Mario Augusto Jakobskind.
Numa retrospectiva dos principais fatos dos últimos dias, o destaque internacional fica com os tais mísseis do Irã, que provocaram reação desproporcionada dos Estados Unidos e do aliado incondicional Israel. Pouco antes, as Forças Armadas israelense faziam exercícios com o objetivo de avisar a Teerã que estariam dispostas a atacar o país dos aiatolás. Vários dirigentes sionistas fizeram ameaças verbais ao Irã em função do desenvolvimento de um programa nuclear, que as autoridades de Teerã garantem ser para uso pacífico.
O Irã respondeu a Israel e aos Estados Unidos que se sofresse um ataque responderia a altura com os seus mísseis. O troglodita republicano John McCain aproveitou o gancho eleitoral para afirmar que os Estados Unidos não permitiriam um novo Holocausto. Puro marketing e exploração de um sentimento que não é só dos judeus, mas de toda a humanidade. A tragédia da II Guerra Mundial não deveria ser usada eleitoralmente e ainda por cima em favor de um candidato cuja filosofia não está tão distante do próprio nazismo, responsável por assassinatos em massa.
Sem nenhum destaque nos veículos de comunicação do Ocidente, Mahmoud Ahmadinejad disse que não tem nada contra os judeus, pois o que ele combate é o sionismo. Ele lembrou que judeus iranianos têm total liberdade de culto e até representação no Parlamento.
Ou seja, combater o sionismo não significa necessariamente ser anti-semita como quer incutir a direita em vários rincões, direita esta que historicamente sempre se caracterizou pelo anti-semitismo. Ou será que há quem tem dúvida a esse respeito?
Anti-semitas históricos hoje são aliados de Israel
Para ficar num exemplo, deve-se lembrar o avô de George Walker Bush, um tal de Prescot Bush. Este cidadão estadunidense ficou rico negociando com os nazistas. Foi colocado na lista negra de empresários que prejudicaram o próprio país de origem fazendo negócios com o III Reich. Mais tarde, Prescot acabou anistiado na prática e ainda deixou como herdeiro George (pai) Bush, dando origem ao extremista atual.
Como o mundo dá muitas voltas, os Bush que enriqueceram negociando com o III Reich hoje são aliadíssimos dos sionistas. Estão preocupadíssimos com o petróleo, cujas reservas nos EUA estão se esgotando.
O aviso do presidente Ahmadinejad está dado. O Irã não é o Iraque. Se Israel ou os Estados Unidos decidirem atacar, e tudo é possível neste final da Era Bush, terão de arcar com as conseqüências. Em suma: guardando-se as devidas proporções, o equilíbrio do terror, como na época em que a URSS e EUA estavam preparados para eventuais ataques, o que levava os dois protagonistas mencionados a temerem um ao outro, está vigente.
A humanidade espera que não prevaleça a loucura de belicistas inconseqüentes. E quando se fala em inconseqüentes, geralmente se remete ao esquema Bush, que inventa histórias para atacar países, como fez com o Iraque. Por isto, mesmo havendo equilíbrio do terror, todo cuidado é pouco.
Na Itália, os neofascistas que estão no governo decidiram recolher as impressões digitais dos ciganos, grupo étnico formado em sua maior parte por italianos e romenos. Os argumentos das autoridades são preconceituosos e racistas, associando, na base do senso comum, os ciganos ao roubo e outras delinqüências.
Encontro reduz tensão
Na América do Sul, os presidentes Álvaro Uribe, da Colômbia, e Hugo Chávez, da República Bolivariana da Venezuela se encontraram, resultando, em princípio, na baixa do clima de tensão visivelmente estimulada. A Colômbia é aliada dos Estados Unidos, disso ninguém tem dúvidas. Mas neste momento, com o encontro de Uribe e Chávez, este flanco da provocação aparentemente está neutralizado.
E tal fato é importante, sobretudo no momento em que a IV Frota estadunidense está nos mares sob o comando do Contra-Almirante Joseph D. Kernan, do esquema belicista de Bush. O referido militar é egresso do grupo Seal, uma força especial da elite da Marinha formada por homens especializados em operações navais clandestinas. No exercício de tal função, Kernan participou de missões de preparação das invasões do Afeganistão e Iraque.
Em sua nova missão, Kernan possivelmente vai aprontar. Caem por terra, as alegações do governo Bush de que a IV Frota foi reativadada para oferecer assistência humanitária, ajudar em desastres naturais e participar de operações antidrogas. Ou seja, Bush nomeou uma figura de confiança e treinada para acionar a máquina de guerra estadunidense na hora que for preciso.
Na Argentina, no próximo dia 18 de julho completam-se 22 meses do desaparecimento de Jorge Julio López, testemunha de vários crimes contra a humanidade cometidos pela extrema direita que tomou conta do país a partir da tomada do poder em março de 1976 e lá permaneceu até a eleição de Raul Alfonsin. O crime ainda não foi esclarecido e os responsáveis, provavelmente participantes do aparelho repressivo da ditadura, seguem impunes.
No mesmo dia 18 fazem 14 anos do atentado da AMIA, uma entidade mutuaria judaica Argentina. Os autores do massacre que resultou em mais de 80 mortos continuam impunes.
Cabral, um medíocre governador que persiste no erro
E, finalmente, no Rio de Janeiro, o Governador Sergio Cabral continua fazendo o jogo do confronto, que além de inócuo colocou a polícia fluminense no topo da pirâmide. Ou seja, graças a Sergio Cabral, que é o responsável pelo tipo de política de segurança que vem sendo adotada no Rio, a polícia fluminense é hoje a mais violenta do mundo. Em cada cinco mortes por aqui, uma é de responsabilidade da polícia, informa o jornal O Estádio de S. Paulo.
Nenhuma tragédia, mesmo a ocorrida na Tijuca, que resultou na morte de uma criança, faz com que o Governador fluminense reveja algo que obviamente está equivocado como a sua política na área de segurança. Cabral reage de forma medíocre, como se as mortes de gente inocente não fossem resultantes de sua política de segurança. Em outros termos, a violência da PM não é de responsabilidade de um ou outro, mas do comando. E a PM obedece a que comando? A do Governador, que não é cobrado pelo que está acontecendo no Rio.
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a abril deste ano foram mortas quatro pessoas por dia, sob a justificativa do chamado auto de resistência. E podem crer, os mais atingidos são os moradores de áreas pobres, pois o governador criminaliza esta faixa da população. Na hora do voto, políticos como Cabral correm atrás dos incautos para se eleger. Quando aparecem nas áreas pobres não têm coragem de dizer o que pensam verdadeiramente, por exemplo, que um tiro na Zona Sul carioca é diferente do Morro do Alemão, como afirmou recentemente o aprendiz de fascista José Mariano Beltrame.
Blog Fazendo Média.
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