O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que se comporta cada vez mais como se fosse o próprio Papa, vem falar hoje que o processo eleitoral não impedirá a instituiçõa de tomar “medidas antipáticas e impopulares”. como se a sua política de juros não fosse, há muitos anos , antipática e impopular. Ninguém está questionando que se precise de controle monetário e olho vivo com a inflação. Mas eu vou repetir aqui: o Brasil não vive uma crise de superprodução que exija freá-la e ao consumo para controlar a inflação.
A “bolha”, no Brasil, é financeira. Não é de produção, nem de consumo.
O que vulnera a economia brasileira é a entrada de capital financeiro, não produtivo. E este, Meirelles é totalmente contra seja controlado. Fez as maiores resistências á imposição de uma mísera taxa de 2% de “pedágio” à entrada de capital especulativo defendida pelo Ministro Guido Mântega.
Ainda não conseguiu “atender” o mercado e subir os juros. A elevação do depósito compulsório dos bancos no BC foi feita para anteceder a esta elevação da taxa Selic. Mas vai tentar fazer, escrevam. E, o pior, acho que vai conseguir, embora de forma muito moderada. Aliás, só de o merelles falar qualquer coisa, os juros no mercado futuro sobem.
O sistema bancário brasileiro tem gordura aos montes para cortar. É só olhar os luvros monumentais que os bancos privados conseguiram sem financiar a economia. E, vendo os números do BB e da Caixa, como instituições financeiras podem ser eficientes e lucrativas cumprindo sua função social.
Hoje, dois colunistas de economia de jornais nadas “esquerdistas” rendem-se ao sucesso da política de estimular a economia com recursos para a produção.
José Paulo Kupfer, no Estadão:
(…)A mensagem é clara: já que os bancos privados, que também registraram lucros excelentes, conseguem ganhar dinheiro sem financiar a expansão da produção (e a conseqüente geração de emprego), os bancos públicos devem assumir esse papel.
Trata-se do mesmo argumento que tem levado o governo Lula a uma crescente interferência pública em mercados já há algum tempo operados por empresas privadas. Se o setor privado teima em não assumir seu papel no desenvolvimento da economia, o governo vai lá e faz o serviço.
Vinícius Torres Freire, na Folha:
O Banco do Brasil foi mais rentável em 2009 do que os maiores bancos privados brasileiros. Se o teste do pudim é comê-lo, o resultado do BB tem gosto de vitória ou desforra para os adeptos de empreendimentos estatais na economia. Desde que os bancos públicos passaram a sustentar 80% do aumento do total de empréstimos, no final de 2008, ouvia-se que a animação dos bancos estatais acabaria em ressaca. Até agora ninguém precisou de analgésico e sal de frutas.
Ambos os comentários, claro, são cheios de senões `a participação do Estado na economia. E eu também não acho que o Estado seja para fazer todos os papéis. Tem, sim, de regular e, como disse kupfer, “ir lá e fazer o serviço” , se a iniciativa privada não o faz.
Mas volto à questão: quem ganhou dinheiro grosso neste ano de crise senão o mercado financeiro e, especialmente, os investidores estrangeiros. A Bolsa começou 2009 a pouco mais de 30 mil pontos, chegou a 70 mil e anda pela faixa dos 65 mil. Os ganhos beiraram os 100%.
Isso é bolha. Bolha nao é a população comprando 5% a mais num ano, bolha não é a indústria mal e mal ter voltado ao nível pré-crise.
Mas o “impopular e antipático” presidente do Banco Central quer “consertar” a bolha fazendo o setor que ganhou mais ganhar mais ainda, com juros mais altos? Que conversa fiada é essa de que, com juros mais altos vai se reduzir a “corrida” por crédito. Que crédito, se os bancos privados expandiram seus empréstimos abaixo dos 5% e a média do sistema só ficou em 10, 11% porque os bancos públicos cresceram 30% suas carteiras.
Tem dinheiro para entrar no Brasil de forma mais saudável, para produzir ou financiar a produção.
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