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Bruxas da Noite: as mulheres que lançaram 23 mil toneladas de bombas na 2ª Guerra Mundial
Por Isadora Wandermurem. As “Bruxas da Noite” foram um grupo de mulheres pilotos soviéticas que desempenharam um papel crucial durante a Segunda Guerra Mundial, bombardeando tropas alemãs e desafiando o machismo no exército. Elas eram membros do 588° Regimento de Bombardeiros Noturnos Soviético. As aviadoras lançaram mais de 23 mil toneladas de bombas contra o exército alemão, de acordo com a Vanity Fair e o canal History. Especialistas apontam que 2,7 milhões de toneladas de bombas caíram em solo alemão durante a Segunda Guerra. Pelos ataques aéres numerosos e estratégicos, as “Bruxas da Noite” se tornaram temidas pelos nazistas. Elas atuaram na linha de frente como mecânicas, pilotos de tanques, atiradoras de elite, médicas e instrutoras, além de fazer parte da força aérea do Exército Vermelho. “Escreveram que havia homens no nosso regimento. Não é verdade, éramos todas mulheres e assim permanecemos até o final. Não deem ouvidos a quem diz o contrário”, disse Irina Rakobolskaya, que atuou como vice-comandante do regimento 588, à escritora Ritanna Armeni, autora do livro “As Bruxas da Noite: a história não contada do regimento aéreo feminino russo durante a Segunda Guerra Mundial”. As mulheres voavam em aviões de madeira. O som do vento em contato com as asas do Polikarpov Po-2 produzia um barulho estranho, semelhante a uma vassoura e, por isso, os alemãs apelidaram as pilotos de “Bruxas da Noite”. “Depois descobrimos que os alemães nos chamavam de bruxas da noite, Nachthexen! Termo que também pode ser traduzido como ‘magas da noite’. Mas eu gosto, nós gostávamos de dizer bruxas e pensar que nos definiam assim porque não conseguiam nos derrubar”, contou Irina no livro de Ritanna Armeni. Esquadrão feminino Após Adolf Hitler lançar a Operação Barbarossa em 1941, uma invasão à União Soviética, os soviéticos repensaram a política de mulheres não participarem do combate, mas a criação do esquadrão de mulheres pilotos foi uma iniciativa de Marina Raskova, uma navegadora soviética. Marina recebeu cartas de diversas mulheres que queriam se juntar à guerra e, então, solicitou que Joseph Stalin a deixasse criar o esquadrão feminino. Em outubro do mesmo ano, foi autorizada a criação de três regimentos femininos da força aérea. Mais de 2 mil mulheres se inscreveram, mas apenas 400 foram escolhidas e divididas entre as três unidades. O esquadrão exclusivamente feminina era composto por mulheres com idades entre 16 e 20 anos, sendo que a maioria delas era estudante. As recrutas treinaram por um curto período, enquanto os soldados treinavam por cerca de quatro anos. Em 1942, aconteceram as primeiras missões oficiais das unidades femininas, na Ucrânia. Meses depois, Valerya Khomiakova se tornou a primeira piloto soviética a derrubar uma aeronave inimiga. Por que voavam à noite? As mulheres voavam no biplano Polikarpov Po-2, que chegou a ser usado em voos agrícolas e de treinamento. O avião tinha uma velocidade baixa e, além de ter espaço apenas para duas pessoas, carregava seis bombas ao mesmo tempo. O material utilizado para construir o avião era suscetível a incêndios e a cabine do biplano não era coberta. Por isso, elas precisavam voar à noite por segurança, uma vez que alguns tiros poderiam destruir o avião e acertar as aviadoras. Quando elas se aproximavam de seus alvos, o som do avião era o único aviso que os alemãs tinham. “Os aviões eram pequenos demais para aparecer no radar ou nos localizadores de infravermelho”, detalha Steve Prowse, autor do livro The Night Witches, que fala sobre a história da unidade feminina. “Elas nunca usavam rádios, então os localizadores de rádio também não podiam pegá-las. Elas eram basicamente fantasmas”, diz outro trecho do livro. |
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