SOLIDARIEDADE

Da Palestina a Nova Iorque: Globalizando a Intifada

04 de maio 2024 - 10:22

Durante seis dias, estudantes da Universidade da Cidade de Nova Iorque (CUNY) organizaram um acampamento de solidariedade por Gaza. Apesar da repressão policial para o desmantelar, o movimento em solidariedade com a Palestina ganha forças, forjando laços de camaradagem entre várias identidades e sectores da classe trabalhadora. Este é o nosso relato desses dias.

POR

GONÇALO PESSA E RICARDO MARTÍN COLOMA
 

PARTILHAR
zona central do acampamento
Foto de Ricardo Martín Coloma

Praça do Campus do City College de Nova Iorque, Harlem, no norte de Manhattan, terça-feira, 30 de abril. Numa plataforma de pedra no centro da praça, uma jovem dirigente estudantil empunha um megafone. “Recebemos um ultimato: a universidade exige que desmontemos o acampamento até amanhã de manhã,” alertava diante de um grupo de estudantes que se começam a juntar. A dirigente continua a expor o email que a liderança do Acampamento em Solidariedade com Gaza tinha recebido da direção da universidade. “Temos de decidir coletivamente se queremos ceder às ameaças da administração, ou se corajosamente defenderemos o nosso acampamento!”, continuava a jovem. À sua volta forma-se uma assembleia tensa perguntando se a polícia invadiria o acampamento que ia no seu sexto dia. “Qual é o plano para defender o acampamento da polícia?” perguntava Nour, num tom preocupado. Doutorando em História da cultura Pop no Médio Oriente, Nour é um dos muitos estudantes e membros da comunidade que acampa ali desde a quinta-feira anterior. Nem as jovens dirigentes nem ninguém dos presentes parecem ter um plano concreto para lidar com a potencial invasão policial.

intervenções no local do acampamento da CUNY
Bandeira da Palestina hasteada por baixo da dos EUA no mastro central do jardim. Foto Ricardo Martín Coloma.

Num mastro na plataforma central, esvoaça uma bandeira da Palestina que disputa a legitimidade com a Norte Americana instalada uns metros acima. Em redor, várias dezenas de tendas espalham-se pela praça ajardinada, ladeadas de uma cozinha improvisada, uma banca com produtos de higiene, outra com folhetos e zines políticas, e uma biblioteca comunitária onde convivem várias nacionalidades, como Jorge Luís Borges ou Rosa Luxemburgo. A sofisticação organizativa foi-se desenvolvendo desde a quinta-feira anterior, quando estudantes, professores, ex-alunos, e membros da comunidade em redor do campus começaram a montar as primeiras tendas de um acampamento em solidariedade com a Palestina. O campus do City College é um dos Campus da CUNY, Universidade da Cidade de Nova Iorque, a maior universidade da cidade. Educa 275 mil alunos, praticamente todos de classe trabalhadora, e de origens religiosas, étnicas, e nacionais variadíssimas, e tem propinas que são 10% das de muitas universidades privadas, o que lhe valeu o cunho de “Harvard do Proletariado”.

pequena biblioteca ao ar livre
Biblioteca comunitária. Foto Ricardo Martín Coloma.

Este acampamento faz parte de uma onda de protestos estudantis que começou na Universidade de Columbia, também em Nova Iorque, no dia 17 de abril. O movimento simboliza uma escalada das numerosas marchas que calcorrearam as ruas da cidade em solidariedade com o povo Palestino desde outubro de 2023. Os acampamentos de protesto pacífico estendem-se hoje a quase uma centena de campus universitários, muitos dos quais enfrentaram a brutalidade policial que levou a mais de duas mil detenções, e converteram-se no maior movimento estudantil dos Estados Unidos no século XXI. Nestes acampamentos luta-se pelo fim do genocídio em Gaza e pelo fim dos processos disciplinares por delito de opinião em solidariedade com a Palestina. Luta-se também para que as universidades desinvistam em Israel. As universidades Norte Americanas detêm grandes fundos de investimento, os chamados “endowments”, e, para os estudantes, nenhum cêntimo destes fundos pode apoiar o genocídio, a ocupação, e a indústria das armas.

