quinta-feira, 23 de maio de 2024

Noruega, etc........

 

 Noruega juntam-se aos países que reconhecem Estado da Palestina

23 de maio 2024 - 12:04

Com a posição anunciada em conjunto na quarta-feira, passam a ser 146 dos 193 países que integram a ONU a reconhecer a Palestina como Estado. Em Ramallah, Mahmoud Abbas apelou aos restantes países para que “assumam as suas responsabilidades e reconheçam o direito do povo palestiniano à autodeterminação"

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bandeiras da Palestina
Foto Albert White/Flickr

A decisão já era conhecida e foi anunciada esta quarta-feira ao mesmo tempo pelos primeiros-ministros espanhol, irlandês e norueguês, indicando a próxima terça-feira, 28 de maio, como a data para a oficialização do reconhecimento do Estado da Palestina por parte dos seus países.

"A Irlanda reconhece hoje a Palestina como uma nação entre nações, com todos os direitos e responsabilidades que isso implica. Há muitas décadas que a Irlanda reconhece o Estado de Israel e o seu direito a existir em paz e segurança. Esperávamos reconhecer a Palestina como parte de um acordo de paz entre dois Estados, mas em vez disso reconhecemos a Palestina para manter viva a esperança dessa solução de dois Estados”, afirmou o primeiro-ministro irlandês Simon Harris.

Para este governante, “o sonho da Irlanda é que as crianças israelitas e palestinianas de 28 de maio de 2024 cresçam e se tornem vizinhos em paz. Tanto o povo palestiniano como o israelita são intrinsecamente bondosos e decentes. A única forma de pôr termo à guerra e à morte é explorar essas qualidades em ambas as nações. Queremos agradecer e temos a honra de reconhecer a Palestina ao mesmo tempo que os nossos amigos de Espanha e da Noruega. Esperamos que outros façam o mesmo na próxima vaga”, concluiu.

“Defendemos a mesma posição na Ucrânia e na Palestina, e é a Carta das Nações Unidas e a legalidade internacional”

Em Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez compareceu no Congresso dos Deputados para anunciar esta medida simbólica por razões de “paz, justiça e coerência”, afirmando que “se a Espanha votou a favor do reconhecimento do Estado Palestiniano como membro de pleno direito das Nações Unidas, devemos reconhecer o Estado Palestiniano bilateralmente”.

"A seu tempo, quando os bombardeamentos pararem, perceberemos que assistimos a um dos episódios mais sombrios deste século. E quando isso acontecer, quero que os espanhóis possam dizer, de cabeça erguida e com a consciência tranquila, que estiveram do lado certo da história", afirmou Pedro Sánchez. Para o governante espanhol, o compromisso com os direitos humanos “não pode depender da cor da pele ou da religião” das vítimas, pelo que “defendemos a mesma posição na Ucrânia e na Palestina, e é a Carta das Nações Unidas e a legalidade internacional”. Sánchez anunciou ainda que nas próximas semanas a Espanha irá acolher cerca de três dezenas de crianças de Gaza diagnosticadas com cancro ou com traumatismos graves para receberem tratamento seguro no país vizinho.

Ao mesmo tempo, na Noruega, o primeiro-ministro Jonas Gahr Støre surgia acompanhado do chefe da diplomacia do seu país para defender que “não haverá paz no Médio Oriente sem uma solução de dois Estados. Não pode haver uma solução de dois Estados sem um Estado palestiniano. Por outras palavras, um Estado palestiniano é uma condição prévia para alcançar a paz no Médio Oriente”, com a demarcação territorial a ser feita tendo por base as fronteiras anteriores a 1967 e Jerusalém como capital dos dois estados, sem prejuízo de um acordo final sobre as fronteiras que inclua troca de terras.

“O reconhecimento da Palestina é um meio de apoiar as forças moderadas que têm vindo a perder terreno neste conflito prolongado e brutal. Envia igualmente uma mensagem forte a outros países para que sigam o exemplo da Noruega e de vários outros países europeus e reconheçam o Estado da Palestina. Tal poderia, em última análise, permitir retomar o processo com vista a alcançar uma solução de dois Estados e dar-lhe um impulso renovado", afirmou o primeiro-ministro dinamarquês.

Abbas apela aos restantes países que sigam este exemplo, Marcelo diz que "não é o momento adequado"

Em Ramallah, o presidente da Autoridade Palestiniana saudou a decisão dos três governos e apelou aos restantes países para que “assumam as suas responsabilidades e reconheçam o direito do povo palestiniano à autodeterminação e restaurem a confiança num sistema global baseado em regras e na igualdade de direitos para todos os povos da Terra”. Segundo a agência de notícias palestiniana, Mahmoud Abbas telefonou aos líderes do governos que anunciaram o reconhecimento e reafirmou a necessidade de pôr termo à incessante ofensiva genocida israelita contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e de acelerar a entrada de ajuda humanitária na Faixa bloqueada, a fim de evitar o risco de fome, em especial porque as forças de ocupação continuam a controlar e a vedar todas as passagens fronteiriças para a Faixa.

O Estado da Palestina já é reconhecido oficialmente pela grande maioria dos países representados nas Nações Unidas e a resolução para que a Palestina seja membro de pleno direito da organização obteve recentemente 143 votos favoráveis. Na União Europeia, com a decisão espanhola e irlandesa passam a ser onze países a fazê-lo, juntando-se à Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia, Eslováquia e Suécia.

O governo português, na linha do anterior, tem-se recusado a dar o passo do reconhecimento unilateral do Estado da Palestina. Esta quarta-feira, já depois do anúncio dos três países europeus nesse sentido, o Presidente da República veio dizer que "não é este o momento adequado para dar esse passo". "Fale por si, senhor Presidente. Em nosso nome, não", respondeu-lhe nas redes sociais a coordenadora do Bloco de Esquerda, que recentemente apresentou iniciativa legislativa pelo reconhecimento, 

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