidatura. Como bem lembrou um de vocês, nos comentários, JK cresceu em cima de um enorme trauma nacional: a morte de Getúlio. Sua campanha foi corajosa, o aliado que não abandonou Getúlio e que enfrentou todos os riscos – inclusive a ameaça de golpe militar – para conquistar o poder. A única vitória que Aécio poderá alardear será sobre Serra.
4. Mesmo assim, é a única possibilidade de articulação do arco conservador representado hoje pelo PSDB-órfãos do DEM-mercado. O único risco para a candidatura Dilma, segundo seus articuladores, será Serra se desmanchar muito rapidamente e acabar passando o bastão para Aécio. Mesmo assim, consideram que será um risco pequeno, que não ameaçará seu favoritismo.
5. Os últimos dados da pesquisa Datafolha acelerarão o desembarque da candidatura Serra, por parte do PSDB e da mídia. Vai ser curioso acompanhar o realinhamento dos colunistas políticos. Mais ainda, comparar as análises atuais com as que fizeram nas últimas eleições municipais, elogiando a infinita habilidade política de Serra. Foi essa aposta cega em Serra que os impediu de construir a imagem de Aécio a tempo de se tornar competitivo. A estratégia agressiva de Serra era de bater nos adversários e aliados através dos aliados da imprensa, de utilizar o jornalismo escabroso para ataques pesados contra quem atravessasse seu caminho. Desde o começo, a sabedoria mineira dizia que o modelo tinha que ser o da proposta de construção do pós-Lula, sem agredir, sem vilependiar, rompendo com o legado de FHC. Mas prevaleceu, em Serra, a sensação única de ter a imprensa aos seus pés e poder fuzilar quem atravessasse seu caminho.
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