Cantoras de gospel.no acampamento
Após a comunicação do ultimato, ouviu-se música gospel no acampamento com cantoras do Resistance Revival Chorus. Foto Ricardo Martín Coloma.

“Zona Libertada”, adágio dos protestos contra a Guerra no Vietname na Universidade de Columbia em 1968, lê-se em pancartas dos protestos desta semana. Em 68 como agora, estudantes ocuparam vários edifícios naquela universidade. Da mesma maneira, na plataforma central do City College da CUNY, o sol primaveril ilumina um painel com cinco reivindicações que ecoam as cinco exigências dos protestos de 1969 no City College contra a discriminação de estudantes Afroamericanos e Porto-riquenhos no acesso ao ensino superior. As vozes dos movimentos pelos direitos civis também participam no programa do acampamento. Na sexta-feira 26, em chamada telefónica a partir do estabelecimento prisional onde está detido há 41 anos depois de um julgamento com atropelos legais e viés racista, o ex-Black Panther Mumia Abu-Jamal juntou-se aos acampados no City College. “Do not bow!” (em português, “não se curvem”), incitava Mumia aos ativistas acampados, depois de discutir similaridades e relações entre a luta pela libertação Palestina e pela emancipação das comunidades. As comparações com os movimentos estudantis do século passado são uma constante. “Hoje, como nos anos 60 e 70, o movimento estudantil tem um papel catalisador de descontentamento”, assegura com vigor Daniil, erguido sobre a plataforma e agarrado ao megafone. Daniil, que estuda no Hunter College da CUNY e milita nos Socialistas Democratas da América (DSA), anima uma oficina de leitura e discussão de um artigo de Peter Camejo de 1970 sobre o movimento estudantil contra a guerra do Vietname. “Os estudantes, com as suas ligações familiares e comunitárias, obrigam as pessoas a saírem de cima do muro, a tomarem partido”, acrescenta Daniil sobre o potencial transformador dos estudantes.

Apesar das similaridades com os protestos estudantis contra a guerra do Vietname e pelos direitos civis, muitos dos manifestantes de hoje não estão diretamente implicados no conflito. Nos anos 60 e 70, a ameaça do recrutamento forçado e o legado das leis racistas de Jim Crow acrescentavam motivos individuais para lutar. Para muitos hoje, as ligações pessoais com a Palestina são ténues ou inexistentes. O movimento estudantil que percorre as universidades norte Americanas é fundamentalmente um movimento amplo de solidariedade internacional num país tradicionalmente pouco dado a Internacionalismos.

Essa amplitude inclui uma presença evidente da esquerda e do sindicalismo. No domingo 28, quase 200 professores e militantes de base do Professional Staff Congress (PSC), o sindicato que representa os trabalhadores da CUNY, reúnem-se em Assembleia no acampamento. Ali exigia-se que a direção do sindicato endossasse as reivindicações dos estudantis e convoca-se uma greve informal para dia 1 de maio. “Temos de mobilizar muita gente. A lei de Taylor proíbe-nos de fazer greve. Mas a nossa experiência diz-nos que quando a mobilização é grande, não há lei que nos pare,” expressava inflamadamente um professor de meia-idade do Brooklyn College da CUNY.

Assembleia de professores do sindicato Professional Staff Congress.
Assembleia de professores organizada pelo sindicato Professional Staff Congress. Foto de Luigi Morris

A convergência de grupos vai muito para além de estudantes, professores e membros do PSC. Pelo programa do acampamento e suas assembleias passam sindicalistas de vários setores, do Starbucks, do sindicato Teamsters dos Correios, dos transportes da Cidade de Nova Iorque, entre outros. A pluralidade é também religiosa e étnica. Na sexta-feira à noite, havia pão Matzah, vinho de uva (o acampamento adotara uma política de não consumo de álcool) e outros pratos, uns kosher e outros não. Era o Sabat, celebrado em Hebraico e Inglês. Mais adiante no relvado da praça, em grupos separados, homens e mulheres muçulmanas rezavam de joelhos. Dispostos em redor das mulheres, seis pessoas. Uma delas envolta numa bandeira de Porto Rico que lhe servia de capa. Seguram a meia altura keffiehs e outros lenços, para que as mulheres possam rezar longe de olhares alheios e das câmaras fotográficas de doxxers. No dia anterior, uma carrinha de doxxing havia circundado o acampamento, expondo em enormes painéis de LED as caras de estudantes que participam no movimento de solidariedade para assim os intimidar.

