A lógica tortuosa de Serra
Tem alguma coisa de errado com a cabeça do governador José Serra. Sua estratégia de campanha está sendo definida pessoalmente por ele, tenho certeza. Absolva-se, por antecipação, o Luiz Gonzales de todas as maluquices, do episódio do Galo da Madrugada até a entrada no mar. Mas é muito erro seguido.
Ontem, mostrei aqui o artigo do Roberto Macedo, questionando as contas do Alexandre Schwartsman sobre a suposta frouxidão fiscal de São Paulo. Apontei os volteios do Macedo para convencer que o artigo era seu e feito de livre e espontânea vontade. Apostei que o estudo era da Secretaria da Fazenda de São Paulo, os elogios a Serra colocados pelo próprio governador e a copidescagem final pelo Mário Sabino, da Veja. Falta confirmar a terceira hipótese.
O artigo do Schwartsman foi divulgado em um jornal especializado, o Valor. Um artigo técnico da Fazenda, rebatendo os números e publicado no mesmo Valor seria suficiente para derrubar as teses do “professor de Deus”. Em vez da estratégia óbvia, Serra chama seu truculento Secretário de Comunicação – sujeito que criou um mal-estar em todas as redações por suas imposições – e monta esse jogo de cena ridículo com o Roberto Macedo, que acaba desmerecendo os próprios argumentos. Indagado ontem sobre o trabalho do Schwartsman, ficou sem saber se respondia, se mandava o pessoal conversar com o Macedo, em uma indecisão constrangedora.
Hoje o Valor divulga nota da Secretaria da Fazenda de São Paulo rebatendo os dados do Schwartsman e com os mesmos números levantados “espontaneamente” pelo Roberto Macedo. Ou seja, usa o economista e depois o expõe para todos os círculos especializados.
Esse episódio do artigo do Macedo com os autolelogios do Serra – para os especialistas – é idêntico ao da cena do Serra entrando no mar, saindo e perguntando para seus assessores (na frente de todos os jornalistas) se as equipes de TV tinham filmado direitinho.
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