Palestina. Terra santa, Terra destruída
PORMIGUEL MARTINS
Israel nunca quis qualquer cessar-fogo ou trégua – Netanyahu preparou o ataque a Rafah com a cumplicidade e armas dos EUA e de países europeus, em que Portugal está incluído. Perante os olhos de todo o mundo, inocentes morrem, quem protesta é reprimido e o genocídio praticado por Israel continua.
Os ataques de outubro de 2023, levados a cabo pelo Hamas, foram utilizados pelo Governo de Israel como razão para justificar a operação militar que o seu Exército pôs em curso desde então. Alegando a defesa e proteção do seu país, o Exército israelita invadiu a faixa de Gaza, destruindo tudo e todos que ali habitavam num “contra-ataque”. A justificação para estes atos? Pôr fim à atividade do Hamas. A realidade? Continuar o processo de genocídio que o povo palestiniano sofre às mãos do Estado sionista e assassino de Israel há já mais de 75 anos.
Precisamos de regressar a 1948, quando milícias sionistas expulsaram quase um milhão de palestinianos das suas casas e aldeias. Estes territórios foram ocupados e reivindicados por Israel, marcando o início da política de apartheid e ocupação sionista, que hoje continua e se tem vindo a intensificar. Hoje, com o apoio dos Estados Unidos da América, principais aliados de Israel, e de outros países europeus, o Governo chefiado por Benjamin Netanyahu (marcadamente de extrema-direita) tem como propósito destruir por completo o Estado e povo palestinianos.
Neste ataque bárbaro e assassino de Israel, já morreram mais de 35 mil palestinianos, dos quais cerca de 14 mil são crianças e 9000 mulheres (cerca de 66% das mortes); praticamente toda a população de Gaza (quase 2.3 milhões de pessoas) são deslocadas internas; mais de metade das habitações foram destruídas ou danificadas; todas as universidades, grande parte das escolas e hospitais, dezenas de cemitérios, centenas de monumentos e edifícios ligados à Cultura, praticamente um terço do território palestiniano que abrigava o terrenos agrícolas e área florestal foram completamente destruídos; dezenas de jornalistas e ativistas de Organizações Humanitárias foram mortos por bombardeamentos e ações de Israel em Gaza.
Israel voltou a ocupar territórios palestinianos a Norte de Gaza, obrigando o povo palestiniano a estar em constante movimento. Hoje mesmo, Israel iniciou operações militares em Rafah, uma cidade palestiniana com uma população de 250 mil pessoas que agora dá refúgio a 1.5 milhões de palestinianos em fuga. Nesta cidade fronteiriça com o Egito, as condições dos refugiados são cada vez piores, conforme reportado pelas agências noticiosas mundiais. A fome, a falta de acesso a água, doenças, entre outros problemas, têm-se agravado.
A 6 de maio, o Exército israelita lançou vários bombardeamentos em Rafah. Enquanto o Hamas aceitou os termos de um acordo para um cessar-fogo proposto pelo Egito e Qatar, o Governo israelita preferiu avançar com o seu “contra-ataque”, não olhando para a morte de civis ou para a destruição que provoca. Os protestos pela paz na Palestina têm continuado e ganho cada vez maior apoio por milhões de pessoas de todo o mundo, mas também em Israel, com milhares nas ruas. Nos Estados Unidos, por exemplo, centenas de estudantes estão a organizar acampamentos nas suas Universidades, exigindo uma mudança de posição dos EUA – iniciativas que foram noticiadas e são um exemplo para todas e todos nós, mas que têm sido extremamente reprimidas pelo Governo americano. Aliás, 12 senadores americanos (do Partido Republicano, dominado pela extrema-direita trumpista) endereçaram uma carta ao Presidente do Tribunal Criminal Internacional, um órgão judicial da Organização das Nações Unidas, em que o ameaçam a si e à sua Instituição quase tomassem qualquer medida contra Israel.
Perante o genocídio do povo palestiniano que chega até nós através da internet e da televisão, não há outra posição a assumir que não do lado deste povo. As ações do Exército israelita são ações de um Estado terrorista, cometendo atrocidades, crimes desumanos e desprezíveis que tentam ser camuflados com justificações assentes no “direito à defesa”.
Tudo o que aqui referi está documentado e noticiado, não faltando provas. É preciso parar o genocídio e a limpeza étnica do povo da Palestina. Israel nunca quis qualquer cessar-fogo ou trégua – Netanyahu preparou o ataque a Rafah com a cumplicidade e armas dos EUA e de países europeus, em que Portugal está incluído. Perante os olhos de todo o mundo, inocentes morrem, quem protesta é reprimido e o genocídio praticado por Israel continua.
Temos de agir e parar o genocídio. A Palestina será livre! Solidariedade com a luta do povo palestiniano!
Artigo publicado no jornal Barcelos Popular a 9 de maio de 2024
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