Dilma está a 4 pontos de Serra: e agora?
Num post de dias atrás sobre o cenário eleitoral, escrevi que partidos e candidatos aguardavam ansiosamente pelas pesquisas de março para definir seus caminhos. Por mais que a gente não goste ou não queira, pesquisas ainda são fundamentais na vida política brasileira em anos eleitorais. São elas que podem ajudar ou não a confirmar candidaturas, definir apoios, alianças, estratégias e recursos para as campanhas.
Março ainda não chegou, mas em sua edição deste domingo, último dia de fevereiro, o Datafolha mostra uma importante inversão nos números das pesquisas anteriores. Caiu para apenas 4 pontos a diferença entre José Serra, do PSDB, e Dilma Roussef, do PT. Como a margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos, a pesquisa indica, no limite, um empate técnico, pela primeira vez, na corrida presidencial.
Em relação à pesquisa anterior, de dezembro, Serra caiu 5 pontos _ de 37 para 32 _ e Dilma subiu 5 pontos _ de 23 para 28. O mesmo ocorreu na projeção para o segundo turno: a diferença diminuiu 11 pontos _ de 15, na pesquisa anterior, para somente 4 agora. Serra caiu de 49, em dezembro, para 45, no final de fevereiro; Dilma subiu neste período de 34 para 41.
No segundo pelotão, os índices permaneceram praticamente inalterados: Ciro Gomes, do PSB, foi de 13 para 12, e Marina Silva, do PV, manteve os mesmos 8 pontos da pesquisa anterior.
E agora, senhoras e senhores? Com os números na mão, todos poderão fazer seus jogos. Em primeiro lugar, é preciso ver o que aconteceu nos últimos dois meses para o Datafolha revelar uma diferença tão grande entre uma pesquisa e outra, com um candidato caindo e outro subindo na mesma proporção.
De um lado, falou-se muito nas últimas semanas no “inferno astral” de Serra, que faz aniversário no próximo dia 19, dia de São José, ironicamente o padroeiro das chuvas no nordeste, as mesmas chuvas que causaram enchentes, prejuízos e mortes em São Paulo, o Estado governado pelo possível candidato tucano. Além disso, o DEM, seu principal aliado, partido do prefeito paulistano Gilberto Kassab, entrou em profunda crise após os escândalos envolvendo o governador de Brasília, José Roberto Arruda, que continua preso.
De outro, Dilma Roussef ganhou todos os holofotes da mídia e as capas de jornais e revistas na semana passada ao ser aclamada como candidata do governo no Congresso do PT, que comemorou os 30 anos do partido. Enquanto ela já está na estrada, José Serra ainda reluta em anunciar oficialmente sua candidatura, aumentando a angústia de tucanos e aliados.
Nem os mais próximos colaboradores do governador, com quem conversei na semana passada, sabem ainda qual decisão, afinal, ele irá tomar. “Ele não fala sobre isso com ninguém”, disse-me um secretário estadual muito próximo a Serra, no final da tarde de sexta-feira, mostrando-se preocupado com a indefinição.
Na visão dele, Serra será candidato a presidente porque, simplesmente, não tem outra escolha. “Seria muito ruim para a biografia dele, um fim de carreira melancólico, a esta altura, se desistisse da candidatura presidencial para disputar a reeleição em São Paulo. Por isso, eu acho que ele será candidato a presidente de qualquer jeito”.
Resta saber como o governador irá reagir aos novos números, ele que vinha liderando as pesquisas presidenciais, com folga, desde o início do ano passado. O jogo está só começando.
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