Nenhum direito a mais
No Brasil, pelo segundo ano consecutivo, os atos do Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores foram tímidos na maioria das capitais. Inclusive em São Paulo (SP) – mesmo com a presença do presidente Lula.
O Itaquerão esvaziado e o ato morno convocado sob o lema “Por um Brasil mais justo” demonstram o tamanho do desafio que há pela frente na reconstrução da consciência política e da unidade da classe trabalhadora.
A “volta à normalidade” propagandeada pelo governo, que comemora o retorno da economia aos trilhos do crescimento e estabilidade, não empolga as ruas e não movimenta as massas.
O presidente não parece preocupado. Em seu discurso, apresentou ações de governo e minimizou o enfrentamento com a direita no Congresso Nacional. Lula pintou um país “em paz” enquanto seu governo perde popularidade, o bolsonarismo se mantém mobilizado e a organização da classe trabalhadora definha.
É justa a pauta do governo, focada no emprego decente, na correção no imposto de renda, na redução dos juros e na ideia de que a melhora da economia vai ter reflexos nas condições de vida da classe trabalhadora. Mas sem uma proposta contundente, nada novo, nenhum direito a mais, essa pauta não lota estádio.
Talvez o esvaziamento do 1º de Maio tenha a ver com o fato de que nenhum dos direitos retirados das trabalhadoras e trabalhadoras do Brasil desde o golpe contra Dilma Roussef tenha sido devolvido. Ou pior: pelo fato de que isso nem esteja em cogitação.
Não há previsão de que os retrocessos dos últimos anos serão revistos. Pelo contrário, a proposta de regulamentação do trabalho por aplicativos, por exemplo, não causa alarde nas gananciosas empresas e gera revolta em parte dos trabalhadores superexplorados.
Já na perspectiva dos sindicatos e centrais, há uma crise de representatividade que não dá conta de organizar os quase 40% de trabalhadores informais e, ao mesmo tempo, o número de filiados vem reduzindo ano a ano, chegando ao menor patamar da história.
A classe trabalhadora se distancia da luta nas ruas. A direita e o bolsonarismo, que trabalharam para propiciar esse cenário, agora se movimentam para tentar dar novos sentidos políticos a essa massa informalizada e precarizada.
Mas, apesar da crise, as centrais prometem luta. A maior delas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) está convocando uma marcha a Brasília para o próximo dia 22.
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