A aparição de grupos desestabilizadores é comum nos acampamentos de estudantes. Na madrugada de terça para quarta-feira, 1 de maio, um grupo de fanáticos pró-Israel atacaram violentamente o acampamento de solidariedade na Universidade de Califórnia - Los Angeles. Nem a polícia nem os meios de segurança da Universidade intervieram enquanto os agressores atiravam fogos de artificio contra o acampamento, atacavam os estudantes com gás lacrimogéneo, bastões e pedras, segundo reporta a Al Jazeera. Também na City College há escaramuças com provocadores pró-Israel que expõem contradições na relação entre o acampamento e as forças policiais. A noite de segunda-feira é de comoção no acampamento. Perto da uma da manhã, um grupo de provocadores entra no College. Sentindo-se inseguros, alguns estudantes acampados avisam a segurança do Campus. Isso apesar de que, segundo o protocolo do acampamento, ninguém devia comunicar com as forças de seguranças para além dos estudantes especificamente designados para o efeito. Os relatos sobre o que se segue de seguida são inconsistentes. Mas é certo que a queixa dos estudantes resulta num aumento da presença policial que sitía o campus, e que a única pessoa detida pelas autoridades foi um homem negro entregador de Pizzas que por ali passou por acaso. Uma história amarga, mas demasiado familiar para a comunidade de estudantes da CUNY, que sabe bem o que é não poder contar com a polícia e ser alvo do seu racismo institucional.

Estudantes tentam impedir a entrada da polícia na universidade
Estudantes tentam impedir a entrada da polícia na universidade. Foto Ricardo Martín Coloma. 

Na assembleia depois do anúncio do ultimato na tarde de terça-feira 30, escutam-se vários breves discursos de alunos, professores e sindicalistas, por baixo das duas bandeiras cada vez mais em conflito. Todos apelam à mobilização perante a ameaça. “Conseguiremos defender o acampamento. Mas nós, a classe trabalhadora, precisamos de nos mobilizar massivamente. O acampamento só resistirá com uma massa de gente.”, dizia Tatiana, professora do Brooklyn College da CUNY. Oren, professor de escola secundária, dava a estratégia: “Precisamos de mapear os nossos colegas e contactar um por um”. A continuidade do acampamento é aprovada por unanimidade apesar do ultimato, mas os aplausos não são capazes de dispersar a preocupação nos rostos dos ativistas. O plano de defesa se existe não é claro, mas fazem preparativos para o pior dos casos. Sobe de seguida à plataforma primeiro uma estudante da CUNY School of Law, que explica aos campistas solidários como atuar perante uma possível detenção, e depois um paramédico que explica como prestar primeiros socorros. O ultimato dava à comunidade até ao dia seguinte para abandonar o acampamento, mas os ensinamentos que se aprendiam na praça do City College viriam a ser necessários bem mais cedo do que isso.

Minutos mais tarde, encontramos Nour numa esquina do acampamento. Organiza de maneira metódica equipamentos de campismo e define planos de evacuação para os estudantes migrantes que não podem arriscar a detenção. “Se tens um visto de estudante, seres preso é a última coisa que queres que te aconteça”, comenta. A agitação cresce. A um dos portões do campus chega a marcha do grupo Within Our Lifetime, que, ao saber do ultimato, sobe ao norte de Manhattan para apoiar o acampamento do City College. Os corpos policiais acumulam-se nas entradas do campus, dando indícios de que a ameaça de desalojamento da administração da CUNY se cumpriria antes da manhã seguinte. A polícia sitia o campus com grades metálicas de dois metros e pouco, e começam a chegar e aglomerar-se autocarros carcerários no parque de estacionamento na entrada sul. Por telemóvel, chegam mensagens ao campus de que há frotas de carros de polícia em direção ao acampamento. Instala-se a certeza de que a invasão policial é iminente. Alegadamente como último recurso para manter-se dentro do campus, um grupo de estudantes tenta invadir um edifício administrativo.

estudante com bandeira da Palestina no acampamento
Acampamento de solidariedade com Gaza. Foto Ricardo Martín Coloma.

