As decisões da Quaresma
Por Mauro Santayana
Não haverá retiro espiritual para os políticos, nestes 40 dias de Quaresma. O tempo impõe a tomada de decisões difíceis para a formação das chapas partidárias, tanto no plano federal quanto no regional. Em outros tempos, o quadro já estaria mais ou menos estabelecido, uma vez que estamos a nove meses do pleito. Tudo indica que, amanhã mesmo, o PT dê um passo importante para a indicação de Dilma Rousseff à convenção partidária. Mas não sabemos que outras candidaturas, com chance efetiva de vitória, surgirão no campo da oposição. A mais importante delas continua a ser a de Ciro Gomes, enquanto o PSDB não resolver o seu problema interno. O governador de São Paulo, até o momento, não confirmou se postulará, mesmo, a Presidência da República. A menos que ele esteja assistido por algum oráculo divino, essa sua postura o afasta, a cada dia que passa, do êxito eleitoral. Uma campanha exige a presença física do candidato, demorados entendimentos, esforço continuado. Neste Carnaval, José Serra esteve onde estava a sua provável oponente, mas os trios elétricos não são palanques adequados a uma campanha eleitoral.
Ao mesmo tempo, continua a dificuldade de compor candidaturas viáveis nos estados, que possam servir de suporte à disputa federal. Uma coisa é estabelecer aliança no segundo turno, quando há segundo turno, e as eleições para governadores já se encontram decididas. Nesse momento confirma-se a máxima do visconde e futuro marquês do Paraná, o conselheiro Honório Hermeto Carneiro de Leão: a ambição do poder é a mesma razão que divide e une os homens, conforme as circunstâncias. O estadista mineiro usou a frase junto ao imperador, para explicar-lhe como pudera construir o Gabinete da Conciliação, em 1853, reunindo “luzias” e “saquaremas”, liberais e conservadores. Lula sabe muito bem disso, depois de ter organizado sua base parlamentar.
Reconheça-se no presidente da República a inteligência de colocar, há meses, o nome da chefe da Casa Civil no debate político, como sua favorita à sucessão. Ele confiou em sua autoridade e poder, a fim de evitar discussões intermináveis e estéreis no interior de seu próprio partido, onde havia mais candidatos do que ministros. O afastamento, compulsório, dos dois candidatos mais fortes – José Dirceu, que teve seu mandato cassado, e Antonio Palocci, sob a acusação de violação do sigilo bancário de um caseiro – levou-o ao nome de Dilma. Não se discute se a escolha de Dilma Rousseff, depois disso, foi, ou não, a melhor. Isso só o futuro dirá, seja com a vitória eleitoral, seja, se tiver êxito, com sua gestão na chefia do Estado.
A menos que o quadro se altere radicalmente nas próximas horas, os dois principais oponentes serão Dilma e José Serra. Aécio Neves, por enquanto, se dedica a dois projetos importantes: cuidar das várias homenagens que serão prestadas à memória de Tancredo, cujo centenário de nascimento será comemorado no próximo dia 4 de março, e da eleição de seu candidato à sucessão no estado, o vice-governador Antonio Anastasia. Por enquanto, e ao que se sabe, o governador de Minas pensa em disputar uma cadeira de senador. Aécio tem dito a todos seus interlocutores que não quer envolver-se nas discussões internas dos outros partidos, no que tange à sucessão no estado. Age em benefício de seu candidato, e espera, se não elegê-lo logo, levá-lo ao segundo turno quando – como é da realidade – poderá buscar a formação de aliança majoritária.
Nada impede que o quadro se altere entre esta Quarta-Feira de Cinzas e o Domingo da Ressurreição. Depois disso, se a oposição não encontrar seu candidato, Dilma provavelmente poderá tratar de seu discurso de posse. Não haverá tempo para consolidar-se candidatura que lhe possa fazer frente.
Os mineiros ainda têm esperança de que o seu governador venha a ser o candidato à Presidência, em uma eventual decisão de Serra em disputar a reeleição em São Paulo. Mas não só os mineiros. Os que conhecem bem os mecanismos políticos sabem que, nos principais estados, há quem tenha o desejo de que isso ocorra, e trabalha com essa eventualidade. Também nesse caso, a urgência comanda os fatos.
