sábado, 11 de maio de 2024

"PÚBLICA".

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Olá, pessoal 

"Uma das repórteres teve que abandonar a casa no meio do fechamento da matéria. Recebi uma mensagem dizendo: 'Vou precisar sair de casa porque a água está subindo e vão ter que me socorrer aqui'". 

Essa foi a resposta do Bruno Fonseca, chefe de redação da Pública, quando perguntei a ele como tem sido a coordenação da Pública com os repórteres que estão no Rio Grande do Sul (RS) trabalhando conosco. Além de nossos jornalistas nas redações de Brasília e São Paulo, mobilizamos uma rede de freelancers para trazer ângulos que denunciam, investigam, explicam e humanizam a maior tragédia climática da história do RS. E sim, responsabilizam culpados, porque o desastre não é só climático. É resultado de decisões políticas também.

"Outras repórteres estão passando por situações difíceis, com familiares, e mesmo precisando socorrer os pais. Temos ainda as colegas que são do estado, mas não estão lá agora. Então, estão com a cabeça daquele jeito, porque os parentes estão lá. Está bem difícil a situação", completou o Bruno. 

Ele conta que outro desafio é obter dados do governo gaúcho: "Uma fonte me contou que nem eles estavam conseguindo ter acesso a nada, porque a água invadiu o Data Center do prédio do governo estadual".


Muçum no mapa

Ainda assim, em menos de 24 horas, ajudamos a colocar no mapa da tragédia a situação singular da cidade de Muçum, na região do Vale do Taquari. Entre setembro de 2023 e maio deste ano, o município foi destruído três vezes por enchentes. “Não temos mais lágrimas pra chorar”, disse Geniza Ferreira dos Santos, moradora de Muçum, à repórter Carla Ruas, uma de nossas repórteres freelancers mobilizadas em território gaúcho.
Do telhado de casa, onde se refugiou do alagamento, a família de Geniza viu a principal ponte da cidade cair com a força da água e a casa do pai dela simplesmente boiar. Isso foi em setembro do ano passado. Este ano, a casa, recém reerguida com paredes e janelas, voltou a boiar. "Perdi tudo de novo. Não tenho mais forças para recomeçar”, disse Geniza.

Em menos de 24h, os relatos de Muçum tiveram um pico de acessos no site da Pública e, com isso, esperamos que ajudem a dar à cidade a atenção que ela merece. Outros dados mostram o impacto do nosso esforço nos últimos dias.

Na Folha de S. Paulo, o colunista Thiago Amparo citou reportagem de outra de nossas freelancers no local, a Lara Ely, sobre as falhas do sistema de alertas do RS em meio à tragédia. Já um dos principais jornais da Itália, o Corriere Della Sera, mencionou a mais recente coluna da nossa chefe de cobertura ambiental, Giovana Girardi, que esta semana interrompeu as férias para entrar na cobertura. 


Nossa cobertura já é central

Ainda em 2021, a co-fundadora da Pública, Natalia Viana, escreveu exatamente sobre as mudanças climáticas nas previsões para o jornalismo mundial para o ano seguinte: "Enquanto as organizações de notícias no [hemisfério] Norte aumentam seu foco na crise climática, é hora de os líderes comunitários no Sul – e o jornalismo que já considera esses líderes como especialistas em conservação da natureza e cura da terra – serem vistos como fontes valiosas de histórias, comentários e soluções”.

Há pouco mais de um ano, a Pública decidiu criar a editoria de clima, atualmente comandada pela Giovana, um dos principais nomes da imprensa brasileira no assunto, além de Anna Beatriz Anjos, Rafael Oliveira e do Gabriel Gama, estagiário que está sendo formado com a especialização no assunto mais urgente do nosso tempo. 

A Pública, portanto, tem ajudado a ampliar e qualificar o debate sobre o tema no Brasil. 


Por isso, é com muita sensibilidade, respeito e consciência que escrevemos a nossas leitoras e leitores, para mostrar bastidores e resultados do nosso trabalho sobre a tragédia no Rio Grande do Sul e pedir a contribuição de vocês para reforçar nossa cobertura neste momento absolutamente excepcional.

 
Um abraço,

Maria Martha Bruno
Coordenadora do Programa de Aliados

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