Para o Presidente da Câmara de Nova Iorque e antigo agente da polícia, Eric Adams, estes protestos não são apenas estudantis. São também o produto de “agitadores externos que treinaram e cooptaram o movimento”, referia Adams em conferência de imprensa na quarta-feira. Segundo ele, a polícia de nova Iorque entrou nas universidades para remover “aqueles que transformaram um protesto pacifico num espaço de antissemitismo e de atitudes anti-Israel”. No dia seguinte, também Joe Biden veio justificar as intervenções policiais, referindo que protestar violentamente não é um direito constitucional.

Papel a anunciar "Sabonete aqui".
"Sabonete aqui", lê-se no papel afixado no interior do estabelecimento. Foto Gonçalo Pessa.

No City College a presença de agitadores externos é óbvia. A estes agitadores externos os estudantes chamam de redes de solidariedade e cuidados que se estendem para lá do acampamento. Alguns agitadores são vizinhos. Na loja de conveniência onde trabalha Naas, do lado de lá da Avenida Amsterdam face ao City College, tem havido um corrupio de gente nos últimos dias. Uma das estratégias para demover as comunidades de continuar acampadas tem sido proibir o acesso às casas de banho do campus. Rapidamente os agitadores externos que trabalham nas lojas de conveniência da zona, “Delis” na gíria Nova Iorquina, chegaram-se à frente para suprir a falta de casas de banho. “SABONETE AQUI”, lê-se numa placa em papel improvisado num dos Delis do ouro lado da avenida. Naas e colegas, de nacionalidade Iemenita, recebem calorosamente os ativistas. “Venham quando quiserem, obrigado por estarem aqui” dizia Whalid a um dos acampados. Para Naas, esta é a forma de poderem participar no movimento enquanto trabalham. “Fazemos o nosso dever. O que está a acontecer na Palestina é inaceitável, independentemente da religião ou da raça, (...) estamos contra o genocídio e a favor da humanidade, e é nosso dever contribuir para estes protestos”. Outros agitadores são familiares, como a mãe de Chandni, “Faz parte da natureza comunitária da CUNY. Muita gente contribuiu, com doações monetárias, com apoio jurídico, mas também com comida. A minha mãe fez imenso Biryani para o pessoal comer, e deixou uma nota na travessa dizendo aos estudantes que eles têm poder e que são a força da mudança”, partilha Chandni no dia seguinte ao desmantelamento do acampamento e à carga policial.

manifestante ferido
Manifestante alvo de gás lacrimogéneo recebe assistência no relvado. Foto Ricardo Martín Coloma.

Depois da tentativa de ocupação do edifício, a segurança da universidade repeliu a ocupação. O campus estava sitiado e, para os estudantes, era clara a intenção da polícia de desmantelar o acampamento. Temendo ser detidos, a maior parte dos acampados abandonou o interior do campus e congregou-se na Avenida Amsterdam, junto da entrada. Durante várias horas, algumas dezenas de estudantes permaneceram acampados dentro do campus, enquanto perto de um milhar de pessoas, do lado de fora junto à entrada, se foram juntando em manifestação contra a intervenção policial e os desmantelamentos do acampamento. A manifestação foi crescendo com o passar do tempo, até que a polícia começou a carregar sobre os manifestantes. De bastão em punho e lançando gás lacrimogéneo, a polícia investiu para cima da multidão. A investida foi liderada pelo Grupo de Resposta Estratégica, conhecido por brutalizar manifestantes sempre que pode. O grupo, que apenas foi enviado para o acampamento do City College, e não para o da Columbia, fez jus à sua fama. O número de feridos não é conhecido, mas as bastonadas e lançamento de gás lacrimogéneo foi constante. Há relatos de vários manifestantes e jornalistas com queimaduras químicas, ossos partidos, concussões e contusões. No fim da noite, 170 manifestantes foram detidos e o acampamento desmantelado.

