domingo, 28 de fevereiro de 2010

AMÉRICA LATINA - Mujica prefere Dilma.

Em entrevista, presidente eleito do Uruguai diz que gosta de mulheres no poder

José Mujica durante entrevista neste domingo

Mujica concedeu entrevista um dia antes de sua posse

O presidente eleito do Uruguai, José Mujica, declarou neste domingo o que seria sua preferência pela candidata de Luiz Inácio Lula da Silva para as próximas eleições no Brasil, Dilma Roussef.

Durante uma entrevista aos correspondentes estrangeiros presentes em Montevidéu para a cerimônia que o empossará como novo presidente do Uruguai na segunda-feira, José Mujica afirmou que tem apreciado a ideia de mulheres no poder.

"A decisão compete ao povo brasileiro, o que não quer dizer que eu não tenha meu coraçãozinho", disse, entre sorrisos. "Ultimamente tenho gostado das mulheres no poder", afirmou à BBC Brasil ao ser perguntado sobre a eleição brasileira de outubro.

Acompanhado por seu vice-presidente, Danilo Astori - ex–ministro de Economia da gestão anterior, de Tabaré Vázquez - , Mujica falou ainda dos desafios que seu país enfrenta em relação ao comércio no âmbito do Mercosul - "cheio de defeitos" - e não deixou de fazer críticas ao comportamento brasileiro dentro do bloco, especificamente no que diz respeito à "indústria paulista", antes de passar a palavra a Astori, para que se pronunciasse mais "diplomaticamente" sobre o tema.

"Para ser líder, é necessário ser reconhecido como líder, e reconhecemos a liderança natural do Brasil", afirmou o Astori, que relembrou ainda a "importância essencial" do país, "sócio comercial número um do Uruguai".

"Agora, para ser líder, é necessário exercer a liderança, e para exercer a liderança é necessário ter generosidade. Os grandes líderes da Europa têm sido muito generosos quanto à possibilidade de desenvolvimento de países menores."

Presidente e vice falaram ainda sobre a ausência de Estados Unidos e Canadá da comunidade de países latino-americanos e caribenhos gestada durante cúpula do Grupo do Rio.

"O objetivo não é excluir Estados Unidos e Canadá, mas dotar a América Latina de instituições que, tomara, funcionem solidamente e que permitam aos países operar cada vez mais entre eles", disse Astori. "O Uruguai quer ter a melhor relação possível com os Estados Unidos", acrescentou.

Sobre o conflito que a Argentina mantém com o Uruguai há mais de três anos, por conta da instalação da fábrica de celulose finlandesa Botnia no Rio Uruguai (que divide os dois territórios), a meta da gestão que se inicia é "começar um período de franca negociação" com o país governado por Cristina Fernández de Kirchner, de acordo com o novo presidente.

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