Não haverá retiro espiritual para os políticos, nestes 40 dias de Quaresma. O tempo impõe a tomada de decisões difíceis para a formação das chapas partidárias, tanto no plano federal quanto no regional. Em outros tempos, o quadro já estaria mais ou menos estabelecido, uma vez que estamos a nove meses do pleito. Tudo indica que, amanhã mesmo, o PT dê um passo importante para a indicação de Dilma Rousseff à convenção partidária. Mas não sabemos que outras candidaturas, com chance efetiva de vitória, surgirão no campo da oposição. A mais importante delas continua a ser a de Ciro Gomes, enquanto o PSDB não resolver o seu problema interno. O governador de São Paulo, até o momento, não confirmou se postulará, mesmo, a Presidência da República. A menos que ele esteja assistido por algum oráculo divino, essa sua postura o afasta, a cada dia que passa, do êxito eleitoral. Uma campanha exige a presença física do candidato, demorados entendimentos, esforço continuado. Neste Carnaval, José Serra esteve onde estava a sua provável oponente, mas os trios elétricos não são palanques adequados a uma campanha eleitoral.
Ao mesmo tempo, continua a dificuldade de compor candidaturas viáveis nos estados, que possam servir de suporte à disputa federal. Uma coisa é estabelecer aliança no segundo turno, quando há segundo turno, e as eleições para governadores já se encontram decididas. Nesse momento confirma-se a máxima do visconde e futuro marquês do Paraná, o conselheiro Honório Hermeto Carneiro de Leão: a ambição do poder é a mesma razão que divide e une os homens, conforme as circunstâncias. O estadista mineiro usou a frase junto ao imperador, para explicar-lhe como pudera construir o Gabinete da Conciliação, em 1853, reunindo “luzias” e “saquaremas”, liberais e conservadores. Lula sabe muito bem disso, depois de ter organizado sua base parlamentar.
Reconheça-se no presidente da República a inteligência de colocar, há meses, o nome da chefe da Casa Civil no debate político, como sua favorita à sucessão. Ele confiou em sua autoridade e poder, a fim de evitar discussões intermináveis e estéreis no interior de seu próprio partido, onde havia mais candidatos do que ministros. O afastamento, compulsório, dos dois candidatos mais fortes – José Dirceu, que teve seu mandato cassado, e Antonio Palocci, sob a acusação de violação do sigilo bancário de um caseiro – levou-o ao nome de Dilma. Não se discute se a escolha de Dilma Rousseff, depois disso, foi, ou não, a melhor. Isso só o futuro dirá, seja com a vitória eleitoral, seja, se tiver êxito, com sua gestão na chefia do Estado.
A menos que o quadro se altere radicalmente nas próximas horas, os dois principais oponentes serão Dilma e José Serra. Aécio Neves, por enquanto, se dedica a dois projetos importantes: cuidar das várias homenagens que serão prestadas à memória de Tancredo, cujo centenário de nascimento será comemorado no próximo dia 4 de março, e da eleição de seu candidato à sucessão no estado, o vice-governador Antonio Anastasia. Por enquanto, e ao que se sabe, o governador de Minas pensa em disputar uma cadeira de senador. Aécio tem dito a todos seus interlocutores que não quer envolver-se nas discussões internas dos outros partidos, no que tange à sucessão no estado. Age em benefício de seu candidato, e espera, se não elegê-lo logo, levá-lo ao segundo turno quando – como é da realidade – poderá buscar a formação de aliança majoritária.
Nada impede que o quadro se altere entre esta Quarta-Feira de Cinzas e o Domingo da Ressurreição. Depois disso, se a oposição não encontrar seu candidato, Dilma provavelmente poderá tratar de seu discurso de posse. Não haverá tempo para consolidar-se candidatura que lhe possa fazer frente.
Os mineiros ainda têm esperança de que o seu governador venha a ser o candidato à Presidência, em uma eventual decisão de Serra em disputar a reeleição em São Paulo. Mas não só os mineiros. Os que conhecem bem os mecanismos políticos sabem que, nos principais estados, há quem tenha o desejo de que isso ocorra, e trabalha com essa eventualidade. Também nesse caso, a urgência comanda os fatos.
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