O Globo manipula informação ao atacar MST.
É público e notório que Rainha não representa mais os trabalhadores sem-terra.
Mário Augusto Jakobskind.
A manipulação da informação da mídia conservadora é um fato concreto. Por mais que os editores dos jornalões posem de imparciais, uma análise um pouco mais apurada faz cair por terra esse argumento. Ou seja, a imparcialidade da mídia conservadora não resiste à menor análise. Exemplo concreto desta manipulação da informação e de esquema de pensamento único foi dado na edição desta quinta-feira (24), do jornal O Globo, com a manchete “Líder do MST apóia candidato de curral eleitoral da Rocinha”.
O editores, certamente obedecendo ordens superiores, pode-se imaginar de quem, não obedeceram um requisito básico do jornalismo, o de ouvir uma das partes envolvidas. Dizia O Globo que “o líder do MST, que há anos comanda invasões de terra em São Paulo, disse que incentivou a candidatura a vereador do presidente da Associação dos Moradores”. Rainha, que não mais integra os quadros do MST, é amigo do candidato Claudinho da Academia. É público e notório que Rainha não representa mais os trabalhadores sem-terra e também que o MST não participa do processo eleitoral nem apóia candidaturas a prefeito e vereador.
Outra prova da desonestidade jornalística de O Globo foi a apresentação na primeira página de uma foto de arquivo com José Rainha segurando uma bandeira do MST. Que estranho critério de um jornal colocar em manchete, com o maior destaque, uma foto de arquivo tirada da gaveta.
E tem mais, a manchete irresponsável de O Globo foi feita desconsiderando uma nota enviada pela direção nacional do movimento ao jornal, esclarecendo que “não tem qualquer envolvimento com essa articulação, que usa indevidamente o nome do MST”.
O Globo, um jornal que nos últimos tempos acirrou o seu ódio editorial contra os movimentos sociais, está inserido no contexto político de criminalização do MST. Essa chamativa manchete de primeira página faz parte dessa estratégia. Não chega a ser uma novidade, mas demonstra também como a mídia conservadora cada vez mais se torna um aparelho ideológico de setores econômicos interessados em manter os privilégios a qualquer custo, inclusive em detrimento da maioria do povo brasileiro.
Junto a O Globo se inscrevem outros órgãos de imprensa, impressa ou eletrônica, como a própria TV Globo, a Bandeirantes e a Record, que pautam matérias com o visível objetivo de queimar os movimentos sociais, sobretudo o MST, diante da opinião pública.
A TV Bandeirantes, por sinal, esta semana, sob o comando do âncora “é uma vergonha” Boris Casoy, passou vários dias destilando ódio contra o MST, chegando até a insinuar, como fazem atualmente os setores mais de direita do espectro político brasileiro e não raramente vinculados à bancada ruralista, que o movimento tem vínculos com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Casoy, que embora negue, integrou os quadros do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) nos anos de chumbo, segundo militantes do movimento estudantil daquele período, chega até a alterar a fisionomia quando fala ou comenta algo sobre o MST. Isso, na verdade, não é jornalismo, mas, sim, “uma vergonha” e exemplo típico de manipulação da informação e de estratégia de pensamento único.
Este registro sobre o comportamento midiático deve ser entendido no contexto da criminalização dos movimentos sociais. Ou seja, faz parte de um jogo que a todo custo tenta inviabilizar a organização da sociedade, principalmente a dos setores de menor poder aquisitivo.
Exemplo do mesmo teor está acontecendo atualmente no Rio Grande do Sul, onde a governadora Yeda Crusius, do PSDB*, que teve o apoio na campanha eleitoral de transnacionais como a Monsanto, ordena a Brigada Militar (polícia estadual) a reprimir com todo o rigor as manifestações pacíficas do MST. Associado ao governo Crusius se encontra a mídia conservadora local, cujo maior representante é o jornal Zero Hora, do grupo RBS (Rede Brasil Sul), que diariamente publica matérias tendenciosas, como no domingo (20), contra os sem terras.
Como registro vale lembrar que recentemente um relatório do Departamento de Estado estadunidense mencionava o movimento como uma das organizações problemáticas, entendendo-se o termo como “problema” exatamente para um governo que tem se caracterizado por sucessivas intromissões em assuntos internos de vários países latino-americanos, inclusive com apoio a tentativas de golpe de Estado, como o da Venezuela, em abril de 2002, e os incentivos a grupos políticos conservadores que adotam estratégias divisionistas, como recentemente em alguns Departamentos (Estados) na Bolívia.
A partir desse relatório, por coincidência ou não, acirrou-se a manipulação da informação e o esquema do pensamento único em relação às lutas do MST em defesa da reforma agrária.
Em função da criminalização que vem sofrendo o MST, entidades de várias partes do mundo, inclusive dos Estados Unidos, têm se manifestado em notas oficiais em favor do movimento e criticando, não só o governo Crusius como setores do Poder Judiciário que adotam sentenças visivelmente discriminatórias contra militantes dos movimentos sociais e geralmente não adotam o mesmo rigor contra criminosos do colarinho branco que integram as elites brasileiras.
(*) Crusius até bem pouco tempo era considerada por alguns analistas como um dos trunfos do PSDB para concorrer à Presidência da República em 2010. Os sucessivos escândalos de corrupção envolvendo integrantes do seu governo e a truculência da Briga Militar contra o MST desgastaram a imagem da política tucana.
Fonte:Blog Brasil de Fato.
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