noite da invasão policial
Noite da repressão policial ao acampamento. Foto Ricardo Martín Coloma

Entre o discurso dos “agitadores externos” do Presidente da Câmara, Eric Adams, e a mãe de Chandni há um Estados Unidos muito distinto. Há o país dos senhores da guerra, de Adams, Biden, Netanyahu (que é de Filadelfia), dos administradores da universidade, e do Grupo de Resposta Estratégica, para quem a brutalidade policial é regra e o protesto pacífico é terrorismo de “agitadores externos”. No outro país, há a Chandni e a sua mãe, há Naas, Nour, e todos os que participam neste movimento. Há judeus, muçulmanos, árabes seculares, ateus, há gente de todas as etnias e várias sensibilidades políticas, para quem a solidariedade é a sua bandeira e a camaradagem a sua língua.

Isso mesmo conta-nos Nour, que é do Sul do Líbano. Estamos na esplanada do Deli de Naas, na tarde seguinte à carga policial. “Talvez a maior bênção deste movimento é a sua pluralidade e o que se aprende com ela. Houve tensões entre sensibilidades, uma tensão produtiva que é distinta do que acontece no Levante e Médio Oriente. Há uma geração de Muçulmanos, Paquistaneses, Palestinos, Iemenitas, etc, que cresceu nos Estados Unidos depois do 11 de Setembro, que viu familiares torturados em Guantánamo, que cresceu sob vigilância, e brutalidade policial. A opressão do estado e o racismo aproximou-os de uma forma que não acontece no Médio Oriente, onde a solidariedade é imaginada mas nem sempre praticada. Aqui, o Islão cria uma certa unidade comunitária entre pessoas de diferentes nacionalidades. Dessa opressão, estas comunidades derivaram uma performance religiosa e cultural que é também política, que tem fricções na sua pluralidade interna, e que conflitua também com as práticas políticas e sociais de Árabes seculares como eu.” Mas Nour recorda-nos que este movimento nos ensina também a criar laços de camaradagem. “Nos primeiros dias, as tensões foram maiores: para alguns, tocar música, fumar, beber álcool, criava desconforto, era haram, errado neste momento de luto. Para outros, se não houvesse alegria e prazer na luta, nós não avançaríamos. Mas estas tensões não são a guerra de civilizações que a direita conservadora inventou. Elas existem dentro de grupos religiosos como não religiosos, entre aqueles que cresceram nos Estados Unidos como fora. A experiência absolutamente transformadora foi trabalhar nestas diferenças, construindo um espaço onde todos contam e ninguém é ostracizado. Na sexta, de um lado havia a comunidade judia celebrando o Sabat, do outro o pessoal muçulmano rezava, e eu, no meio, preparava o DJ set que ia tocar mais tarde.” Foi mesmo assim. Depois juntaram-se todos a assistir um documentário sobre a Nakhba e a discutir estratégias para o movimento estudantil e para o futuro. Porque, para estes ativistas, há um horizonte estratégico e estes acampamentos aproximam-nos dele. Segundo Nour, “há vários projetos políticos para a Palestina e para o mundo pelos quais vale a pena lutar, e eu tenho os meus. Mas é óbvio que a camaradagem que se forja na pluralidade destes acampamentos é o caminho a seguir. E nós seguiremos.”


Gonçalo Pessa (X: @GoncaloPessa) e Ricardo Martín Coloma (IG: @lolavailasola) integram a comunidade da Universidade da Cidade de Nova Iorque (CUNY). São doutorandos no Graduate Center e professores no Brooklyn College, ambos instituições da CUNY. Fizeram parte do acampamento no Brooklyn College desde o primeiro dia.